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Protestos, Marcha para Jesus e a marcha de Jesus

Estamos num momento interessante e sensível de nossa história, povo brasileiro. O sonho de muitos indignados que encontraram voz e corpo na massificação de ideais adormecidos, mas que incomodavam corações ávidos por justiça está se realizando. É tempo de protestos pelas ruas do país! O povo se uniu e está promovendo o que parece ser um momento histórico. Já há quem denomine o episódio de “A Revolta dos 20 centavos” e pra quem gosta de história é realmente empolgante!

Vemos que no cenário político, a Situação parece estar acuada e a Oposição tenta tirar, obviamente, seu proveito do momento. Contudo, parece que a origem do movimento não vem mesmo de uma elite pensante constituída de poder, mas que a força que ‘startou’ a erupção popular foi a própria indignação da nação.

No entanto, ainda não tenho certeza disso e nem me importa neste momento saber a origem desse movimento (o tempo dirá). O que eu acho é que ele é justo e reflete o coração do povo, ou seja, é uma das mais genuínas manifestações do ideal da democracia que eu já vi. Isto é muito bacana!

De fato, vieram as agressões, as depredações do patrimônio público, enfim, coisas que a gente que tenta ser um pouco mais cordado não curte muito, mas que são inevitáveis para que o vulto se fortaleça e assombre. Sim, nossos políticos brasileiros precisam sentir medo, temor do povo e saber que em qualquer lugar neste instante, existem pessoas maquinando contra eles e que o Brasil, outrora pacífico, em virtude das constantes injustiças que vem sofrendo, está se tornando capaz de gerar manifestações violentas e, quem sabe, grupos terroristas. Não seria a primeira vez, aliás!

Traçando paralelos entre os três movimentos com os quais nomeei esta reflexão, vejo que essa “Revolta dos Vinte Centavos” é necessária, me parece legítima (só o tempo revelará fatos ainda não compreendidos e a história dará seu parecer) e é um reflexo do coração do povo. É parte integrante do sistema democrático, embora alguns tentem dizer o contrário e o Brasil precisava e permanece precisando muito tomar suas ruas, suas cidades, seu território. Tudo isso pertence ao povo que é a máquina que paga tributos mantendo essa massa gigante e incompetente de servidores corruptos que dirigem os rumos da nação brasileira.

Por outro lado, vejo que a Marcha para Jesus (em qualquer cidade), outrora, evento profético, de aglomeração de crentes em torno de sua fé, em adoração a seu Senhor e originalmente com objetivos de orar e clamar pelas cidades e pela nação, se desfigurou de tal forma que não resta sequer um Frankenstein Gospel dela. Se tornou um evento capitalista, politiqueiro, propagandista… enfim, um verdadeiro aterro sanitário abarrotado de lixo tóxico e, o que é pior, em movimento.

Finalmente, queria falar da Marcha de Jesus, que não é a que acabei de citar, nem a anterior, mas trata da jornada terrenal do Cristo, que não está conectada com nenhuma dessas outras, em essência ou ideais, mas trafega “espiritualmente” livre em ambas.

Não vejo em Jesus um revolucionário que protesta com cartazes em punho, distribuindo panfletos ou gritando palavras de ordem; também não o vejo envolvido em ações de marketing que visem mercadejar sua fé. Mas posso senti-lo andando no meio do povo, indo de encontro às suas aspirações e anseios, apontando caminhos verdadeiros e bandeiras sublimes pelas quais vale a pena lutar e entregar a vida.

A amante respondeu a Salomão, “e a sua bandeira sobre mim é o amor” e eu acredito que essa é a resposta correta e o estandarte sublime que esta geração deve dar á causa do verdadeiro cristianismo.

Nem vou tentar definir o amor, deixarei que cada um faça sua leitura, mas acredito que na marcha empreendida por Jesus, há a multiplicação dessa bandeira para que seja erguida na vida dos que o seguem.

No entanto, uma coisa não interfere na outra e torno a repetir: acredito que os protestos sejam necessários e, sobretudo, justos (ouso). Se procurarmos na história bíblica veremos movimentos do povo em reação às injustiças. A história dos Macabeus é um episódio muito marcante e que foi muito violento. Os partidos dos zelotes e sicários, que atuavam com seus ideais libertários nos tempos de Jesus, provocaram muitas mortes e, inclusive, culminaram na invasão de Roma em Jerusalém, em 30 d.C. (acho que foi 30).

Jesus tinha pelos menos dois discípulos oriundos desses movimentos: Simão, chamado claramente de “o Zelote” e Judas, cujo ‘sobrenome’ talvez remeta ao fato de ser um Sicário, “Ish Cariot” (homem da adaga) hipótese que me parece plausível.

Eles tinham seus ideais e seguiram prontamente a Jesus quando viram nele uma saída para seus anseios políticos. Vemos, no desenrolar dos acontecimentos, que todos eles tinham uma esperança de um restabelecimento do reino natural de Israel na pessoa de Jesus, mas o Mestre demonstrou que seu Reino não estava sendo construído nesta dimensão terrenal.

Pense nisso!

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