Gritos de ”Jesus é o Senhor do Brasil” eram ouvidos enquanto cartazes de repúdio ao homossexualismo erguiam-se entre a multidão. O povo, sem noção do valor dos recursos privados e públicos que bancava o evento (e nem no bolso de quem tais recursos iriam parar), comprimia-se ao som da batida technosonic. Achavam que estavam ali para adorar. Já eu não tinha certeza se aquilo era entretenimento ou simplesmente uma passeata política. Porém, disseram: “É assim que é a marcha”.
Algumas moças com shorts e bermudas dançavam, digo, “adoravam” loucamente. Logo atrás, um grupo de jovens atentos acompanhava com o olhar o ritmo dos seus quadris. No empurra – empurra algumas ficadas. E os que ficaram para trás ficaram. O bloco, entretanto, seguia luminoso. Sem drogas ou bebidas, era a presença das celebridades que provocava o frenesi. Para muitos, isto era a prova viva da “glória do Senhor” e da moral da Igreja.
Os gritos de guerra, digo de “adoração” e a propaganda política continuavam. Palavras motivacionais e decretos afirmavam que o “Brasil era do Senhor Jesus”. Dezenas de potestades iam sendo amarradas enquanto principados eram destronados. Entre estes, os mais famosos: a “Cidinha”, os Vaqueiros, os Sertanejos entre outros “espíritos” igualmente tão importantes. O essencial é que a vitória continuava sendo decretada no que parecia ser uma repetição ritualística. O povo, contudo, adorava!
É assim que a igreja parece conquistar seu lugar perdido na sociedade. Lugar este, que nunca foi realmente “perdido” mas que agora torna-se 1 plataforma de manipulação para propósitos que eu chamaria de malignos.
Manipulação e Propaganda: As maiores Armas de Guerra
A História está cheia de exemplos de guerras e tragédias realizadas em Nome de Deus. As sanguinárias cruzadas no Oriente para a conquista da terra santa foram um modelo disso. Reinos e exércitos inteiros dispunham-se voluntariamente a aniquilar centenas de vidas em nome da guerra santa. Todavia, neste e em outros episódios do caminhar da humanidade, a Igreja teve um papel fundamental pois, em Nome da Fé e da promessa de riqueza, o homem foi capaz de matar e morrer. E os poderosos sabiam disso.
Centenas de anos se passaram mas as guerras em nome de Deus continuaram. Em níveis diferentes hoje ela é vista em diversos países pois é uma forma eficiente de alcançar objetivos específicos.
A propaganda e a manipulação são armas altamente estudadas por estrategistas da guerra. Foi assim com a Alemanha nazista de Hitler e com outras dezenas de nações. A propaganda fez com que o povo acreditasse que a Alemanha seria uma nação mais rica e poderosa com a eliminação dos “porcos judeus”. E assim muitos se calaram enquanto 6 milhões de judeus foram exterminados.
No Oriente Médio, a propaganda patrocinada pelos Ocidentais diz que o mundo deve fazer a guerra para trazer a paz. Só não conta que foram estes mesmos ocidentais que armaram a guerra e a revolução. O grupo Bilderberg (grupo seleto de líderes mundiais) reuniu-se e não escondeu para quem prestasse atenção, os seus objetivos para o Mundo Árabe: a desintegração e o controle. Mas o apelo da propaganda pela falsa democracia é tão grande que o mundo assiste calado o genocídio de vidas e nações inteiras.
Já aqui no Brasil enquanto a Igreja gaba-se do seu poder econômico e político, os índices indicam que temos a maior taxa de homicídios urbanos do mundo. Ou seja, a guerra da Síria acontece aqui mesmo. Enquanto a Igreja se preocupa se temos uma personagem evangélica ou não na novela da Globo, o número de mulheres mortas por mês é o maior em 30 anos. Enquanto estamos consumidos pelo consumo e a Indústria Gospel, o número de viciados em crack no Brasil pode chegar a 1, 2 milhões de pessoas. Enquanto deputados evangélicos promovem suas próprias causas e envolvem-se em escândalos de corrupção (a maioria enfrenta processos), nenhuma de suas vozes se levanta pela causa do povo, nem um pequeno projeto se quer.
Como em toda guerra de Propaganda, a Igreja elegeu seu inimigo: O PT e o seu governo da “Cultura de Morte” (hein?). Dados manipulados e discursos inflamados conclamam os evangélicos a lutarem contra o “PT diabo” que quer “patrocinar a pedofilia, destruir a igreja, destruir a família, homossexualizar as crianças e implantar a ditadura gay”. Não, não sou petista (nem bolshevista, nem comunista, nem esquerdista, nem direitista, nem anarquista, nem centralista, nem socialista, nem globalista ou qualquer outra ista que sua criatividade possa imaginar). Mas é muita coisa até para o “Diabo do PT”, não é não?
Na verdade, só estou tentando fazer você pensar. Responda-me: Você realmente acredita que alguém pode destruir a sua família ou 1 família sequer? Não, não pode. Só se esta pessoa for você. Se você realmente entendeu as palavras de Jesus, sabe responder quem é o inimigo da Igreja? Você sabe que a Igreja de Jesus não pode ser destruída? Nem a morte tem mais poder sobre nós, o que dizer dos paradigmas deste mundo?
Igreja cresceu e o Brasil social e moralmente falando, “piorou”.
Sem PT ou com PT, nossas crianças e adolescentes estão enfrentando a tentação até mesmo dentro da “Igreja”. Com você acontece isso. Pedófilos, tarados, usuários de entorpecentes, sedutores, adúlteros e o homem do mal são nossos vizinhos. São aqueles “tios” bem intencionados, são olhares lascivos e maldosos, são líderes inescrupulosos. Estes, sempre existiram e sempre existirão. Quando a Bíblia diz: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6), está dizendo como preservar nossa família. É desde pequeno que os princípios de Deus devem ser plantados no coração do homem. Mas se famílias cristãs não dão exemplo dentro de casa e deixam seus filhos à mercê da Televisão, não adianta nada eleger uma bancada evangélica e gritar nas praças “Jesus é o Senhor do Brasil”.
Sim, a Igreja cresceu e o Brasil social e moralmente falando, “piorou”. Uma equação estranha de explicar para os que defendem a ilusão do triunfalismo. Mas enquanto há tempo (não estou falando para o Brasil, estou falando para sua família), converta-se ao Senhor e cuide da sua casa.
Pense. Os que usam o discurso do: Querem nos calar… querem destruir a família… há 900 projetos no governo para a destruição da família tradicional e etc., estão apenas projetando uma plataforma de poder. Eles vão se candidatar ou vão pedir apoio para seus candidatos. Eles mesmos já disseram: eles querem mais poder. Poder este que vai ajudar que planos não divulgados na mídia sejam alavancados. Planos do Mal.
Aqueles que transformaram o discurso de Jesus de Nazaré, num discurso político, também transformaram sua mensagem, numa mensagem motivacional obcecada por dinheiro. São estes que lançam os profetas no poço e se recusam a ouvir suas admoestações. Querem apenas palavras de “vitória”. Fazendo assim desviam milhares que mesmo “desviados” continuam dentro da Igreja. Alguns até existem para que a apostasia cresça a cada dia e se cumpra o que foi dito. E assim parece que o mundo caminhará até que cheguemos ao fim.