Colunas

Os juízes da igreja também erram feio! Conheça 4 erros grassos que cometem.

Queridos, este artigo é a continuação do anterior; “As igrejas evangélicas são mais ordem que caos“. Se você ainda não leu, o poderá fazê-lo neste link.

Destaco com humildade a manifestação das derrapadas mais comuns e que se destacam nos comentários dos críticos à igreja evangélica. É importante esclarecer que não aceito todo o comportamento evangélico como sendo genuinamente cristão ou correto; mas nem por isso posso concluir que por erros pontuais, o cristianismo seja feito só de erros, injustiças, charlatanismo, desvios bíblicos e outros pecados.

O propósito desses dois artigos é duplo: 1) incentivá-los a continuarem a denunciar e a combater as impiedades de alguns que se passando por crentes envergonham a igreja e escandalizam os de fora dela. 2) Que ao expressarem vossa opinião, posição e indignação contra os tais, não incorram nos mesmos erros dos “críticos do meio” que ao invés de contribuir, projetam mais dúvidas, discórdias e porfias. Denigrem a imagem das igrejas evangélicas por meio de generalizações de comportamentos isolados e até discriminam grupos por adotarem credo diferente, ou por discordarem da própria confissão pessoal deles. Que não façamos acepção de entre os da fé evangélica por diferença doutrinária ou distinção teológica.

Sem delongas, vamos a apresentação dos quatro principais erros que formam a maioria dos argumentos contra as igrejas evangélicas deste país.

SUBJETIVAÇÃO NORMATIVA
Elias fez isso:Senhor, mataram os teus profetas e derrubaram os teus altares; sou o único que sobrou, e agora estão procurando matar-me” (Rm 11:2-3).

Nem sempre o que você sente ou percebe é o que a igreja precisa sentir e ver. Esse erro precede aos demais, pois a pessoa fala daquilo que sente e expõe o que crê intimamente. Um dos problemas teológicos da igreja brasileira é que muita gente se diplomou na “teologia do eu acho” – não interprete mal minha consideração, pois não reprimo opiniões, mesmo as divergentes. A questão é que simplesmente falar ou escrever com a sinceridade do coração ou com a lucidez da causa pessoal, nem sempre fundamenta ou ressalta uma verdade geral. O que eu descobri ou senti como resultado de uma experiência com Deus não traduz que é a vontade Dele para o outro, não pode ser dogmatizado ou sacralizado em mandamento de cunho bíblico. O que eu e você pensamos é maravilhoso na razão de nossa individualidade, na expressão dos seres pensantes e emotivos que somos, mas sem razão e fundamento bíblico para a igreja não serve em nada; pois igreja não é alicerçada em opiniões de A ou B e nem poderá ser a igreja de nossas vontades e sonhos. Paulo deixou claro que a subjetivação em assuntos de comportamento cristão, da vida da igreja, precisa ser entendida como instrução e não como mandamento (1 Co 7: 7, 12, 17).

GENERALIZAÇÃO DEPRECIATIVA
Jeremias agiu assim: Para mim são todos como Sodoma; o povo de Jerusalém é como Gomorra (Jr 23:14d)

Tem crente se achando o único atalaia para entregar mensagens exclusivas à uma igreja inteira desnorteada do caminho de Deus. O erro mais comum que se percebe em comentários acerca da igreja evangélica brasileira é o de generalizar comportamentos individuais como sendo o padrão geral de um grupo inteiro do segmento cristão. Nem o próprio Jesus tratou as igrejas da Ásia Menor como se fossem iguais – pois a umas dispensou repreensões (a outras não) e fez promessas distintas para todas – leia as 07 cartas do Apocalipse (Ap. 2 e 3). Dizer que a igreja evangélica brasileira é decadente é uma consideração do ponto de vista dimensional, absurdamente equivocada. Talvez uma igreja que você conheça seja decadente em alguns aspectos, principalmente se você considerar o se que vê na televisão – mas não é a vida unânime da igreja evangélica nacional. Satirizar os pentecostais por conta de sua descontrolada manifestação nos cultos, ou criticar tradicionais por exacerbada razão litúrgica, não prova nada acerca do Evangelho que esses grupos vivem. Se existe um erro a evitarmos quando pensarmos em falar sobre esse corpo nacional de crentes com suas igrejas diferentes é o de querer colocar todo mundo no mesmo nível, apenas por que soubemos ou vimos dois ou três fazendo ou dizendo determinada coisa.

INEXPERIÊNCIA EVOCATIVA
O bom exemplo de Jesus: “Asseguro-lhe que nós falamos do que conhecemos e testemunhamos do que vimos (Jo 3:11ª).

Às vezes adotamos posturas apenas porque ouvimos de alguém que conhecemos ou porque lemos principalmente na internet que outros crentes ou determinadas igrejas não seguem o Evangelho e daí, estabelecemos uma posição de discriminação e condenação. Preconceito herdado é isso que acontece com muitos calvinistas acerca dos arminianos ou dos continuistas acerca dos cessacionistas. Julgamos e taxamos a fé e a conduta cristã das pessoas por conta de sua filiação a uma igreja adepta de alguma particular corrente teológica, ou experiências diferentes daquelas que comungamos. O pior é que em muitos casos nunca convivemos com essas pessoas, ou estivemos em seus cultos. Será inverídico dizer que os presbiterianos são “gelados”, sem nunca termos orado com eles, sem nunca tê-los acompanhado em suas visitas de evangelismo. Também é fácil afirmar que todo pentecostal é “fanático” sem conhecer seu conteúdo de escola dominical (um dos melhores do Brasil), seus seminários teológicos, seus Capeds, Elads e etc. O tratamento preconceituoso fincado na inexperiência é o mais louco dos erros, é o mais injustificável dos pontos de vista; pois falar ou escrever de coisas que nunca se conheceu ou vivenciou é semelhante a se arriscar em perigosas trilhas à boca de abismos. Como julgar algo que você nunca viveu, vai evocar o quê de um passado ou experiência inexistentes?

PERFEIÇÃO TOTALITATIVA
O mau exemplo dos fariseus. Ai de vocês também! porque sobrecarregam os homens com fardos que dificilmente eles podem carregar, e vocês mesmos não levantam nem um dedo para ajudá-los (Lc 11:46).

É interessante notar como aumentamos a medida quando avaliamos as pessoas; infelizmente desenvolvemos uma injusta mensuração da vida cristã dos outros, pois quase sempre laboramos não pelas virtudes, mas atuamos como um tipo de “judiciário do cristianismo”. Somos peritos em apontar pecados, condenar hábitos, contestar afirmações e apresentar refutações, pois queremos igreja, pastor e crentes perfeitos. O pior é que ignoramos as nossas próprias imperfeições e no conjunto da eclesiologia local, um ajuntamento de crentes terá sempre que melhorar a luz da bíblia e da vontade de Cristo para os tais – pois a imperfeição só será aniquilada no porvir. Esteja preparado para detectar falhas, perceber engodos e lutar pelas depurações, mas não se iluda: o joio estará misturado ao trigo até a separação final. Cobramos dos outros uma perfeição que jamais atingimos; uma vida cristã que nunca vivemos e com padrões que jamais alcançamos. Esse é o espírito do legalismo disfarçado de apologia e da hipocrisia com vestimentas do sincero cristianismo.

Esses foram os pontos que senti necessidade de abordá-los, a fim de propor um posicionamento cristão com maior equidade no trato das questões aplicadas a igreja evangélica de nosso país.

Sair da versão mobile