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O debate dos clichês

Assisti boa parte do debate entre os presidenciáveis ontem a noite! Boa parte, primeiramente, porque meu filho não me permitiu assistir o início e depois, porque eu mesmo não quis ver o fim. 
Quando vejo debates políticos, minha busca é sempre por algum traço de sinceridade, algo que me conecte com o candidato e que me lance algum fio luminoso de esperança. 

Neste debate, no entanto, o que consegui sentir foi o poder do clichê! Foi um debate sem grandes surpresas, tudo muito previsível, pra mim.

Achei o discurso da Luciana Genro, por exemplo, bastante coerente com as ideias de seu partido e com sua jornada política, que acompanho de longe, desde os tempos em que vivia no sul. O fato é que ela segue uma linha bem clara, tentando trazer à tona os temas homofobia, liberação da maconha, guerra contra os porcos capitalistas etc. (que são a cara do Psol!). Tudo soou quase que como uma obrigação partidária, tipo, ela tinha que falar naqueles assuntos pra mostrar que é uma verdadeira comuna de 50 anos atrás. Puro clichê!

Outro que é um “clichê só” é o Pastor Everaldo. Bem tipo ‘irmão querido’ mesmo! Representante claro e evidente deste grande segmento social, os evangélicos, ele fez largo uso do vernáculo comum desse meio tão peculiar. Acho sua candidatura um sintoma óbvio do crescimento do segmento e algo extremamente democrático, embora soe, pra mim, como mero oportunismo, pois não acredito no amado irmão em Cristo na presidência da República.

Já o Fidelix, Sancho Pança brazuca, com seus ideais exóticos, não sei a quem representa neste vasto Brasilzão, mas é evidentemente mais uma figura controvertida a compor o picadeiro desse circo político brega tupiniquim. O que comprova minha tese do clichê!

O candidato do PV, não lembro o nome e não quero lembrar, leva jeito de ser bom parlamentar, daqueles idealistas engajados e tal, mas não vai emplacar nunca no principal posto executivo da nação com uma visão tão polarizada de mundo. Ponto contra pra ele é ficar recebendo elogios do Aécio. Cruzes!

Aécio, com aquela cara de bom moço… bem, as últimas pesquisas mostram bem que ninguém acredita nele e que o povo brasileiro não quer mais política do café com leite no poder, a qual, ele próprio chamou de velha política, tentando inutilmente ressuscitar os nomes de políticos old school, como o de seu avô, Tancredo. Que clichê!

O que dizer da Dilma, pobrezinha, apática, defensiva, sem brilho, cansada, incapaz de causar algo de esperança no povo brasileiro. Só dando explicações, tentando sair do encurralamento. 
Acho que boa parte do povo não quer mais a Dilma e que nem Lula poderá salvá-la. Só havendo umas dessas reviravoltas no picadeiro, daquelas que surpreendem a todos, como uma nova morte por acidente.. sei lá!

Resta Marina, a única que fala de forma a despertar gotas de expectativa, pois fala com tom de propriedade, de ter um projeto definido, o que traz uma pequena força de convencimento, podendo significar alguém com um isqueiro no meio dessas trevas densas políticas da nação.
Com aquela cara de professorinha de primário, das bem bravas, Marina tem alguma empatia com algo bem entranhável dos brasileiros e as últimas pesquisas revelam que, hoje, mais do que nunca, chegou sua vez. Ganhando, seguimos a lógica da revolução popular brasileira, que começou com o Sindicalista pobre do Nordeste, a Guerrilheira e agora, pode emplacar uma representante genuína dos povos da floresta. Isso é pura América Latina!

Foi o que consegui captar desse primeiro debate, realizado no mesmo dia da pesquisa bombástica do Ibope, que coloca Dilma e Aécio em queda livre e a Marina em franca ascensão.
O povo clama por alguma mudança e caminha intencionalmente nessa direção.
Neste Brasil de pão e circo, onde tudo na política parece tão clichê, pinta um clima que demonstra seu amadurecimento eleitoral continuo, o qual, se comprovado, conduzirá a inevitável escolha da única ‘coisa’ viável para que os rumos da nação continuem no processo de mudança, que é Marina.

Eu, particularmente, ainda tenho dificuldades de acreditar nela, sobretudo com essa aura messiânica (outro clichê), fortalecida pelo acaso  – ou não – de sua não entrada no avião que caiu, mas tenho que admitir que a ‘mudança’ é ela e mais ninguém, ao menos neste momento.

Oremos pelos nossos políticos e pelo nosso Brasil!

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