Colunas

O caos da guerra – Meu relato missionário da fronteira da Síria com a Jordânia

Os dias por aqui passam rápido, mas as vezes debaixo do sol, a sensação é de eternidade. O calor é intenso. É o calor do deserto. Preciso me acostumar pois por aqui quanto mais roupas vestir, melhor.

Hoje é o primeiro dia do mês sagrado para todas as nações islâmicas – o Ramadan. Até o pôr do sol, quase 1 bilhão de pessoas em todo o mundo deverão observar o jejum total. A noite comem, bebem, confraternizam e apesar da abstenção, é um dos meses que mais engordam.

Caridade e boas ações devem permear esta época que segundo a tradição é a mais propícia para o perdão de pecados cometidos. As boas ações compensam as más ações. Por isso, neste mês lembram dos pobres e menos desfavorecidos. Entretanto, esta aura de boas intenções parece não ser suficiente para alcançar os milhares de refugiados que por aqui continuam lutando pela vida.

Alegria e tristeza tomaram conta de mim ao rever algumas das minhas famílias e suas dezenas de crianças. De alguma forma, pensei que com o tempo estariam mais estabilizadas na nação. Grande foi minha surpresa ao saber que algumas crianças emagreceram, suas roupinhas continuam rasgadas e que leite e biscoito continuam sendo itens de primeira classe. Escolas, estudos, brinquedos? Nem pensar. A grande maioria não sabe o que é isso.

Na foto: Fátima e M. Moram com seus 10 filhos e suas respectivas famílias (divididos em 5 tendas) no deserto próximo a Jaber, há poucos kilômetros da fronteira. Aliás, de suas tendas é possível ver ao longe a cidade de Dara’a e as montanhas da Síria. Foi nesta pequena cidade fronteiriça que as primeiras batalhas começaram há mais de 3 anos atrás. Todas as noites por volta das 22hs, eles ouvem os barulhos das bombas e explosão. Tem muito medo, mas não tem para onde ir. Precisam morar ali, pois na cidade não teriam dinheiro para o aluguel, já que mal tem para alimentarem-se.

No meio de toda esta situação, tem sido cada dia mais difícil para mim dizer não para novas famílias. Mas preciso ser forte, pois não tenho como ajudar a todos e quero ter um relacionamento mais próximo com os que já visito. Aliás, tenho tido um bom tempo compartilhando, orando, conversando e tentando plantar a semente no coração dessas pessoas que aprenderam culturalmente a não aceitar o Senhor como Messias e o Filho de Deus.Alguns me dizem:Não, Rahil (Raquel), nós acreditamos no Messias. Ao que eu lhes respondo: Pois é a Ele que vocês devem orar e pedir ajuda. Ele é o único com poder para realizar o milagre de que necessitam… 

Na foto: Samea. É uma das filhas de Fátima e M. Ela mora num bairro afastado na cidade. O marido retornou a Síria para lutar, na esperança de que vai conseguir algum dinheiro ou propriedade. Tanto Samea quanto seus filhos emagreceram muito e estão totalmente dependentes de ajuda, que na verdade, quase não existe. 

As necessidades financeiras e materiais são muitas. Só Deus sabe como continuam vivendo. Mas maior do que tudo é a necessidade espiritual que possuem de amor, de consolo e salvação. Nada se compara a isto!

Não se esqueça de que você pode fazer parte disso, orando por mim para que Deus me dê sempre saúde e sabedoria nas decisões. Orando também por eles, para que a cada visita e atendimento sejam cheios do conhecimento do Senhor e o maior milagre possa ser realizado: o da salvação.

Você pode fazer parte contribuindo, enviando uma oferta seja de qualquer valor, pois os gastos são diários. Sua oferta representa alimento para o corpo e para a alma destes desalojados por uma das guerras mais infames que a história moderna já viu. Deus me trouxe aqui para que possamos fazer parte desta história de salvação e misericórdia.

 

Desejando contribuir entre em contato, ou deposite diretamente no Bradesco Ag. 2465-1 C/C 0027504-2

Raquel Elana Maia de Oliveira

Peça meu CPF, se desejar.

 

Vou ficando por aqui, pois é hora de trabalhar.

De sua irmã na fronteira,

Raquel Elana

 

Sair da versão mobile