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O extremista islâmico em mim

Uma das coisas que as diversas teorias de Relações Internacionais que eu tanto estudo se propõem a fazer é compreender o sistema internacional e a forma como os diversos atores que nele atuam agem. Para isso, faz-se necessário estabelecer alguns pressupostos acercas da condição do homem e o que o conduz suas ações. Grande parte das teorias consideram que os homens são guiados pela razão e é isso que define se um Estado entra em guerra ou não, por exemplo. Entretanto, há diversos casos que não são possíveis de serem explicados unicamente pela razão. Um deles, que gera bastante discussões e me sensibiliza bastante é o extremismo islâmico.

Não é fácil para nossa mentalidade ocidental compreender o que leva jovens a deixarem tudo para explodirem seus corpos a fim de matarem milhares de mulheres, idosos e crianças inocentes. Isso é certamente algo que não podemos compreender de forma racional e a meu ver revela um dos grandes problemas da nossa geração, principalmente dos cristãos.

Já li vários autores que afirmam que as principais causas do extremismo islâmico são razões econômicas e sociais. Uma vez que os países islâmicos apresentam altos índices de desemprego entre os jovens, sendo essa uma forma de fugir da realidade vigente. O que motivaria esses jovens a cometerem suicídio e ao mesmo tempo assassinato seria a recompensa que eles teriam no céu; em outras palavras, sexo durante toda eternidade. Essa tese, porém, não justifica a vida de Osama Bin Laden, que apesar de ser riquíssimo abriu mão de tudo o que tinha em nome do Islã.

Assim, acredito que o que realmente move milhares de jovens muçulmanos a gastarem suas vidas realmente não se pode ser explicado pela razão. É algo muito maior que os motiva. É uma paixão que os consome. Um desejo de não desperdiçarem suas vidas, mas gastá-las por algo muito maior do que eles mesmo. No caso, a destruição do Ocidente e a implantação de um califado islâmico em escala global. É essa a agenda da Jihad, que por mais terrível que seja, para eles é a solução dos problemas da humanidade.

Sinceramente, saber disso me entristece profundamente. Desde que passei a perceber os radicais islâmicos dessa forma não pude mais me olhar no espelho e não ver um deles em mim. Como diz uma amiga minha, eu sou tão radical quanto eles na defesa daquilo que acredito, e isso é verdade. Assim como eles, não amo minha vida nem tenho medo da morte. Dia após dia tenho decido não mais viver por mim mesmo e também sonho “desperdiçar” minha vida por algo maior do que eu mesmo. Eu realmente creio que um dia todas as nações se converterão ao Cristianismo e o Reino de Cristo será completamente estabelecido na Terra (não quero entrar no mérito se antes ou depois da vinda de Cristo, o fato é que acontecerá, segundo a Bíblia). É isso o que me motiva a viver. Ou seja, assim como os radicais islâmicos também vivo pelo estabelecimento de um Reino global e racionalmente não há explicação para alguns escolhas que tenho feito. Mas o que me diferencia deles? Ou, o que deveria me diferenciar deles?

Tenho plena convicção de que a Bíblia é a verdadeira revelação de Deus e sigo um homem que não apenas mudou a História do mundo enquanto viveu, mas que ao subir aos céus deixou aos seus seguidores a missão de discipular as nações através da pregação do Evangelho. São os ensinos de Jesus que tornam diferente de um extremista islâmico.

Jesus, o Deus-homem embora firme em Suas convicções não era arrogante ao mesmo tempo desafiava os religiosos de Sua época por defenderem uma ortodoxia correta, mas impiedosa. Ele era um homem que cumpria a Lei e odiava o pecado, mas ainda assim era capaz de olhar com amor aos pecadores. Foi um homem que nunca casou-se, mas era pleno e satisfeito e nunca desrespeitou uma mulher. Nunca matou ninguém, mas ensinou seus seguidores a amar não apenas o próximo, mas também os inimigos.

Só por esta breve explanação está mais do que claro que não podemos comparar a vida de Jesus com a de Maomé. Ainda assim, embora eu siga um homem perfeito, eu ainda não sou totalmente como ele, e muitas vezes realmente ajo como um extremista islâmico, como se a vinda do Reino que tanto anseio dependesse de mim ou se desse através dos meus próprios esforços e à base da minha força. Quantas vezes não sou como os discípulos que desejaram que Deus mandasse fogo dos céus a fim de consumir os samaritanos que não acolheram Jesus*… Mas aí sou lembrado de que Ele não veio para destruir vidas, mas para salvá-las.

Sim, sei que sou radical a ponto de morrer como um extremista islâmico. Mas diferente deles, não quero matar. É por isso que estou disposto a entrar em uma nova Cruzada contra os muçulmanos, mas dessa vez, as únicas armas que estou disposto a usar são o Evangelho e o amor. Estou disposto a morrer, mas não a matar. Não preciso ser um mártir para obter a vida eterna e o céu para mim significa muito mais do sexo. Mas possa ser que isso me seja necessário a fim de que meu amado receba as nações por herança e tenha Seu nome magnificado entre as nações. É isso o que o me motiva. É isso que me diferencia. É o Deus-homem. É o judeu-palestino. Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo!

*(cf. Lc 9.51-56)

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