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Nivea Soares e o “Novo de Deus” – a eterna angústia da alma humana

Nívea Soares é uma das vozes mais expressivas que temos hoje no Brasil. Impecável com seus graves perfeitos, é uma das poucas que não desafinam em suas apresentações (“ministrações”). Nesse mercado poluído por agenciadores, promotores, terceirizadores, gravadoras, empresários, assessores e toda a máfia que vai onde o lucro está, Nívea é uma das poucas que não tem seu nome envolvido em escândalos promocionais, que não coleciona fotos com celebridades midiáticas e nem as usa para promoção pessoal. Ela segue fazendo seu trabalho sem ataques de megalomania, sem liberar “novas unções” e novas profecias que nunca se cumprem mas que servem a propósitos marqueteiros.

Não, ela nunca está no meio disso.

Seu marido além de ser um excelente produtor musical (e um “musico” genial), encaixa-se perfeitamente em seu ministério desenvolvendo diferentes funções.

Em suas canções de composição própria e nas versões que costuma gravar dificilmente encontramos devaneios psicóticos ou heresias profundas.

Na verdade, uma de suas canções que leva o nome de “Glória e Honra”, me toca profundamente por carregar em si, a essência do verdadeiro coração missionário. A letra que diz: Tu verás o fruto do teu penoso trabalho e te alegrarás…” é de cortar o coração de qualquer missionário e dos que estão envolvidos na missão de forma integral. Como missionária posso afirmar, que aquele que deixa sua própria vida para trás por amor das nações e do desejado das nações, não está a procura da “prosperidade” e nem de multiplicar seus ganhos pessoais. Geralmente é o contrário que acontece. Este missionário só deseja uma coisa e uma coisa só: ver o fruto do seu penoso trabalho. Quando isto acontece, todo o sacrifício vale a pena.

Na vida real, no entanto, o verdadeiro fruto pode demorar a chegar. E há casos também onde o missionário retorna à casa do Pai, sem ver o fruto do seu trabalho. Só a próxima geração colherá deste fruto. Por isto, a canção nos abençoa tanto. Pois ela nos traz esperança e certeza de que um dia, senão aqui mas na Eternidade, veremos o fruto. Glória a Deus.

O Novo de Deus e a angústia da alma humana

Por minha passagem em Belo Horizonte, deixei a televisão descansando no canal da Rede Super. Enquanto me arrumava para sair, parei para acompanhar o programa de Nívea. Lá estava ela, cantando e refletindo sobre as dificuldades da vida: “Nenhuma aflição ou tribulação que podemos passar nesta vida se compara a glória de Deus” – disse ela. E estava certa. Continuou dizendo que: “Há um novo nível de Deus para o Brasil”. E foi só nisto que não concordamos.

O que há de mais novo para o Brasil? A alienação evangélica

Já disseram que seríamos o celeiro missionário do mundo e não fomos…

Já disseram que nossa economia seria a maior e já estamos em crise…

Já disseram que seríamos referência para as nações e neste caso, já somos (de corrupção, desigualdade social, injustiça, saúde pública falida e outras cositas más).

Tanta grandeza e tanta megalomania disfarçada de revelação espiritual não começou com Nívea Soares. Ela apenas repete o discurso dos grandes pregadores e profetas que pregam o que o povo quer ouvir. Esta é a mensagem que atrai as multidões: o novo de Deus, o novo nível etc.

Eu já fui assim, por muitos anos, especialmente quando trabalhava numa famosa igreja pentecostal em Londres. As revelações eram inúmeras, as novas unções incontáveis, até o dia que percebi que quem caia no chão (eu nunca), levantada pior ou do mesmo jeito. Quem rolava e imitava animais, eram geralmente os mais problemáticos emocionalmente. Os que mais gritavam, eram os que enfrentavam os maiores problemas em suas vidas. Daí comecei a perceber que o que chamavam de nova unção, nada mais era do que uma histeria ou desabafo emocional de quem por diversas circunstâncias estava oprimido. Teve o caso de uma que caiu por que estava apaixonada pelo pastor e era a sua chance de literalmente cair em seus braços. Outra me disse que caiu por que tinha vergonha de não cair… enfim….rs….

No Evangelho, os conceitos de novo de Deus e novas unções não existem. A plenitude do novo que viria já foi revelado em Cristo Jesus e nenhuma outra criatura ou acontecimento ou profecia que possa a vir, o superará. A nossa unção é uma só e já está em nós no momento em que recebemos o Espírito Santo. O que muda é a capacitação para o serviço que desempenhamos. Nós amadurecemos e com o tempo descobrimos mais sobre nós mesmos. A nossa caminhada com Cristo é dinâmica e progressiva, não há nada de novo nível nisso. Eu mesma quando era menina falava assim. Mas cresci disso para uma revelação muito mais profunda do Evangelho de Jesus.

Enquanto buscam novas experiências emocionais, a Igreja se aliena cada vez mais e se afasta da missão.

Nunca vi uma estratégia diabólica tão eficaz quanto esta que o diabo está usando nestes últimos dias. A igreja está tão ocupada com seus eventos gloriosos, suas unções tremendas e seu barulho conquistador, que está deixando de praticar o Evangelho.

O Evangelho é vida, é ação e não puramente “mística”… A presença de Deus está conosco 24 horas por dia, mas insistimos em rituais e simbologias que possam nos trazer a presença de Deus. Enquanto crescemos como Igreja, o Brasil PIORA. Mas não admitimos isso. O diabo consegue nos alienar com todas as questões e heresias…

Anos vão se passar e milhões continuarão buscando o Novo de Deus. No entanto, quando buscamos o novo de Deus, estamos dizendo mesmo que de forma inconsciente que Jesus não é suficiente. Entenda: a alma humana nunca está em paz. Nunca está satisfeita e está sempre ansiosa. Este é nosso fardo depois do Éden. Sempre tem mais, mais e mais… É mais fácil buscar mais do que aprender a se contentar e a pacificar o coração em Jesus. Se Ele é a plenitude e não estamos bem com isso, o problema não está no “novo de Deus”, mas em nosso interior. Quantos e quantos cristãos buscam na ajuda terapêutica, solução para suas ansiedades e doenças emocionais. Não sou contra isso. Aliás, isto é mais sincero do que usar o Evangelho para dizer que não estamos satisfeitos, queremos mais de Deus. Na verdade, nós é que não deixamos Ele entrar em algumas áreas da nossa vida. Este é o nosso pecado.

Só nos resta viver o Evangelho nesta terra e orar para nisto sermos sucedidos. Só nos resta entender que caminhamos 24 horas na presença de Deus, nós “Não entramos” na presença de Deus, estamos nela. Mas onde está a nossa consciência? Se isso tivéssemos seríamos transformados e muito menos ansiosos.

Chega de Novo de Deus, que cessem as heresias geracionais….

Volta para o Evangelho óh Igreja!

 

 

 

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