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Professores para o Brasil

Outubro é um mês bem bacana! É nele que se situa o Dia das Crianças, época de presentes, de feriado santo. É nele também que se celebra o halloween, festa americana que tem tomado lugar nas escolas Brasil afora. Outubro é tempo de primavera, de florescer, Gandhii nasceu num dia de outubro, John Lennon também. Bill Gates, figura importantíssima para todos nós hoje, nasceu em outubro, mas não foram só eles: Pelé, Garrincha, Maradona e Ibrahimovic, coincidentemente nasceram nesse mês.

No entanto, há um dia muito especial no mês 10 de cada ano, que muitos, aqui no Brasil, parecem não fazer muita questão de comemorar. O 15 de outubro, Dia do Professor!

O dia comemorativo foi alocado na mesma data em que foi lavrado Decreto Imperial, assinado por D. Pedro I e que criava o “Ensino Elementar no Brasil”, determinando vários assuntos acerca sobre o tema, entre os quais, que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”; salário de professores, matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até quem deveria ser contratado para ministrar as aulas. Outro fator interessante é que tanto mestres, quanto mestras deveriam receber salários iguais, segundo o Decreto.

Uma ideia excelente, revolucionária para usa época – 1827 – e teria sido ótima, caso fosse cabalmente cumprida.

Bem, não é novidade para ninguém que a profissão vem sofrendo profunda corrosão com os anos de desleixo e marginalização. Em alguns estados, professores apanharam da polícia, ao se manifestar publicamente pleiteando melhores salários; em outros, seus lanches foram cortados. Em Minas, milhares de professores absorvidos por uma lei estadual foram neste ano sumariamente expulsos de seus cargos, sem aviso prévio, deixando alunos sem aulas.

Uma pesquisa internacional mostrou que, entre 21 países, o Brasil fica em penúltimo lugar em relação ao respeito e à valorização dos seus professores. Mesmo entre os que decidiram seguir carreira na sala de aula, a evasão da educação básica é cada vez maior. Insatisfação no trabalho e desprestígio profissional são os motivos apontados por quem decide abandonar a sala de aula. Segundo levantamento, apenas 2% dos estudantes nas salas de aula do ensino médio espalhadas pelo Brasil demonstram interesse em cursar Pedagogia, Letras ou outros cursos destinados à formação de professores. Diante desse esvaziamento progressivo nos cursos de licenciatura que já está ocorrendo, estima-se que, em alguns anos, não haverá professores suficientes para ensinar nossas crianças.

Tenho ministrado aulas de musicalização para alunos entre 2 e 12 anos! É uma experiência enriquecedora e, ao mesmo tempo, um desafio enorme. Estar ali, diante dessas crianças, com a incumbência de, pelo menos, instigá-los à Primeira Arte, é algo sem dúvida fantástico e de grande responsabilidade.

Para os irmãos da fé cristã que gostariam de espalhar sua semente bendita nas novas gerações do Brasil, deixo o desafio de descer de seus barcos (e iates) eclesiais e colocar os pés na terra sedenta e esbraseada, tomando o rumo das crianças e adolescentes de todas as classes sociais, carentes do amor, carentes do Evangelho.

Sei que muitos bradam chamados missionários transculturais e que outros se denominam sacerdotes, afirmando ter nascido para a vida monástica e eu acho isso tudo muito legal, mas o Brasil clama por outra classe de Filhos de Deus se manifestando. Não são sacerdotes vestidos com estolas, falando uma linguagem revista e corrigida, não são bandas que oram em línguas estranhas durante seus shows, não são templos ornados com signos sagrados. Não! O Brasil clama por professores e não há campo missionário mais oportuno.

Ergam os olhos e vejam os campos, pois eles estão prontos para colher. No entanto, saiba que a seara é linda, mas é dura demais. Se já é difícil andar pela fé, agregar a isto o magistério torna tudo ainda mais complexo.

Voltando à importância dos professores, numa de minhas última aulas, compartilhei com alunos de segunda, terceira e quarta série, a canção de Gabriel o Pensador, Linhas Tortas, que diz assim: “Tudo começou na aula de português, eu tinha uns cinco anos, ou talvez uns seis. Comecei a escrever, aprendi a ortografia, depois as redações, para a nossa alegria. Professora dava tema-livre, eu demorava pra escolher um tema, mas depois eu viajava…” .

Taí um cara que é sucesso na arte nacional e que fez uma linda poesia em forma de rap, louvando o ofício do professor. Depois procura essa música no Youtube, “Linhas Tortas”, de Gabriel o Pensador. É uma grande poesia!

Outubro está apenas começando, aproveite para se lembrar de seus professores, quem sabe, leve presentes para eles, faça uma visita, honre essas pessoas de tão grande importância para todos nós.

Ah, e pensa bem no meu “chamado” ao professorado, talvez seja a sua oportunidade de fazer a diferença que sempre quis fazer na história desta nação.

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