A crente encalhada
Giovana* tem 37 anos e ainda não casou. Aos olhos dos familiares e dos amigos, ela é uma fracassada.
Os irmãos da igreja acham que, no mínimo, ela deve ser uma mulher excêntrica. As irmãs já começam a especular sobre a verdadeira orientação sexual dela…
A espiral de acusações e especulações dos irmãos sobre Giovana jamais tocou a verdade mais profunda: Giovana testemunhou seus pais, crentes fervorosos, brigando ao longo de duas décadas de suspeitas mútuas, descontentamento e muito ressentimento.
Após 20 anos de pura discórdia, o pai dela foi embora de casa e acabou se “ajuntando” com uma garota de 26 anos. Como resposta, a mãe de Giovana começou a se vestir como uma menina de 19 anos, passando a mensagem: “estou disponível no mercado”. Um fim duplamente trágico.
Os pais de Giovana casaram por pura convenção, porque não queriam ser vistos com “encalhados”. Eles jamais viveram à altura do compromisso que assumiram e, por isso, arruinaram a vida de seus filhos. Há mulheres crentes sofrendo porque o casamento torto de seus pais destruiu suas esperanças.
A mãe exemplar
Maria Tereza foi uma mãe de família exemplar, que nunca hesitou em fazer toda sorte de sacríficos pelos seus filhos. Ela vendeu o carro para pagar a faculdade da filha, desistiu de um bom emprego para cuidar do filho pequeno e cuidou por toda vida do marido doente.
Após a morte do marido, Maria Tereza ficou completamente sozinha. Os seus filhos formaram suas famílias e, no máximo, telefonam no ano novo e no Natal. Não fosse pelo coral da igreja, Maria Tereza não teria amigos, tampouco qualquer razão para continuar viva.
Maria Tereza está se aproximando dos 80 anos e o filho mais velho dela está de olho na casa onde ela sempre morou com a família. Ele já convenceu a irmã de que o certo é levar a mãe velha para um asilo e vender a propriedade para dividir o dinheiro entre eles.
Há mulheres crentes sofrendo porque seus filhos são verdadeiros parasitas desalmados que passaram toda a vida recebendo seus cuidados e carinho para, na idade adulta, as tratarem como peças de museu que podem ser removidas ou descartadas.
A vítima do divórcio
A irmã Laura tem 48 anos e é casada há 25 com o pastor Augusto. Eles construíram uma família feliz e um ministério que ajudou dezenas de famílias a enfrentar os desafios da modernidade. Mães solteiras e rapazes alcoólatras receberam apoio do casal.
Ironia das ironias, Laura e Augusto não sobreviveram aos tempos modernos – pelo menos, não enquanto casal. O pastor Augusto foi abençoado pela genética, e praticava esportes, fazia caminhadas; aos 53 anos é um homem robusto, bonito e com aparência rejuvenescida.
Com o tempo, o pastor Augusto começou a notar o rápido envelhecimento da irmã Laura. Nos congressos da denominação, passou a ficar constrangido de levar sua esposa. As esposas dos outros pastores pareciam tão mais novas!
Um belo dia o pastor Augusto encontrou no shopping um dos rapazes que havia ajudado com seu ministério. O jovem perguntou pela irmã Laura. Silêncio. Ele insistiu. O pastor procura um banco, e começa o desabafo: “Eu amo a Laura, filho. Amo aquela mulher. Ela é honrada, leal, íntegra. Nunca conheci uma mulher como aquela, isso eu te garanto”, contou.
“Ora, então, por que não estão mais juntos?”, questionou o rapaz. E o pastor Augusto respondeu: “Eu amo a Laura…mas ela está envelhecendo!”. Sim, há casais sendo desfeitos porque crentes não sabem lidar com o processo mais natural da vida, que é o envelhecimento.
O pastor Augusto revelou que deixou seu ministério e agora está se relacionando com uma mulher de 37 anos chamada Giovana, que sempre teve dificuldades de relacionamento e o procurou, inicialmente, pedindo ajuda. Era a loira saindo da loja e sorrindo pra ele.
Elas sofrem e são julgadas
Há mulheres crentes sofrendo porque os evangélicos dos nossos dias “trocam” de esposa com a mesma naturalidade de quem troca de carro. É triste, mas é a realidade.
Até mesmo lideranças evangélicas casam, descasam e casam de novo sem o menor pudor, “trocando” suas esposas por mulheres mais jovens. O divórcio se tornou um meio legal e moralmente aceitável por meio do qual os evangélicos dos nossos dias mantêm uma vida de adultério.
Mulheres crentes sofrem e, muitas vezes, só encontram preconceito e julgamento entre suas irmãs e irmãos. Por isso, muitas delas abandonam suas igrejas para nunca mais voltar.
*Todos os nomes são fictícios.