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Lições da última semana aqui no Espírito Santo

Crise de segurança no Espirito Santo

Essa foi a semana que desejei que acabasse logo aqui no Estado do ES, mas foi longa, muito longa…

Que seja essa a única e última semana sem a PM neste Estado. Estamos atravessando dias marcados de imprevistos desagradáveis, lidando com o impensável e fazendo o inimaginável. A maioria de nós não sai de casa pra ir às ruas, enquanto outros ao tentarem estocar comida, disputam por batatas, ovos de galinha e outros alimentos num frenesi de compras produzido pela insegurança estabelecida pela falta de policiamento ostensivo nas ruas. Já outros entregaram se ao “espírito livre” daquilo que parece uma terra sem lei e de ninguém – e passaram a cometer furtos e saques (mesmo que uns poucos já se arrependeram e devolveram nas delegacias os espólios da inconsequência – que na verdade vai ter conseqüências pra essa gente que cedeu á tentação de usurpar propriedades e bens alheios).

Exatamente, um infeliz oportunismo tomou conta de pequena parte da população que como turba enlouquecida – ao saber que uma vigorosa e atuante representação da lei e da ordem estava aquartelada – passou a invadir e a saquear estabelecimentos comerciais de dia e de noite. Sim, nossos policiais militares estão “retidos” nos quartéis enquanto um pandemônio ocorre fora dos batalhões por todo Estado. A justificava para a contenção militar é o protesto das mulheres e dos familiares dos PMs. Pergunto a esses: qual é a justificava para o saldo de tudo isso? Mais de uma centena de pessoas foram assassinadas, milhões em prejuízos pelo comércio fechado, inúmeros arrombamentos e uma onda de crimes jamais notada por qualquer capixaba em tão curto tempo.

Que sirvam esses dias longos de encarceramento domiciliar imposto a cidadãos de bem – para pensarmos sobre nós e a nossa sociedade descontrolada. Que tenhamos a contundente certeza de que precisamos inadiavelmente de mudanças urgentes em nosso país. Infelizmente, o básico nos falta e estamos sendo atacados por tudo isso; a corrupção generalizada está cobrando seu preço – as desigualdades mostrando sua cara horrenda; a falta de educação e a ausência do bom senso tem ferido ou matado gente inocente e isso assusta e faz a gente questionar: que país é esse?

O brasileiro nunca se preocupou muito com política ou com as instituições que fazem o governo em suas diferentes áreas e atribuições. Mas, o que estamos vendo e vivenciando no ES é a prova cabal de que esse comportamento distante da política, esse descaso com as questões que envolvem instituições que cuidam ou servem nossa sociedade – têm conseqüências diretamente ligadas a nós e a quem amamos e cobra um preço alto demais. Significa que precisamos participar mais das questões públicas, entender sua dinâmica e contribuir de forma mais consciente e ativa – se não quisermos dissabores sociais maiores do que o que estamos a presenciar no ES.

Que sirvam as noites tensas e mal dormidas, violentamente invadidas por disparos, gritos de agonia e desespero – à posteridade como registro negativo de uma corporação militar que abandonou quase 4 milhões de pessoas à própria sorte. Em conseqüência de injustificável fisiologismo (pois havia outros meios de lutar pelas justas reivindicações da PMES), estamos fugindo dos aguilhões da morte que ceifam vidas pelas ruas, tentamos escapar das garras do crime que em espreita nos observa das penumbras do caos instaurado.

Só que as mulheres continuam na porta dos batalhões e os militares lá dentro!
O governo do Estado e o ministério público já tomam providências legais para dissuadirem a paralisação. Centenas de militares da corporação serão punidos nos rigores do código militar, promete o secretário de segurança pública do ES; mas ainda estamos à mercê. As forças armadas e a nacional ocupam as ruas de alguns locais – ação insuficiente para proporcionar segurança aos habitantes de quase uma centena de cidades – mas é melhor que nada. Igrejas em caminhadas interdenominacionais também saem às ruas, fazem cultos em frente aos batalhões e promovem atos proféticos e clamam pela paz!

E como testemunho pessoal, além das lições obtidas com a crise de segurança pública de meu Estado – reafirmo: “Se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127:1).

Desejo do fundo da alma que toda essa história triste fique circunscrita a semana que acaba amanhã. Que Deus nos ajude e continue a proteger a todos nós!

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