Sabemos que o Mal existe e Jesus ensinou a pedirmos ao Pai para nos livrar do Mal, Mt 6:9.
Não sabemos a origem do Mal, porque sendo Deus bom como é que o Mal apareceu? E se Deus criou o Mal com que intenção o fez?
A oração do Pai Nosso é uma prece escatológica cuja origem é atribuída aos Essénios, uma seita do judaísmo que se afastou para o deserto procurando evitar o Mal.
Embora todos os dias oremos para que Deus nos livre do Mal, deste Mal não nos livramos. Admito que Deus me proteja de algum Mal mas vivo rodeado do Mal, na pessoa do meu próximo e fazendo fé nas Escrituras o Mal permanecerá até à esplendorosa vinda do Filho de Deus.
Mas afinal o que é o Mal? Responderei que é o contrário do bom e com isto procuro evitar complexas explicações que me desassossegam o corpo e a alma. O corpo, porque é frágil, a alma porque se inquieta com as injustiças e fica abatida.
No tempo em que fui militar vivi o drama da guerra. Camaradas que morreram com uma bala ou com uma mina, outros ficaram sem membros. Todas estas experiências suscitaram-me muitas perguntas e cujas respostas só com o tempo as compreendi. Parece existirem duas origens que podem ajudar a entender o Mal, o amor ao dinheiro e o fundamentalismo seja nacionalista, e o pior, o religioso.
No tempo dos soldadinhos de chumbo os exércitos combatiam com bandeira e com farda, tinham fronteiras geográficas. Nos dias de hoje o Mal atua sem rosto, sem farda, sem bandeira mas com o coração cheio de um zelo religioso capaz de cometer as maiores atrocidades inimagináveis para poderem alcançar as mercês de deus. O terrorismo é responsável por somas astronómicas de dinheiro em que tudo se faz para proteger da barbarie, como é o caso dos EUA que com todo o poderio militar e os recursos às novas tecnologias foi violentamente atacado nas Torres Gémeas, no Pentágono e isto no histórico dia 11 de Setembro, neste século XXI.
Também somos surpreendidos com as notícias de primeira página das atividades do Mal, que pela sua importância têm o fascínio de se lhes dedicar um maior valor.
Para resistir ao Mal Jesus nos ensinou a prática do bem. Fazer o bem aos que nos fazem o Mal é uma difícil tarefa que cabe aos cristãos. Parece um absurdo mas é a única maneira de vencer o Mal.
Faz um século que acabou a primeira grande guerra mundial e um episódio merece a nossa atenção. Naquele tempo combatia-se nas trincheiras .À medida que os exércitos iam avançando faziam-se valas na terra onde se abrigavam os soldados e por vezes as linhas da frente punham os adversários a pouca distância. Num certo Natal os ingleses começaram a entoar cânticos de Natal lembrando-se das famílias e das festas natalinas e comendo a ração de combate enriquecida com o bolo de Natal. Do outro lado da trincheira, os alemães, ouvindo os ingleses, também começaram a cantar os cânticos de Natal. Um deles saiu da trincheira e foi levar umas cervejas aos ingleses que em troca lhes deram “christmas cake”. Aqueceram-se os corações saíram das fronteiras fizeram uma autêntica festa de paz. Como uma coisa puxa a outra logo combinaram um jogo de futebol para o dia 25. Quando os generais ouviram esta narrativa ficaram furiosos porque no seu zêlo nacionalista não se podia conviver com o inimigo e logo começaram as rajadas de parte a parte, apagando-se a luz e as trevas encheram os corações.
Fraternalmente,
casalcom uma missão,
Amilcar e Isabel Rodrigues