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O Apartheid da Santidade

Uma ideia fraca acerca da santidade vem sendo difundida e aceita por grande parte dos cristãos de muito tempo pra cá.

É a pregação de um evangelho comportamental, do sim e do não, dos catecismos, do certo e do errado que sondam nossas mentes, nos trazendo grandes avarias na pregação da Boa Nova.

Cristãos fazem votos sacrificiais, abstendo-se de alimentos, de bebidas, de práticas convencionadas como imundas e, com isto, formatam um conjunto de regras com o qual conseguem distinguir com convicção o santo do profano.

Poucos entendem que, de fato, essa separação de bons e maus é uma prática de manipulação mental, que visa somente estabelecer elites que possam se sobrepor à plebe. Pois quando se separa o santo do profano, se cria a idéia de cleros e leigos, a qual fomenta um estado de segregação, neste caso, segregação espiritual.

Sob um sofismático achismo de que práticas de santificação conduzem a um estado superior de espiritualidade, crentes fazem longos jejuns, castigam seus corpos e almas com a abstenção de elementos que gostam de ingerir, oferecendo sacrifícios ao seu senhor, os quais, por fim, conduzem eles próprios a um status quase angelical.

Sob esta ótica, não diferimos em nada daquelas religiões bizarras da Índia, nas quais monges que se punem com armas e estados perpétuos de angústia e dor, sendo procurados pelos “normais” atraídos por seus supostos dons sobrenaturais.

Para sustentar essas práticas, cristãos utilizam uma série de textos extraídos da Bíblia, tanto dos livros velhos, quanto dos novos (VT e NT), a partir dos quais balizam teologias de apartheid espiritual, definindo quem são os sacerdotes e quem são os comuns, quem são os santos e quem são os profanos.

Paulo escreveu aos crentes de Éfeso que eles deveriam “se revestir do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade” e, para isto deveriam renunciar a mentira, a cólera, ao roubo, a maledicência, a amargura, a indignação, a calúnia e a malícia, perdoando sempre uns aos outros. Efésios 4:24-32

De todos esses itens acima relacionados pelo Apóstolo como sinais de vida nos santificados, não há um sequer que não seja produzido naturalmente em alguém que sofreu um novo nascimento.

Ele não está propondo um código de conduta, que envolve certo e errado. Ele está dizendo que há um resultado na vida humana quando alguém é revestido do novo homem, que é a santidade e a santidade é notória quando um ladrão se torna ex, quando um mentiroso não mente mais, quando uma pessoa iracunda torna-se pacífica.

Concluindo, a santidade é um revestimento espiritual adquirido e desenvolvido com o conhecimento contínuo da Verdade, que é Jesus.

Ora, se a Verdade é uma pessoa, então, a santificação se dá através de uma relação dinâmica, íntima, direta com Ele próprio.

Aliás, o próprio Jesus foi “declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos”, ou seja, um poder sobrenatural transformou e revolucionou sua realidade.

Tudo bem se você, como Marta, prefere fazer, e fazer, e fazer um monte de coisas, ao invés de, como Maria, ouvir e aprender a revelação da verdade, sendo por ela transformado. Eu escolhi a melhor parte, a qual não poderá ser tirada de mim nunca.

Sei que os adoradores dos livros de teologia sistemática acharão meus pensamentos frágeis e mal elaborados, mas eu gostaria mesmo que eles pegassem esses velhos livros cheirando a naftalina e os queimassem, pois essas estruturas pré-moldadas de nada servem na construção de uma casa pra Deus, pois Ele é Espírito e não mora em casas construídas e decoradas pela destreza de artífices humanos.

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