Colunas

Obrigado pelo pão

Queridos irmãos e amigos: Shalom! (Salaam waleikum!)
Que haja paz em seus corações!

Escrevo para agradecer-lhes de todo o coração pelas orações, pelas palavras de encorajamento e pelas ofertas que tem alimentado dezenas de famílias de refugiados sírios. Realmente só o Senhor pode recompensar aqueles que tem demonstrado amor e compaixão por este povo que o Senhor ama de forma profunda. É por causa deste amor que Ele me permite estar neste lugar, realizando o que para mim é um sonho.

Novamente, os desafios são grandes. Esta semana tocou-me profundamente conhecer o Senhor Ali, um sírio de 45 anos que parecia ao menos 10 anos a mais para sua idade. Com a esposa e os 14 filhos atravessaram a fronteira, uma parte de ônibus e outra a pé. Num dia há mais ou menos 3 meses atrás Seu Ali estava em uma mesquita na cidade de HOMS, na Síria. De repente, o temido barulho dos caças do exército de Assad foi ouvido por todos presentes na oração. Bombas foram lançadas e Seu Ali foi atingido enquanto orava de joelhos com o rosto ao chão. Não morreu mas perdeu 95% da visão. Agora aqui na cidade da fronteira, aguarda na esperança de fazer uma cirurgia. A casa, batida de cimento é fria e como sempre há apenas finos colchões no chão. Poucos possuem aquecedores. Não há dinheiro para isso.

Seu Ali não me pareceu tão interessado nos mantimentos, cobertores ou mesmo no fato de ter levado alguns brinquedos para as crianças. Ele queria mesmo é que sentássemos juntos para um chá e falássemos sobre o Brasil: Como é o Brasil? – perguntou. Entusiasmado me disse: O Lula veio aqui no Oriente Médio! Acenei com a cabeça e respondi calmamente as suas perguntas, mas não conseguia parar de pensar na sua tragédia. Seus filhos, ao ouvirem o som de um avião, correram para dentro da casa para perto da mãe: Mama… mama… gritavam e choravam enquanto puxavam a sua saia. Tá vendo? Eles ainda estão traumatizados – ela me disse.

Logo as crianças voltaram a brincar com os brinquedos usados que levamos e Seu Ali voltou a sorrir e a conversar. Este foi meu primeiro contato. Agradecidos, nos levaram até a porta e se despediram com um sorriso, Respirei fundo e os deixei, tendo apenas o conforto de que pelo menos por mais alguns dias eles terão o que comer e dormirão melhor.

Além das necessidades materiais, muitos estão com medo. Com o passar do tempo, Bashar Al Assad não se mostra enfraquecido. O fluxo de refugiados continua aumentando e o povo teme ao imaginar o que vai sobrar da Síria.

Continuamos nossa estratégia de abençoá-los, orar com eles, ministrar a Palavra e com os que já estão no caminho, um acompanhamento mais próximo.

Ontem soube que os barulhos mais distantes e profundos que é possível ouvir quando resta apenas o silêncio do deserto, nada mais são do que explosões dos combates das cidades de Damasco e arredores. Estamos apenas uma hora de distância de carro da capital Síria onde nos últimos dias sangrentos embates aconteceram. Isso explica o movimento de caças sobre os céus da cidade. Era a força aérea nacional patrulhando a fronteira.

Tenho muita história para contar, mas vou ter que parar por aqui. O que quero mesmo é pedir oração. Irmãos, ore por conversões genuínas, por frutificação das sementes plantadas e por recursos. Mantimentos são caros e ninguém aqui tem recursos próprios. Somos um grupo de valentes do Senhor atuando pela fé. Deus tem feito milagres através de vocês. Que este milagre continue. Minha conta tá zerada, mas quando sair para trabalhar, quero crer que vou ter recursos lá para mais uma semana. Deus pode fazer isso, não pode? Ele tem feito isso.

Ore por nossa saúde e proteção também.

Obrigada pela paciência em me acompanharem nesta jornada. Obrigada por serem meus amigos mesmo a distância.
Do deserto, sua irmã e amiga,

Raquel Elana

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