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O Imperialismo Evangélico e as “Pequenas Misses SunSheeva”

Mesmo quem não assistiu ao filme “Pequena Miss Sunshine” dos Diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris, onde uma desestruturada família foge de sua realidade conturbada levando a filha caçula a competir num concurso de pequenas Misses, já ouviu falar ou mesmo ficou chocado com as cenas dos concursos que são uma marca da nação norte americana; um retrato de uma alienação forte e insana; Mais uma deturpação oriunda do “American way of Life”; O sonho americano que virou pesadelo para americanos e para o resto do mundo; O imperialismo “Yankee” que manda e desmanda e ainda atribui a Deus os seus desmandos.

Nos concursos, a projeção das mães sobre as filhas é explicita e choca.  As pobres crianças que a esta altura, também se julgam “ricas”, passam a defender o que lhes foi proposto e não precisa ser nenhum profissional ou profundo conhecedor de toda a psique humana, para reconhecer os malefícios de tal prática, bem como todas as outras que negam à crianças uma vida de acordo com sua infância; Quer sejam pequenas misses, protótipos da mulher perfeita americana, ou pequenas “Piriguetes”, como vemos Brasil a fora…

Nos moldes americanos do “mundo perfeito”, da “nação escolhida”, talvez estejamos cada dia mais, – por mais distante que estejamos socialmente deles -, fazendo o mesmo caminho insólito; O caminho do sonho “cristão”, do reino a partir do estado e povo separados e, talvez estejamos caminhando para a mesma decadência em que os USA, estejam mergulhados…

Eu poderia citar, não levando em conta toda a cultura que absorvemos através dos missionários norte-americanos, que tentaram implantar sua marca aqui, mas trazendo à memória, tudo o que pensamos ter adquirido no tão falado e bem mais recente “avivamento Brasileiro”.

Segundo seus defensores, estamos finalmente navegando “de vento em popa”, em mares nunca antes navegados e com a promessa de atracarmos na “nação Judaico-cristã-evangélica-única-do reino próspero de Deus!”.

Como os americanos, até onde alcançamos, já mandamos e desmandamos em nome Dele e, se ele permitir, acabaremos em breve, até com a Argentina, embargando de alguma forma sua arrogância “latino-sub-francesa-americana”, afinal, o avivamento chegou foi aqui no BRASIL; o MAIOR país da américa latina!!

Tivemos uma boa “escola” quando os missionários vieram nos trazer uma aproximação à palavra de Deus, mas como “bons brasileiros cristãos”, cheios de uma subserviência, antagonicamente mesclada ao “Jeitinho”, deixamos de lado o que nos importava como boas novas e nos apegamos ao “sonho” que, se para o resto do mundo que sofreu com ele não passa de um pesadelo, para os crentes “prósperos”, sua realização está às portas!

Daí, nos damos o direito às sandices que, a exemplo dos “Yankees”, também não percebemos o quanto são inúteis, alienadas e patéticas.

Um bom exemplo disso é o ministério de muitos homens e mulheres “de Deus”.

Mais especificamente, nesta semana,  um novo flash da imagem do “sonho evangélico”, se deu na afirmação da Pregadora Sara Sheeva em uma de suas reuniões de princesas onde posava para uma foto com algumas crianças que, vestidas como ela, pareciam já ganhar ares “Sheevistas”.

(A não publicação da tal foto aqui, é claro, se dá por motivos óbvios; Leia TODO o artigo)

 

Mais triste no entanto, foi sua inocente afirmação na legenda da foto em sua página no Facebook:

 

“Querem ver uma coisa linda?? Muitas mães levam as meninas pré adolescentes ao Culto das Princesas para aprenderem bem cedo como agradar ao Senhor!  Apesar da palavra ser forte e explícita sobre relacionamentos, as meninas de hoje não são como as de “antigamente”, elas crescem rápido tendo conhecimento precoce de certas informações, e por isso não podemos ignorar essa realidade. Quanto mais cedo “blindarmos” as nossas filhas com o conhecimento da Palavra, melhor pra elas!…”

 

Respeito o gosto da pregadora e agora mais do que nunca, “consultora para assuntos femininos e pré-matrimoniais” ,  mas convenhamos, gosto é gosto!

Eu até achei interessante a sua busca por um estilo “Vintage”, pois particularmente curto muito o estilo e até como um bom hipster, busco o mesmo, fugindo do “óbvio”, mas que isso não seja uma forma de alienação.

Queira Sara Sheeva demonstrar seu gosto pessoal e fomentar sua fórmula de “espera-marido”, segundo suas “revelações” para o público que a aceita, vá, lá…

Mas começar a difundir uma cultura alienada em meio à crianças que mal tem tido em suas famílias uma ideia clara do que é ser família, é um pouco demais!

Eu poderia falar de todo o contingente que precede a tais hábitos quando fomentados, mas nem é necessário; Apenas, me  atenho ao novo “Mundo das Princesas” e à sua parcela aos “reino dos crentes” (pois de Deus, este nunca foi).

 

Vejamos:

Como ficam as pré-adolescentes que possuem gostos diferentes, no cenário em que as mães, tal como nos concursos americanos, projetam seus sonhos a elas?  Passam a serem vistas como fora do padrão, como já acontece com quem não se “enquandra” no novo perfil de “Princesa”??

Como fica a cabeça de uma criança que não está nas rodas do “piriguetismo”, mas que ouvirá desde cedo que o homem que age de um certo jeito é “cachorro”, simplesmente?

 

Às que desejam entrar no seleto “mundo das princesas” (porque por mais que se fale que a visão é de “Santificação”, em grande parte, tudo na atual igreja é uma questão de mercado), e não podem por questões diversas, participar dos encontros de solteiras e solteiros “príncipes”, – os que decidiram esperar e esperam em sua maioria no “principado” da alienação do resto do mundo; – O que dizer a elas para não perpetuar o separatismo que as religiões e inclusive a igreja evangélica em sua maioria sempre fez?

 

Eu lhe pergunto:  Não está sendo no mínimo, inocente e mais uma vez, “alienada”, a pregadora que vem trazendo a si, um bando de moças que podem até ser futuras “princesas”, em seu ideal evangélico, mas somente de um “reino” que na verdade, não passa de um “estado”, uma “religião” como tem sido??

 

“ …Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”.

Romanos 14:17

 

Ora, para difundirmos o Reino, teremos que deixar de lado o que é “comida”; os hábitos que nos fazem “santos” e separados e fazermos como Jesus, que nivelou-se ao pecador ao invés  se opor a ele…

Para trazer o Reino, teremos que exercitar a justiça e para isso, muita coisa precisará chegar ao seu “eixo”; Muita vontade própria e preceitos que, na verdade são nossos, mas que insistimos em colocar em suas declarações a “falsificação” da assinatura de Deus, precisarão ser deixados de lado.

Para difundirmos o Reino de Deus, precisaríamos estabelecer a paz e não a separação e a guerra entre “princesas” e “piriguetes”; Para a difusão do reino, é preciso lembrar de seu fundador, que valorizava a alegria e o direito a ela; Direito que todo ser humano tem outorgado por Deus e cumprido por Jesus.

Se nos aproximássemos dele como é da sua vontade, como crianças, não escandalizadas como as citadas acima, mas como crianças que naturalmente não fazem diferença entre seres humanos, então veríamos que estamos caminhando para outro lado, para o lado do nosso sonho e não dos sonhos de Deus…

 

Como os americanos, estamos “cegos”, também caminhando para o sonho que não vemos,mas que para o resto do Brasil, já se tornou um pesadelo.

 

Rogério Ribeiro.

 

 

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