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Happy Science invade o Brasil

Conhecido como “laboratório religioso”, o Japão dos antigos samurais e imperadores-deuses tem sido palco do surgimento de diversos grupos religiosos sincréticos, com raízes no Xintoísmo, Budismo e Cristianismo. Com o término da Segunda Guerra Mundial e a promulgação da Constituição Pacifista, em 1947, o Japão deixa de ter uma religião oficial – o Xintoísmo – ao proclamar a liberdade religiosa em todo o país. Antigas religiões até então oprimidas, como a Tenrikyo, Konkokyo, Oomotokyo e a Hitonomichi (atual Perfect Liberty), saíram das sombras do governo imperial para conquistar o arquipélago e outras regiões do mundo. Do encontro com a religiosidade ocidental também ganhariam destaque a Seicho-no-iê, de Masaharu Taniguchi (1930), e a Igreja Messiânica Mundial, de Mokiti Okada (1945).

A religiosidade japonesa também seria marcada, nas décadas seguintes, pelo surgimento de grupos fundamentalistas, como a Pana – Wave – grupo religioso fundado em 1977 por Yuko Chino, a partir de uma experiência com um grupo religioso conhecido como “A Verdadeira Lei de Chino”. Entre as décadas de 80 e 90 esteve envolvida em uma série de polêmicas no Japão, como previsões de que o país seria varrido por ondas eletromagnéticas e mudanças climáticas catastróficas. Em 1995, outro grupo religioso fundamentalista ganharia notoriedade internacional após promover um ataque terrorista ao metrô de Tóquio, quando pelo menos 6 mil pessoas foram expostas ao gás sarin, causando a morte de doze. Fundada em 1984 por Shoko Asahara – que afirma ser a reencarnação de Shiva, divindade hindu, Buda e Jesus – a Verdade Suprema passou a fazer parte de uma lista de grupos que colaboram com o terrorismo.

Na esteira de grupos religiosos fundamentalistas um novo movimento começa a se desenvolver a partir de 1986, por meio de Ryuho Okawa. Formado em Finanças Internacionais pelo Centro de Graduação da Universidade de Nova York, Okawa aponta o mês de março de 1981 como a data de seu “despertamento divino”. Segundo ele, revelações de grandes mestres budistas falecidos, como Nikko (1246-1333) e Nichiren (1222-1282), o descreviam como a reencarnação de El Cantare que, no passado, teria vivido na pele de La Mu, Thoth, Rient Arl Croud, Buda, Hermes e Ophealis. Okawa seria uma espécie de “núcleo da consciência de El Cantare”, cujo nome significa “o maravilhoso mundo de luz, terra”. Ele é, segundo acreditam seus discípulos, o deus de amor, a fonte de toda vida que envolve a humanidade e a Terra.

Autor de mais de 800 livros em 18 idiomas – e com mais de 100 milhões de cópias  vendidas -, Okawa também ministra palestras em diversos países, tendo pelo menos 1400 palestras gravadas e disponíveis em DVD. Afirma ter como objetivo trazer felicidade à humanidade e em suas palestras ministra temas como prosperidade, o poder da mente, descubra o pensamento vencedor. Também é protagonista de polêmicas, como a ideia de que a Coreia do Norte pretende dominar o Japão e que o anjo Gabriel vai reaparecer em Bangkok, em 50 anos. Em 2009 fundou o Partido para a Realização da Felicidade, do qual é o atual presidente, por acreditar que os dois principais partidos do Japão não têm definido uma política clara em relação às ameaças da Coreia do Norte.

Dos três principais livros de Ryuho Okawa, dentre os quais um em que descreve o fim do mundo com o avanço do poderio militar norte-coreano e o aparecimento (ou renascimento) de Buda, foi adaptado ao cinema com títulos como o “Juízo Final” e o “Reaparecimento de Buda” – este último disponível integralmente no YouTube. Embora tenha se manifestado publicamente contra o atentado terrorista promovido pelo grupo de Shoko Asahara, em 1995, e tenham se enfrentado por diversas vezes em meios de comunicação do Japão, com frequência a imprensa local estabelece semelhanças entre os dois grupos. Na Uganda, há quatro meses, Okawa reuniu pelo menos 10 mil pessoas no estádio Nelson Mandela com transmissão ao vivo via 3 canais de televisão e teve a reprovação de evangélicos nacionais que protestaram contra o que chamaram de “abominação”.

Happy Science

Fundada em 1986 por Ryuho Okawa, a Happy Science (Ciência da Felicidade) logo alcançou países como Coreia do Sul, Austrália, China, Uganda, Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Inaugurado em maio de 2010, o templo da Shoshinkan do Brasil, situado na Rua Domingos de Moraes, 1154, na Vila Mariana, São Paulo, SP, passou a ser a base, de fato, de operação da Happy Science no Brasil que conta ainda com outras três sucursais na capital paulista, uma em Santos, Jundiaí, Sorocaba e fora do Estado, no Rio de Janeiro – a sucursal de Jundiaí teria sido a primeira aberta no Brasil. Com direção do monge Carlos de Melo, a Happy Science do Brasil promove diversos eventos por todo o país, como uma conferência para 500 pessoas no Hotel Parque Balneário, em Santos, em 2008, e, 2 anos depois, uma rodada de cinco palestras ministradas por Ryuho Okawa no Estado de São Paulo.

Não há estatísticas oficiais do número de seguidores, mas a Happy Science afirma ser uma “religião universal” que congrega e convida pessoas de diferentes denominações religiosas para participarem de suas palestras. “A Ciência da Felicidade é uma religião universal aberta para pessoas de todas as origens, sejam cristãs, budistas, hinduístas ou muçulmanas. Na qualidade de membros, todos estudam junto à doutrina universal da Verdade. Para o ingresso, há um formulário de inscrição e uma breve cerimônia de boas-vindas, na qual lhe perguntam, ‘Você acredita no Senhor El Cantare?’ Todos recebem o livro de orações, Darma do Correto Coração”. A IRH Press é a editora responsável pela publicação dos livros de Okawa no Brasil e da revista Happy Science. Hoje, 30, entre às 16 e 20h, na livraria Saraiva do Shopping Ibirapuera, promove uma palestra e o lançamento do livro As Leis da Imortalidade, de Okawa.

 

 

 

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