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Impeachment ou Golpe? De que lado você está?

A briga do impeachment é uma briguinha deles. Não se engane. A favor ou contra, é uma briguinha deles. Não diz respeito – embora pareça que sim – a você, cidadão comum, trabalhador, que tem que levantar cedo numa segunda feira e ir à luta.

Essa claque política não merece a confiança que você lhe dá. Suas motivações não tem nada a ver com você. Nada! Os favoráveis estavam mamando, os contra querem continuar mamando. E há ainda uma terceira fileira que sequer você imagina que exista, que se beneficiará com qualquer que seja seu desfecho.

O governo é burro e mentiroso. A oposição é burra e mentirosa. Nosso parlamento é o pior dos últimos 30 anos. Um amigo meu que lá trabalha discorda: “é o pior da história republicana”, diz ele. Acho que ele tem razão.

Estamos assim: entre Dilma, Temer, Cunha e Renan. Que carma, hein! Além de outros fantasmas.

Impeachment grave mesmo é do ano que vem. 2016 já se avizinhava ameaçador. Agora, então, nem queiramos saber. O impeachment de 2016, sim, diz respeito a todos nós. Menos a eles, claro, que usufruem de imunidades parlamentar, moral, política e econômica.

Não há nessa panacéia nenhum interesse democrático e republicano. Não há nenhuma verdade em nenhum dos lados. Não se engane, não há. Por trás dessa cortina de fumaça, há conveniências, oportunismos, dissimulações, trairagens, casuísmos etc. e nada mais.

Portanto, sua passionalidade é pagar parte da conta da suruba que você não participou. E a zona vai prosseguir, com impeachment ou sem impeachment. À nossa revelia. Nossa revelia é quase um cláusula pétrea dessa pátria pútrea.

Cazuzando: não me convidaram para esta festa pobre que os homens armaram sem me convencer. A pagar sem ver toda essa droga que já vem malhada antes de eu nascer.

Eu gostaria de estar de um lado. É mais cômodo. Mas não há lados nesse dramalhão tupiniquim do qual Shakespeare não se dignaria. Quando os lados se equivalem, eles se imiscuem, então deixam de ser lados. É falsa a tese de “lados”. São apenas facetas de uma mesma idiotice. Um truque barato de um ébrio nauseabundo. Um drama nonsense. Alguma coisa de muito podre no reino da Dinamarca.

Eu fico com Hamlet: “o resto é silêncio…”

Dilson Cunha

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