O juiz federal, professor e escritor William Douglas, que escreveu em coautoria com Rubens Teixeira –colunista do Gospel + – o best seller “As 25 Leis Bíblicas do Sucesso” e a sua continuação, o livro “Sociedade Com Deus, publicou texto em sua página do Facebook que está dando muita repercussão.
No artigo, o escritor, apresentando-se como cidadão brasileiro, cobra, de forma dura, esclarecimentos a Petrobras acerca da forma obscura em que destituiu Rubens Teixeira do cargo de Diretor Financeiro e Administrativo da Transpetro, colocando em seu lugar Fernando Kamache, um ex-diretor da Refinaria de Passadena, aquela que foi comprada quando Dilma Rousseff era presidente do Conselho de Administração da Petrobras e a deixou em situação complicada politicamente. A seguir, estranhamente, vazaram informações internas de uma auditoria que alega que alguns diretores e gerentes tinham bandeiras vermelhas em seus nomes. Diante disto, Rubens Teixeira notificou o presidente da Petrobras e o diretor de governança para que venham a público dizer qualquer coisa que tenham descoberto a seu respeito. E, a Petrobras estranhamente se cala e nada diz.
Rubens Teixeira que foi diretor financeiro e administrativo da Petrobras Transporte por sete anos não responde a qualquer processo e pretende ir ao Judiciário para que o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, e o diretor de governança, João Adalberto Elek Junior, venham a público explicar o que sabem a seu respeito.
Inclusive foi criada uma Petição no Avaaz – que já foi assinada por intelectuais, juízes e personalidades – com o fim de que sejam identificados no Brasil os verdadeiros corruptos e que não se lance lama em cima de pessoas corretas.
Leia abaixo o texto de William Douglas, intitulado “Não chame homem honesto de corrupto (uma lição para quem faz assassinato de reputações)”, em que critica duramente a forma obscura e o silêncio da direção da Petrobras.
NÃO CHAME HOMEM HONESTO DE CORRUPTO
(uma lição para quem faz assassinato de reputações)
“Queridos,
Vou falar sobre a corrupção no Sistema Petrobras e sobre honradez.
Fui advogado aos 21 anos, Delegado de Polícia aos 23, e, em seguida, Defensor Público, Juiz e Professor. Acreditem: eu conheço bastante os meandros da maldade. Não bastasse tudo isso, frequento desde favelas até as altas rodas. Da favela, mudaram o nome, mas não a realidade; nas altas rodas, tirando a possibilidade de ser preso, nada mudou.
Veiculo aqui uma lição aos corruptos e aos irresponsáveis, aos que falam mal dos outros sem ter o curial e básico cuidado de não falar besteiras.
Eis a lição: se tem algo que não se deve fazer é chamar um homem honesto de corrupto.
Se você chamar um corrupto de corrupto ele vai negar, reclamar, dizer um monte de coisas por si ou por seu advogado, mas garanto: não vai insistir nas reclamações. No fundo, ele não quer ser investigado e por isso se cala. Sabe-se que aquele que tem culpa no cartório não vai além da protocolar arguição de inocência, de dar alguma desculpa e ficar quieto torcendo para que o escândalo seguinte tire o foco de cima dele. E, como não faltam escândalos no Brasil, tudo fica por isso mesmo. Por ser assim, num país cheio de corruptos, as pessoas estão acostumadas a ofender a esmo e sem qualquer responsabilidade. Mas, repito, não faça isso com um homem honesto.
Quem não se vende não vai ficar quieto se for ofendido, não vai querer que a coisa esfrie até passar tudo a limpo. Não, quem não vende contratos ou a coisa pública é diferente do corrupto. Este tem tudo, menos a honra; já o honesto tem uma casa menor, um carro menos luxuoso, viaja menos e não bebe o melhor do vinho que a França produz. O vinho caro do homem honesto é seu travesseiro, é sua consciência em paz, é poder olhar seus filhos sem ter vergonha do que fez no mandato passado. Isto é tudo que resta ao homem de bem. E, por incrível que pareça, e para alívio de um país cansado e desanimado, eis a notícia: servir e ter honra, sem se vender, é o que basta para alguns homens públicos.
Então, não tire do honesto seu bem mais precioso: sua honra. E honra é algo difícil de ser compreendido por aqueles que abriram mão dela em prol de algo vil, seja o metal, seja o poder. Ou o melhor vinho da França.
Sou amigo de Rubens Teixeira. Confiava em sua honestidade por mil motivos diferentes, mas nunca auditei sua vida. Só fiz as checagens possíveis antes de elegê-lo como meu coautor, e ele se saiu bem em todas. Sempre o vi dedicado à Transpetro, e quando vi seu relatório de atividades, percebi o quanto é competente e o quanto melhorou todos os índices de produtividade e qualidade da companhia.
Um dos meus orgulhos como seu amigo era ver que enquanto a Petrobras afundava em denúncias concretas de superfaturamento, a Transpetro seguia incólume. Muito mal, na época das eleições, vazamentos de uma auditoria errada deram o que parte da imprensa gosta: acusações, mesmo que sem provas e sem ouvir o outro lado. Ou seja, qualquer pessoa que compare as duas empresas verá que alguma coisa boa acontecia na Transpetro. Enfim, sempre tive muito orgulho de ver sua dedicação, seus resultados e, em especial, a inexistência de acusações sobre sua pessoa. E ele faz por merecer esse nome limpo. Não é um acidente.
Então, foi com grande surpresa que vimos, ao ser substituído do cargo de Diretor Financeiro da Transpetro, dizerem que era porque havia “suspeitas”, que era porque havia “bandeiras vermelhas”. Eles poderiam substituir o Rubens sem dizer nada, o cargo é demissível ad nutum, algo simples de ser feito. Mas não, era preciso passar a imagem de que alguma limpeza estava sendo feita, ou de que todos são corruptos, ou sei lá o quê, mas o fato é que tinham que denegrir a imagem de quem sai. O problema é que estamos diante de um homem probo: lançaram lama sobre quem usa trajes decentes. Isso não, isso não se pode aceitar. Não.
Desde a primeira hora, a população, acostumada a tanta corrupção, achou que era só mais um dentre tantos casos. A imprensa, fazendo mal seu papel, não ouviu o Rubens. Os que o acusaram não se preocuparam, eu suponho, já que, como se diz, “a manchete do jornal de hoje embala o peixe amanhã” e porque é bem difícil alguém insistir em apuração de denúncias. O problema é que quando se cospe em gente de bem, em gente que optou por não se vender, por não enriquecer às custas do povo, por não financiar campanha política (claro, sempre cobrando sua parte), a vítima das acusações vai querer que a verdade apareça.
Anoto que a imprensa costuma chamar o Rubens de “pastor da Assembleia de Deus”. Isto é modalidade de perseguição e intolerância, é apedrejamento por outra via. Qual a razão de a imprensa rotular o homem pela sua fé (como se isso o desabonasse) em vez de reconhecer seu invejável currículo? Por que não dizem que é Engenheiro Civil, que tem mestrado em energia /engenharia nuclear pelo IME, que é Bacharel em Direito, que tem Doutorado em Economia pela UFF, que tem obras publicadas, e, inclusive, prêmios por seu doutorado? Por que não mencionam que foi aprovado nos concursos para a AMAN, IME, EEAR, Oficial do Corpo de Bombeiros do RJ, TCU e Analista do Banco Central do Brasil?
Que vergonha, imprensa, que vergonha! Sempre defendi e defenderei a liberdade de imprensa, mas me entristece quando vejo que esquecem que se a liberdade da imprensa é importante, a responsabilidade com a verdade também o é.
Voltemos, porém, às dicas para quem quer assassinar reputações ou quer sustentar que “todo mundo faz”: informo com alegria que nem todo mundo faz, e não chame homem honesto de corrupto. Ele não vai se calar.
Pois bem, o fato é que já estamos há 90 dias da substituição do Rubens Teixeira. As notícias, algumas no Ministério Público do Trabalho, é que até a cárcere privado submeteram funcionários da Transpetro. Tudo para tentar achar alguma falcatrua, alguma sujeira, algum “por fora”, alguma coisa desse naipe. Mas, curiosamente, nada foi achado. Imagino que frustração deve ser para um quem acusa saber que, ao contrário do que se disse, não houve nada fraudulento. “Como é que pode ser isso?”, deve pensar. Mas e se for dito, de de forma leviana, que alguém é “suspeito”? Quem disse, vendo que errou, deve pedir desculpas, não? É o mais ético a fazer.
Pois bem, o Rubens Teixeira está há três meses, em sucessão de e-mails e notificações diretas e, agora, por cartório, insistentemente pedindo uma mesma e única coisa: “Digam por que vocês disseram que têm suspeitas contra mim, digam por que falaram em meu nome com ‘bandeiras vermelhas!’”
A insistência do Rubens é a dos homens honestos, é a dos homens que nada têm a temer, que nada devem. Para muitos, em um país onde pululam sem-vergonhas, essa pergunta é de um “louco” ou de um “chato”. Para um país envergonhado por tanta corrupção, essa pergunta é um alento. Se existiam “bandeiras vermelhas” e “suspeitas” sobre o bom nome do Rubens, por que não vieram a público?
Se depois de três meses de pesquisa, e, tenham certeza, de esmeradas pesquisas, algo se achou, porque não contam? Seria ótimo para a sociedade saber qual foi a suspeita, qual foi a falcatrua. E, claro, isso mostraria que a demissão motivada “por suspeitas” não foi feita com irresponsabilidade ou má-fé. Sim, não há outra possibilidade: ou você sabe que a pessoa é corrupta e a demite, ou não sabe, ou não tem provas, e nunca deveria ter acusado levianamente uma pessoa de bem. Aliás, nem aos corruptos se pode acusar levianamente. A única diferença é que os honestos reclamam bastante.
Pois bem, eu respondo usando minha experiência de 30 anos lidando com o Direito e com o serviço público: se estão quietos é porque nada foi achado. O problema é que o silêncio de quem acusou levianamente não limpa a mácula. O certo, o digno, o probo, o ético, o decente seria emitir uma nota pública, indicando as suspeitas ou declarando que nada se achou.
Se as suspeitas são mostradas, o acusado pode se defender; se o acusador admite que errou, o dano ainda existe mas se reduz drasticamente. Mas não, parece que o Sistema Petrobras não está interessado em ser ético aqui, e isso só pode ser feito agora de dois modos: ou mostra a suspeita ou oficialmente retira a pecha de suspeito.
Como eu gostaria de que algumas pessoas agissem como o Rubens. Eu gostaria muito de que todos os que participaram da compra de Pasadena, de Premium I e II, de Abreu Lima e do Comperj fizessem como o Rubens, que pede investigações, que quer saber qual é a acusação, que se coloca à disposição da imprensa para responder a toda e qualquer pergunta. Lamento também a imprensa cala, que parece que só quer ouvir quem tem medo de falar.
O Brasil merece e precisa saber que há homens públicos que não levam dinheiro e que, quando acusados de suspeitos, ficam meses insistindo para saber qual é, afinal de contas, a acusação. Nunca chamem um homem honesto de corrupto.
Aos que falam que Rubens é pastor, e é, mas não falam do seu currículo invejável, vale ler a Bíblia, a quem ele imputa seu sucesso profissional. A leitura de Provérbios 28:1 será bem útil: “Os maus fogem, mesmo quando ninguém os persegue, mas o homem honesto é valente como um leão”.
Há, no país, pessoas entrando com habeas corpus preventivo e dizendo temer serem presos. Não sei se é o caso, mas me lembra o verso. E há pessoas valentes, que não aceitam que tirem sua honra, porque a preservam e valorizam. Tire tudo do homem honesto; tire o cargo, tire a oportunidade de servir, mas jamais tire do homem honesto sua honra e dignidade. Se fizer isso, tenha uma certeza: ele não vai ficar quieto até que mostrem o que têm contra ele, ou peçam desculpas. Se em algum momento você achar que o Rubens está sendo “chato” ou “insistindo demais nesse assunto”, é porque a epidemia de pusilânimes e ladrões está prejudicando sua avaliação. Um homem honesto leva essas coisas à exaustão.
O Rubens (e eu, como seu amigo e cidadão) não vai parar enquanto o Conselho de Administração da Transpetro não revelar as tais “suspeitas” ou declarar publicamente que, mesmo após a demissão e três meses de esforços, nada tem contra ele. Espero que o presidente da Petrobras, que preside o Conselho de Administração da Transpetro, venha a público dizer quais são as suspeitas que mencionou ao demitir Rubens, ou se achou alguma após três meses de auditoria. Se não tiver, que diga que não acharam nada.
Rubens não tem a força política dos que levianamente o acusaram, nem conta com uma imprensa leal ao contraditório, que só se agrada de falar de corruptos e que parece não gostar de publicar sobre os homens de bem. Mas Rubens tem três coisas: um, insiste em que a verdade venha à tona; dois, é um homem bem perseverante; três, como pastor e cristão (qualidades tão regularmente citadas pela imprensa), também conta com a justiça divina, da qual habeas corpus algum haverá de livrar os que agirem mal.
Se Rubens Teixeira precisar ir para a Justiça dos homens para repor a verdade, sem problema, homens honestos não têm medo da Justiça. Ao contrário, é justamente a lei quem prevê a reposição da honra, as indenizações civis e as merecidíssimas reprimendas penais para os que levianamente desrespeitam a honra e a dignidade alheias.
William Douglas, na qualidade de cidadão.