Não sou eu que hei-de pregar o nascimento de Cristo. O mesmo Cristo nascido é que há-de pregar o Seu nascimento. Mas como pode ensinar o que não fala? Como ensina este Orador mudo? Assim disse o anjo aos pastores: Achareis o Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. Os pastores entenderam e declararam: Vamos a Belém e vejamos esta Palavra, que é feita! Não dizem “ouvir” mas ver”. Porque as palavras do Divino orador não são palavras que se ouvem mas palavras que se vêm. O dizer de Deus é fazer.”Disse Deus: faça-se luz”. E a luz foi feita . E Deus viu que a luz era boa”.
O nosso Divino Orador de Belém, assim como Deus antes de ser homem falara interiormente aos corações… Também o Menino ensina sem palavras porque fala aos olhos. Não ensina com VOZES. Mas ensina com AÇÕES. Não ensina o que diz mas prega o que faz, não diz palavras mas fala obras. E o que ensina nosso Orador Infante? Virá o tempo em que abrirá a boca para ensinar. Há-de dizer com palavras ” bem aventurados os pobres”. Isto é o que já está ensinando com o presépio com as palhas e com a falta de todo o necessário. “Bem aventurados os mansos” e ei-lo com as mãos atadas. “bem aventurados os que choram” e isto já está ensinando com as lágrimas e gemidos de recém nascido. Que brados, que exclamações estão dando contra o mundo, os silêncios deste Orador mudo! Mas assim como sua voz será ouvida por muitos surdos com ouvidos suas ações são mal vistas e pior imitadas por muitos cegos com olhos.
“O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça Mt 8:2, Lc 9:58“. E tu edificas Palácios Magníficos e medes os pórticos pela tua vaidade em vez de medi-los contigo. (S. Agostinho). Que coisa mais indigna, que vendo ao Deus do céu feito tão pequenino, o homem queira ser grande! Que coisa mais intolerável. Quando a Majestade se encolhe que o verme se engradeça. (S. Bernardo).Mas faça isto o mundo cego .E nós a quem Ele por Sua vontade abriu os olhos que faremos? Os pastores foram ver e passaram; Os magos foram ver e voltaram à sua terra. E o que fez a estrela guia e mestra dos magos? Foi a Belém,chegou ao presépio, e ali parou. Imitemos a estrela! Vamos a Belém e vejamos o Verbo.
Texto de António Vieira.
Fraternalmente
casal com uma missão,
Amílcar e Isabel Rodrigue