“E ninguém, depois de beber o vinho velho, prefere o novo, pois diz: ‘O vinho velho é melhor!’” Lucas 5:39
Em diversos assuntos da vida, quando algo é colocado de uma perspectiva que não seja a usual ou tradicional – entenda ‘tradicional’ por sua força semântica, ou seja, aquilo que foi transmitido – um processo é desencadeado no interior de cada pessoa.
Para muitos, a primeira reação que se tem é a do choque, revelado exteriormente apenas pelo franzir da testa do que resiste. Logo depois, a desconfiança começa a tomar conta do cidadão que, cruzando os braços demonstra desconforto diante do discurso, seja lá qual for ele. É a partir desse instante que a mente se fecha, a audição trava e o cérebro começa a ser inundado por informações que municiam o camarada para o debate de idéias. É bem semelhante ao processo do corpo, reagindo ferozmente à invasão do corpo estranho, só que ao invés de anticorpos, são ‘antidéias’.
O coração acelera, tal como o de um guerreiro que se prepara para a batalha e, pela completa necessidade de manter-se de pé em seus conceitos, o instinto de vida das velhas idéias provoca a perda total da capacidade de avaliar a situação com maior amplitude. Sendo assim, é impossível a assimilação de novas possibilidades porque tudo o que interessa naquele momento é a sobrevivência de sua mentalidade, de suas tradições e de seu conjunto de preconceitos.
Jesus foi um mestre na arte de chocar! Escandalizou e ainda escandaliza ao transformar água em vinho e estender a festança nas Bodas de Cana; chocou sua época ao deixar vir até ele as criancinhas (seres menores), bem como se deixar tocar e se relacionar de forma igual com mulheres; foi além também ao debater de igual pra igual com gente de outras etnias (os gentios, sem raiz, sem procedência). Sobretudo, Jesus, “o beberrão” foi o grande reformador da Boa Nova, fazendo novas todas as coisas a partir da Velha Lei, estendendo o braço salvador de YHWH aos povos mais distantes e menos imagináveis. Sua obra é tão avançada e tão sublime que até os dias de hoje a cristandade avança em suas diversas óticas teológicas, em busca da revelação correta, mesmo sem nunca conseguir alcançar (embora, alguns presumam tê-lo feito).
A evolução se comprova geração após geração quando novas linhas, primeiramente proféticas e logo depois apostólicas, estabelecem suas perspectivas, formando novas visões, teologias e doutrinas proporcionando novas escolas de cristãos, devidamente adequadas ao seu tempo.
Esta é, para mim, a prova de que a Palavra nunca se esgota, de que há sempre novos prismas sendo descobertos e que, em cada geração, a Aliança se revela em novas nuances.
Pense, se o Antigo Testamento transcorreu em várias alianças, movimentos, avivamentos e despertamentos, a Nova Aliança também transcorre da mesma maneira, dando continuidade à lógica divina de se revelar ao Homem de cada Tempo.
Para isto, é necessário que haja uma predisposição ao Novo e o abandono de uma mentalidade belicosa em relação a opiniões e perspectivas diferentes. Não se trata de ser frouxo ou de se abandonar o escudo da fé e a espada do espírito, mas sim de se adequar ao que deve ser vivido dentro de um novo tempo.
Vivemos numa época em que é imprescindível que se adentre a uma dimensão espiritual profunda na meditação da Palavra. A Bíblia não pode mais ser instrumento literal, provendo apenas frágeis regrinhas de Escola Dominical, como se as mesmas fossem absolutas armas para encarar a vida. Não somos mais crianças!
Quando Paulo dizia que “quando era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança, mas que desde o momento em que se tornou homem, eliminou as coisas de criança”. I Coríntios 13:11.
Isto ele falava interpretando que o amor é o ápice da doutrina, o cume mais elevado da espiritualidade cristã, a mais poderosa Lei de Deus em Cristo.
João assevera que “quem não ama, não conhece a Deus” e o próprio Jesus exclamou: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros”. João 13:34.
Veja bem, esta é a novidade: “o amor” o “novo mandamento que nos deu”.
O amor é paciente, bondoso, não tem inveja, não se vangloria, não se orgulha,
não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade,
é sofredor, crê em tudo, tem toda a esperança e suporta tudo”. I Coríntios 13:4-8.
Concluindo, o escrito de Hebreus diz que “chamando ‘nova’ esta aliança, tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer”. Hebreus 8:13.
Irmãos, o velho logo desaparece, ou seja, deixa de ter valor, torna-se irrelevante, não choca mais, não causa mais espanto, nem atrai as pessoas. Estar na vanguarda dos acontecimentos do Evangelho neste tempo significa estar atento ao profético, ao novo.
‘Se liga’ no que o Espírito está novamente dizendo às igrejas!