Estes dias ocorreu aqui em Campina Grande – PB, o 16° Encontro para a Consciência Cristã, realizado pela VINACC e um dos principais preletores foi o pastor norte-americano Paul Washer. Confesso que meu coração aguardava ansioso por esse evento desde o ano passado quando foi anunciado. Lembro-me de frequentar a Consciência Cristã desde que era criança quando o projeto ainda não tinha a dimensão que hoje tem. Antes as palestras ocorriam em um lugar tão pequeno que eu ficava sentado no colo da minha mãe para sobrar mais lugares. Hoje, em sua 16° edição, o encontro é referência em toda a América Latina e praticamente pára Campina Grande durante o carnaval. Não pude conter minha alegria ao ver esse ano o resultado de tantos esforços, de tanta oração.
Nunca me esquecerei daquela representação do tabernáculo montada mesmo no centro de onde ocorre o “Maior São João do Mundo” repleta de pessoas sedentas pela pregação do verdadeiro Evangelho. Isso sem se falar nos eventos paralelos. As palestras sobre missões com o Dr. Russel Shedd e o Ronaldo Lidório eram lotadas. Creio que muitos trabalhadores foram levantados para o sertão nordestino e as nações. Isso sem falar nas centenas de jovens buscando aprender com o Adauto Lourenço e a Norma Braga como influenciarem a academia brasileira. Mas o ápice de tudo isso sem dúvidas foram as exposições do Paul Washer e vou explicar o porquê.
A primeira pregação do Paul Washer foi no sábado pela manhã, logo após o gênio do Jonas Madureira (como já disse no Instagram, quero ser como ele quando crescer! Hahaha) expor acerca do niilismo que acomete nossa sociedade pós-moderna foi a vez do Paul. Um homem alto, bem forte, mas com um rosto um tanto “acabado”, um ar de cansado, preocupado. Quando subiu ao púlpito, sua mensagem centrou-se unicamente no Evangelho de Cristo. E aos poucos fui me vendo diante não de um pastor qualquer, nem um mestre doutor em teologia, até porque como ele mesmo falou, havia homens ali que ultrapassam e muito a ele em seu conhecimento teológico.
Vi diante de mim um profeta como Elias e João Batista. Um homem de coragem, firme em suas posições e em seu ataque aos falsos profetas da prosperidade e do movimento de cura. Um homem cuja maior preocupação não era em momento algum nos fazer confortáveis, mas anunciar apenas a Cristo e sua obra. Aliás, isso foi o único tema dos seus sete sermões e a razão de repreender os aplausos diversas vezes. Nos bastidores não era diferente, amigos próximos relataram o temor e tremor que ele sentia antes de pregar. Eu mesmo não pude me encontrar pessoalmente com ele porque quando fui estava de jejum e não saiu para jantar nem antes nem depois de pregar. Por diversas vezes preferiu comer no Subway a uma churrascaria.
Diferente de muitos astros da nossa indústria gospel, ele não demonstrou nem um pouco se importar com a sua aparência. Usou o mesmo terno todos os dias do evento e deixou todos nós supressos ao afirmar que há 14 anos dirige o mesmo carro, um jipe velho, que segundo seus filhos parece um “grande tomate amassado” e acrescentou que se alguém lhe desse um carro novo ele venderia e usaria o dinheiro para missões. Sua voz, às vezes fraca e trêmula dizia: “Eu não choro porque não tenho coisas. Eu choro porque não sou com Jesus.” Em outros momentos, não tinha medo de exortar-nos: “Você vai à igreja por causa da música que é profissional? Isso dá nojo!”.
Não consegui em momento algum olhar para o Paul Washer e não lembrar de João Batista, o “mensageiro precurssor”, a “voz que clama no deserto”. Homem, falho e fraco, mas cuja única razão de viver é preparar o caminho para Cristo em meio de uma sociedade corrupta e blasfema. Um verdadeiro profeta da nossa geração, que abre a boca não para relatar sonhos e visões mentirosas a fim de enganar multidões, mas que abria a Bíblia para anunciar a graça e juízo de Deus sobre os pecadores.
Sinceramente nunca me esquecerei do que ouvi ontem, e ainda hoje ao lembrar, as lágrimas correm pelo meu rosto. O Paul me lembrou o quanto meu coração é depravado e imundo, o quanto eu sou falho e mesmo após a salvação preciso da graça de Deus para ser santo e vencer o pecado. Como disse ele, as vezes é preciso que Deus dê um “pé na bunda” de seus filhos e os impeça de seguir seus próprios caminhos. Foi exatamente assim que me senti. Foi como se Deus me dissesse: “Já basta! Eu sei o que está por trás do seu extremismo, do seu aparente zelo por mim. Eu conheço o seu coração e vejo suas motivações erradas, o orgulho, a presunção. Mas está na hora de você cair do cavalo. Se eu te ofereci graça, porque você quer oferecer a Lei aos outros?”
Enfim, não fui à Consciência Cristã para ver um homem vestido de roupas caras ou que me massageasse o meu ego. Fui para ser quebrado, moído, para ficar no chão mesmo, para ser lembrado que eu não sou nada, que eu sou podre. Fui para ouvir um profeta, para ouvir o verdadeiro Evangelho de um Deus que é amor e por isso é justiça.
Depois de tudo isso, me defino em uma única frase: “Sou apenas um garoto cheio de falhas tentando imitar Seu Pai.”
Que Deus tenha misericórdia de mim, que Ele tenha misericórdia de Sua Igreja!
Enquanto saíam os discípulos de João, Jesus começou a falar à multidão a respeito de João: “O que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Ou, o que foram ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que usam roupas finas estão nos palácios reais. Afinal, o que foram ver? Um profeta? Sim, eu lhes digo, e mais que profeta. (Mateus 11:7-9)