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Naldo, o testemunheiro & Thalles, o marqueteiro.

Naldo e Moranguinho participam de reunião evangélica em Minas

Que a Igreja Evangélica Brasileira adora, vive e sobrevive de eventos, nós já sabemos. São “shows” patrocinados pelo governo (e as vezes não), conferências missionárias (nas quais tem de tudo menos missionário), Seminários de Intercessão – Libertação – Adoração, Cursos para Noivos – Casados, Solteiros-Descasados- Abandonados e até BaladaRavePancadãoForróbodóBeijinho no ombro Gospel. Tem também alguns cultos temáticos chamados de Fogueira Santa, Cavalgada Gospel e Encontros e Desencontros Mil. Na verdade, não há limite para a criatividade evangélica quando se trata de fazer um movimento e arrecadar uma grana. Tem desculpa e explicação para tudo nesse mercado.

Mas o mais fascinante é a cultura por trás disso. Tal cultura depende de 1 figura central para existir. Não estamos falando da pessoa de Cristo. Falamos da celebridade, do apóstolo, do homem ou da mulher de um determinado ministério que a partir de agora será o transmissor do Oráculo Divino, da Novidade do Momento – até que as pessoas se cansem e a “unção” passe e outra figura apareça para alimentar a superficialidade desses crentes e igrejas. Posso ouvir um Aleluia?

A importância desta cultura é imensa pois enquanto houver movimento e o “testemunheiro” do momento estiver presente no evento, a sensação de avivamento será grande. No entanto, quando o testemunheiro (geralmente um “ex” gay, lésbica, funkeira, prostituta, corrupto, ladrão, traficante, ator global etc) for embora, será necessário pensar no próximo evento.

Este mercado é lucrativo. Não para o pobre fiel, mas para a liderança e seus assessores. Entretanto, esta cultura reflete a situação catastrófica que atinge a maioria dos evangélicos do Brasil: profundidade bíblica zerada.

É neste meio que mais um testemunheiro ganhará força. Espero sinceramente que não. Que Naldo não ceda a pressão que já vem sofrendo. Seus primeiros passos como discípulo são fotografados por uma das figuras mais polêmicas do cenário Gospel Brasileiro, o cantor da tampinha da garrafa, o Thalles, amigo do Naldo (e ele faz força para que todo o mundo, céus e terra saibam disso). Parece que Thalles sabe usar de sua “amizade” para compartilhar cada momento de Naldo, orando, frequentando a Igreja etc. Assim ele espalha a notícia (“o testemunho”) pelas redes sociais.

É uma pena que nem Thalles parece respeitar o momento de Naldo e sua intimidade. Momento este necessário para que ele cresça e se fortaleça na Palavra antes de se tornar o próximo testemunheiro do mercado. Vale a pena lembrar que muitos dos idolatrados testemunheiros de um passado brasileiro não tão distante, são hoje homossexuais assumidos ou lutam contra o vício em drogas.

No fim, a história se resume assim: A Igreja suga, o sistema pressiona, os aproveitadores se aproveitam, alguém ganha dinheiro e a vida segue. Pobre testemunheiro!

 

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