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Relativismo social: a escravidão dos desejos e a manipulação da ética

Sobre o tema apontado na manchete acima, me permito utilizar o pensamento de Alasdair MacIntyre, filósofo Britânico conhecido principalmente por suas contribuições para a moral e pela filosofia política, mas também reconhecido por suas obras no campo da história da filosofia e teologia. Ele é pesquisador Sênior do Centro de Estudos Contemporâneo Aristotélicos em ética e política (CASEP) na Universidade Metropolitana de Londres, e Professor Emérito da Universidade de Notre Dame – bastante estudado atualmente na academia, no seu famoso livro “Depois da virtude”, que mostra as raízes histórico-filosóficas da fragmentação ética que contemplamos atualmente no cenário mundial, que está segundo o autor nos trazendo muitos conflitos éticos e quero dividir alguns pontos com vocês.

Na abordagem de Macintyre, a filosofia moral contém uma série de características complexas das sociedades contemporâneas. Esta “compressão peculiar contemporânea” em grande parte diz respeito a abordagem de MacIntyre acerca dos problemas e disputas morais

Segundo os ensinamentos de Alasdair Macintyre, devemos analisar a fundo o que está nos acontecendo em nossa sociedade, pois estamos sendo reflexos de uma série de filosofias de pensamento e de vida, oriundas de correntes filosóficas como iluminismo europeu e que chegaram até aos nossos dias nos induzindo a acreditar que tudo é relativo que importa é realização do prazer pelo prazer. Na verdade   esses pensamentos estão condenando a humanidade há uma busca desenfreada pela realização de desejos. Algo impossível de ser alcançar visto que tem causando mais angústias do que prazer propriamente dito seja individual como social, mais conflitos em todas as esferas e dimensões do ser humano.

Essas correntes filosóficas afirmam em minha opinião de forma, contundente, porém perniciosa, alienista, que não é possível acudir as razões objetivas para justificar os princípios éticos que cada qual deve utilizar nas suas escolhas. Isso me parece um acordo, velado, subliminar, implícito de que os princípios são uma questão de preferências pessoais. Ou seja que você pretender outra coisa, ou tiver outra opinião, seja por convicção, ética, religião, ou princípios, equivaleria a incorrer num crime, como se lesássemos  a humanidade impondo nossa preferência ao outro o que nessa educação relativista seria crime pois cada qual tem sua ética, sua moral sua escolha?!! Como viver sem conflito numa sociedade que busca conflitar priorizando o relativismo radical ideológico? Vamos analisar o que diz o autor do Livro “A Alma da Escola do Século XXI sobre ética e relativismo social.

João Malheiro autor do livro “A Alma da Escola do Século XXI” nos ensina   “Quem profere um juízo ético deve usar uma linguagem pretendidamente impessoal e deve ocultar suas pessoais motivações. Tal coisa é eticamente má e significaria, na prática, ‘não quero que faças tal coisa, porque não me agrada’. Notem que essa corrente, segundo autor, chamada emotivista, ensina que não existem critérios universais que sirvam para definir, um parâmetro, entre posturas éticas rivais. Ou seja, qualquer atitude seria igualmente digna e admissível desde que o ser humano estivesse feliz com elas”.

Pergunto-me, quais as consequências práticas desta corrente que se diz ética, esta, tem sido a preocupação de muitos estudiosos da educação, e professores que convivem com crianças na prática diária, em minha opinião é uma postura extremamente perigosa, pois quem saberá os limites? Como arbitrar posturas diferentes? Como defender a própria liberdade de opinião e expressão neste contexto se, a luta por “liberdade” fere a liberdade do outro justamente na sua subjetividade, que direitos relativistas são estes que ferem os direitos de todos em sua essência? Ser relativista é passar por cima do contraditório que não lhes serve como liberdade? E me pergunto: liberdade de que? Para que? Ser feliz a que preço?

Nesta imposição da imposição de correntes relativistas é exatamente a compreensão racional da verdade. Como saber quem está com a razão, se tudo é relativo?  O maior perigo, concorda o estudioso, é a verdadeira guerra civil, guerra santa, guerra de valores. Guerras estas que estão sendo geradas e que serão vencedores os que tiverem mais poder.

“Uma teoria ética que provoca a injustiça social não parece, portanto, ser a mais adequada. É preciso buscar algo mais isento e transcendente, que dê luz a duas vontades opostas ou diferentes para viverem em paz”, pondera João Malheiro.

Se questionarmos mais a fundo o porquê de a sociedade atual pensar assim da ética verificaremos que ela acredita que a tentativa, passada ou presente, de prover de justificação racional a moral objetiva fracassou de fato. Mas, será que as pessoas já se questionaram por que fracassou?

Perdemos nosso referencial de valores, da moral objetiva da natureza humana como “O alcance do Bem, da Perfeição, do Amor real, da Felicidade esses valores foram se perdendo durante os tempos, foram sendo destruído, descartado em prol de uma sociedade consumista, o Ser humano, na tentativa de queres ser feliz a qualquer preço, buscou a maneira mais rápida e fácil, comprando este prazer, tudo para afastar o desprazer.

Querem estes pensadores relativistas que neguemos, a própria natureza humana arriscando, em outra natureza não humana, temos que ficar atentos pois destruindo a natureza, destruímos a verdade objetiva segundo João Malheiro.

A sociedade atual patrocinada pelo 4º poder (mídia) nos acusa de sermos “exigência sem sentido”, por causa dos valores éticos e morais, que pregamos que segundo eles, estão longe de alcançar a verdadeira felicidade, criando traumas, tolhendo a liberdade do sujeito, culpam-na de ser a origem de traumas, repressões etc.

“Se estamos perdendo nossa ética objetiva é por culpa do próprio homem em não aceitar a sua própria natureza humana, e não estou relativizando, estou falando concretamente, será?”, pergunta o autor, que a humanidade ficou mesmo mais feliz. Como psicóloga pergunto a lei do prazer, nos tornou muito mais felizes? Sem regras, sem nos colocarmos no lugar do outro, sem termos um norte na educação? Sem podermos decidir o que é melhor para nossos filhos, para nossa família? Sem sermos acusados de estarmos tolhendo a liberdade de outrem?

Estamos sendo, violentados em nossos, princípios, em nossa moral em nossa ética, em nossa fé, sem termos coragem de fazermos nada, pois fazer alguma coisa significa ir contra alguém e isso é tido como, ir contra a natureza deturpada humana.

Oras bolas, natureza humana, é a ligada à natureza biológica, não somente psicológica, não podemos perverter o que real para uma linha imaginária do nosso ser simplesmente ou cultivaremos uma sociedade esquizofrênica, daqui a pouco perderemos totalmente nosso referencial, de nossa sanidade e humanidade civilizada.

A evidência de que todo o ser humano fica ansioso e inseguro até encontrar-se como ser humano livre e responsável da sua felicidade, parece evidenciar que, por mais que o homem possa auto negar a própria natureza, só se sentirá feliz e em paz quando entender que, apesar do esforço, vale muito mais a pena auto afirmá-la do que viver como um triste animal. João Malheiro

Como diz o autor do livro A Alma da Escola do Século XXI, é preciso urgente, desmascarar, o brilho falso da ética relativista. Em que nossos jovens estão inseridos e recebendo formação, é preciso que todos nós segundo o autor entendamos que gerará grande destruição em nossos jovens, crianças, a questão é que relativizar pode não garantir o desenvolvimento como seres humanos, e tornarão nossas crianças como simples animaizinhos.

Me permito usar um versículo bíblico pertinente a esse tema: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas (2 Timóteo 4:3)”.

Marisa Lobo, psicóloga e especialista em Direitos Humanos

Referências:
João Malheiro, no livro “A Alma da Escola do Século XXI”;
Alasdair MacIntyre, filósofo escocês em “Depois da Virtude”.

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