Discurso e atitude políticos com pesos diferentes ?
Em matéria intitulada “Malafaia não é candidato a nada e pode ser candidato a tudo“, o Blog do Noblat, do Jornal O Globo, publicou em 14/06/12 a análise feita pelo cientista político Murillo de Aragão sobre a entrevista concedida pelo pastor Silas Malafaia à Revista Veja, dias atrás.
O autor do artigo faz uma alusão ao destaque que foi dado pela Veja ao pastor, ao publicar a entrevista em uma das mais importantes Seções do periódico. Para Murillo, isto comprova ser Malafaia uma das personalidades mais influentes do Brasil atualmente. “E, ao usar essa sua influência para abdicar da possibilidade de ser candidato, prepara-se para ser um poderoso cabo eleitoral. Talvez o mais influente de todos para as eleições de 2014 dentro do mundo evangélico”, enfatiza o cientista político.
A matéria traça um pequeno Raios-X daquilo que pode ocorrer futuramente no campo político-religioso no Brasil e até sugere que o pastor Malafaia pode ser um potencial candidato futuro.
De todo o artigo, prendo-me à frase “talvez o mais influente de todos para as eleições de 2014 dentro do mundo evangélico”.
No Brasil de hoje a desconstrução dos valores morais e familiares tem ganhado, cada vez mais, velocidade em sua propagação. Face a isto, a sociedade cristã brasileira, ainda que morosa, tem clamado pelo surgimento de um líder nacional que defenda princípios. Neste cenário, com discursos incisivos em defesa dos valores ora afrontados, tem se destacado o pastor Silas Malafaia.
Que o pastor Malafaia tem hoje uma enorme força política e que será um homem forte politicamente nos próximos pleitos eleitorais, isto é indubitável, TODAVIA, algumas ações políticas suas tem sido desastrosas em tempo pretérito. Espera-se que não se repita no porvir.
Vamos a retrospectivas e conjecturas.
Por defender princípios anticristãos, como o aborto, a ideologia homossexualista, dentre outros, o PT sempre encontrou rejeição quase absoluta no meio da sociedade cristã brasileira. Sempre foi um partido ‘satanizado’.
Ano de 2002
Engajados em fazer Lula chegar ao poder, mesmo cientes da filosofia petista, grandes líderes evangélicos brasileiros, de diversas denominações, alguns já falecidos, formaram uma coalização para ‘des-satanizar’ o Partido dos Trabalhadores, dentre eles, Silas Malafaia que chegou a participar do horário eleitoral do partido.
É bem verdade que antes de 2002 um líder protestante – que hoje encontra-se no ostracismo – já havia tentado, sem sucesso, ‘santificar’ Lula e o PT.
Ano de 2006
Mesmo ciente de que o então senador Sérgio Cabral era autor de uma Proposta para inserir na Constituição Federal o ‘casamento gay’ – o pastor Malafaia decidiu apoiá-lo assim mesmo para o governo do estado do Rio de Janeiro. Cabral venceu as eleições no segundo turno, com esmagador voto evangélico, e dois anos mais tarde, em 2008, entrou com duas ações no Supremo Tribunal Federal, pedindo aprovação do ‘casamento gay’. Em 2011 o STF votou favoravelmente ao ‘casamento gay’ e uma das propostas aprovadas foi a do governo do estado do Rio de Janeiro.
Ano de 2010
Apoiou José Serra para Presidência da República. Serra, em entrevista naquele ano, defendeu o ‘casamento gay’ e a adoção de crianças por ‘casais gays’, mas mesmo diante disto não foi exigido dele, por parte do pastor Malafaia, que se assinasse um compromisso de não tratar destes assuntos em seu governo, caso fosse eleito, como se fez com a então candidata Dilma Roussef.
Ano de 2012
Neste ano de 2012 o pastor Malafaia tem dado claras evidências de que apoiará a reeleição de Eduardo Paes (PMDB), atual prefeito da Cidade do Rio de Janeiro.
Paes é um dos grandes incentivadores da agenda gay no município. De acordo com o jornal inglês The Guardian, a atual política homossexualista implementada na Cidade poderá fazer levar o Rio a fazer jus ao título de melhor destino gay do mundo, uma Sodoma e Gomorra.
No dia 14/04/12, no programa Vitória em Cristo, quase ao término do programa o pastor Malafaia fez alguns comentários relacionados à política. Ele fez questão de enfatizar que se um prefeito tem sob sua gestão uma Secretaria da Diversidade Sexual, não vê problema algum em se votar nele, desde que este prefeito não seja contrário aos cristãos.
Tudo leva a crer que com este discurso o pastor Malafaia teve por fim precaver-se antecipadamente de eventuais críticas futuras que possa receber por apoiar a reeleição de Eduardo Paes à prefeitura. Em 2011 Paes criou a Secretaria da Diversidade Sexual.
Cenário político para 2014 no Rio de Janeiro
Segundo informações que veiculam na mídia, para concorrem ao governo do Rio em 2014 estão quase certas duas fortes candidaturas: o ex-governador e atual deputado federal Anthony Garotinho (PR) e o senador Lindbergh Farias do PT. Os outros nomes ainda são desconhecidos.
Conforme noticiou o Gospel Mais, em 2011 teria iniciado um desentrosamento político entre o pastor Silas Malafaia e Anthony Garotinho, presidente do PR no Rio de Janeiro. Isto teria levado o deputado estadual Samuel Malafaia, irmão do pastor, a deixar o PR e aderir ao recém criado PSD.
Reiteradas vezes o pastor tem dito que não ‘sataniza’ partidos nem candidaturas. Diante do desajuste entre Malafaia e Garotinho, não será surpresa alguma se o pastor apoiar para governo do Rio de Janeiro o candidato petista.
Ressalta-se que no dia 03 de abril deste ano o senador Lindbergh foi ao plenário do Senado defender Silas Malafaia devido as ações da ABGLT contra o pastor.
Cerca de um mês depois, no dia 19 de maio, o senador do PT, a convite, esteve presente na Marcha para Jesus no Rio de Janeiro. O evento foi organizado pelo Conselho de Ministros do Estado do Rio de Janeiro cujo presidente é o pastor Silas Malafaia.
Há tempos que o senador Lindbergh Farias vem tentando aproximação com os evangélicos. O que muita gente não sabe é que o senador é favorável ao PLC 122 (lei da mordaça gay) e assinou seu desarquivamento no começo de 2011.
Ademais, quando era deputado federal, Lindbergh Farias (do PCdoB à época) votou contra a Proposta de Emenda Constitucional 25/95 de autoria do deputado católico Severino Cavalcante (PE) que tinha por objetivo proibir o aborto em qualquer situação, como também evitar a apresentação de Projeto de Lei para legalizar o aborto no Brasil. Se tal PEC tivesse sido aprovada na ocasião, hoje o Brasil estaria livre do debate sobre aborto.
Do jeito que as coisas andam, e como virou moda para engabelar evangélico em ano eleitoral, é possível que o senador do PT Lindbergh Farias ‘converta-se’ ao cristianismo até 2014, nem que valha somente até o final daquele ano.
Diante do exposto, ficou nítido que as decisões tomadas pelo pastor Silas Malafaia não tem sido acertadas. Cabe a ele refletir, pois o quadro religioso atual no Brasil mostra que se é capaz de fazer com que os candidatos a cargos eletivos assumam compromissos públicos de seguirem uma agenda que defenda os princípios basilares da família, da moral, da ética e dos bons costumes. Fazendo isto, acertará em cheio.
Não sigamos o exemplo das árvores da parábola de Jotão, narrada em Juízes 9.8-15.