Historicamente, a comunidade evangélica no Brasil sempre foi discriminada no tocante à representatividade nos cargos de autoridade do país. Quem possui certa idade e acompanha a vida pública sabe, por exemplo, que o fato de um evangélico como o pastor André Mendonça ser anunciado para qualquer função de destaque, sempre foi motivo de preconceitos e críticas.
Essa não é uma realidade distante. Também vimos isso acontecer com a indicação do pastor Milton Ribeiro para o Ministério da Educação. No caso dessas pessoas, qualquer palavra ou decisão acionada no campo da moral e dos costumes é rapidamente associada pelos críticos ao contexto religioso.
A intenção com esse tipo de reação discriminatória é tentar desautorizar a pessoa do evangélico, fazendo parecer que somos incapazes de agir fora do campo religioso, por exemplo, como juízes, ministros de Estado, professores, cientistas e profissionais dos mais diversos campos.
Felizmente, a verdade é que esse tipo de preconceito é nada mais do que fruto de profunda ignorância, não apenas quanto à essência fé cristã, como principalmente sobre o seu papel no desenvolvimento das civilizações ao longo dos séculos, especialmente a do mundo Ocidental.
Quem desconfia da capacidade de um jurista como André Mendonça, por exemplo, em julgar corretamente pautas civis, não sabe que o fundamento moral e histórico de tratados como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Constituição Americana e a Constituição Brasileira são os valores herdados da cultura judaico-cristã, passando pelo legado do protestantismo europeu oriundo da Reforma.
Muito antes que os gregos se constituíssem como referência para a cultura mundial, o mundo pré-helênico já tinha nos hebreus um código ético-moral evoluído, muito superior às leis vigentes naquela época, sendo a Torá uma prova material disso não apenas do ponto de vista religioso, mas arqueológico.
Mendonça: uma resposta de Deus
A Bíblia diz que Deus é soberano e está no controle de tudo. Quer seja por Sua vontade ou permissão, nenhum fato ocorre fora desse ambiente de autoridade, que é a nossa vida; a existência em si.
Com isso, podemos concluir que a chegada do pastor André Mendonça ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) também é uma resposta do Senhor.
Do contrário, teríamos que ignorar às orações feitas pelo próprio ministro, seus familiares e amigos, bem como por dezenas, talvez centenas de líderes evangélicos do Brasil. Mas creio que este não é o caso, pois acredito em um Deus que ouve o clamor do seu povo, e por muitos anos a Igreja brasileira pediu por mudanças profundas em nosso país.
Boa parte dessas mudanças começam justamente pelas decisões do Poder Judiciário, estando nas mãos dos 11 ministros do STF, entre os quais temos agora um pastor evangélico, o primeiro a alcançar esse posto na história do Brasil. Sem dúvida a sua responsabilidade é gigante.
Mendonça já declarou durante a sua sabatina que “na vida, a Bíblia; no STF a Constituição”, o que é perfeitamente natural e esperado, visto que, como dito antes, o fundamento da correta Justiça vem da herança cristã. Assim, basta o novo ministro ser fiel aos valores que norteiam a Constituição, para que também reflita os valores da nossa fé.
Finalmente, acredito nas respostas de Deus, e quero acreditar que a chegada de um pastor ao STF significa um marco para o povo evangélico do Brasil.
Contudo, Mendonça não é perfeito e erros também virão, inevitavelmente, por isso cabe à Igreja continuar orando para que o Senhor dê ao ministro às condições necessárias para que enfrente o mal com coragem e ousadia, pois a batalha só está começando.