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O bem da vida

“a vida do homem não consiste na abundância dos bens que possui”.

Jesus de Nazaré

Definir “vida” é uma tarefa bem complicada, mas numa busca simples pelo verbete na internet, encontrei a seguinte descrição, que me foi bem satisfatória para o que quero escrever: “o estado de atividade incessante comum aos seres organizados; o período que decorre entre o nascimento e a morte; p. ext., o tempo de existência ou funcionamento de alguma coisa”.

Isto, “vida” é um tempo de existência de alguém, ou seja, sua atividade entre os outros vivos, por isso ela é algo tão precioso. Não há nada mais caro e importante do que a vida e disso se toma a real compreensão quando nos vemos diante de sua antítese, a morte.

Esta última, representante legal do fim das coisas, significa a raia final da existência humana sobre a Terra, colocando um limite derradeiro em tudo e todos. Isto é fatal! Todos estamos fadados a nos encontrar com ela um dia e penso que esta espécie de contagem regressiva temporal/existencial/vital/mortal, com a qual somos obrigados conviver (e um dia con-morrer), deverá disparar o gatilho de nossas reflexões, ao questionarmos sobre o que estamos fazendo com nosso maior e mais caro patrimônio?

Gosto da maneira como o escritor da Carta aos Hebreus, da Bíblia, coloca a fatalidade da morte/vida. Ele diz que “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo”.

Ora, ele não disse que nos é dado viver uma só vez (certamente porque esperava por uma nova vida, em uma nova dimensão), mas ele fecha com Jesus, seu Senhor e nosso, quando diz que haverá uma morte e que, após essa morte, todos serão julgados. Julgados pelo quê? Pela vida, lógico!

É curioso que, embora vivamos em constante flerte com a morte, tenhamos tão pouca coragem ou vontade de encará-la. Um salmista chegou a dizer: “por amor de ti, somos entregues à morte todos os dias”, dando a marca evidente de uma existência que está sempre por um triz.

Afunilando meu discurso, tenho visto minha geração viver incríveis sonhos de créditos e consumos, gastando suas vidas em busca de uma série de elementos tão incrivelmente etéreos, que fico estarrecido ao observar o quanto de emocional, psicológico e, óbvio, financeiro se investe em certas coisas que, de fato, não têm valor algum.

Numa sociedade em que as vestes falam mais sobre alguém, do que suas próprias ideias, ou onde um carro demonstra mais sua importância do que suas palavras e atos, não é pra ficar admirado quando se vê pessoas assinando contratos milionários, vendendo praticamente suas almas (sua paz de espírito, sua harmonia doméstica, sua tranquilidade ao travesseiro) para a obtenção de um bem de consumo como um carro novo, uma bicicleta top de linha, um eletrônico de última geração, ou um instrumento musical.

Todas as coisas materiais são legais, algumas delas têm sua importância, mas como pessoas espirituais – falo como se para meus irmãos – devemos estar mais antenados às coisas do alto, às eternas, invisíveis, do campo da fé e, renovados em esperança, precisamos voltar nossas mentes às palavras do Messias. Foi ele quem disse: “sua vida não consiste na abundância dos bens que possui”.

Abra sua mente, pense, como disse Paulo de Tarso, “nas coisas que são de cima e não nas que são da terra”; expanda, enleve-se, inspire-se, cante, medite, leia, aprofunde, saia do vago, do raso, rompa com a mediocridade aniquiladora de sonhos, a qual, muitas vezes, tem agido de forma a obrigar pessoas a viver atreladas em eternos refinanciamentos, para manutenção de um ‘status quo’ ridículo, sustentado por massivas propagandas.

Cristo, nosso libertador, veio ao mundo para nos mostrar um novo caminho de vida aqui na terra! Integre-se ao projeto do Messias, pois isto não quer dizer que devemos abrir mão de nossos cuidados estéticos, ou dos prazeres de obtermos coisas legais desta modernidade. Continue vivendo neste mundo natural, com naturalidade, mas, para isto, aprenda a dar passos cuidadosos, que não irão torná-lo uma presa nas mãos de ferozes aves de rapina.

Liberte-se, não seja mais um prisioneiro nas mãos de uma sistema de coisas dementador. Rompa com o consumismo desenfreado e viva sua vida em liberdade plena.

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