Entra ano e sai ano, o tema da desmilitarização sempre vem à tona, especialmente quando operações policiais como a ocorrida esta semana na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, onde ao menos 26 pessoas morreram, acontecem. Com isso, ataques aos agentes de segurança surgem em ritmo frenético.
Mas, o fim da Polícia Militar, ou das polícias em geral, é uma pauta relativamente antiga e discutida principalmente pela esquerda. Agora, a questão é: o que está por trás disso? Seria, de fato, uma preocupação com a segurança da população, ou há outros interesses envolvidos?
Basicamente, a esquerda aborta a desmilitarização das polícias pelo viés político-econômico e social. O que alegam é que a Polícia só existe e é mantida devido ao sistema capitalista, onde é preciso haver repressão e controle das classes, especificamente dos mais pobres.
Os policiais, nesse caso, seriam agentes a serviço do capitalismo, usados para manter a manipulação da classe trabalhadora, garantindo o direito à propriedade privada e à exploração da elite dominante (empresários, banqueiros, etc) sobre o proletariado.
O fim da Polícia, ou a desmilitarização, como já foi proposto em 2013 pelo ex-senador petista Lindbergh Farias através da PEC 51 (arquivada), e também pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2015 no seu caderno de teses chamado “Um Partido para Tempos de Guerra”, serviria, então, para “libertar” a classe “oprimida” pela elite burguesa.
Contudo, como disse antes, essa é a perspectiva político-econômica da esquerda sobre o fim das operações policiais, bem como sobre o motivo dos ataques difamatórios contra os agentes de segurança.
Autoridade, controle e poder
Entretanto, há outros entendimentos sobre o mesmo assunto, e um deles é o que vou abordar abaixo:
O ataque aos policiais vai muito além da questão econômica. O desejo pelo fim da Polícia diz respeito, também, à desconstrução das figuras de autoridade, hierarquia, disciplina e poder, o que também tem a ver com a família.
No âmbito cultural, trazendo o tema da desmilitarização para o contexto comportamental, os policiais possuem uma representatividade associada a tudo que impõe ordem, respeito e disciplina, o que também diz respeito à figura paterna dentro da família, com a diferença de que os agentes de segurança exercem essa função de forma comunitária.
Assim como o pai é a autoridade no lar, sendo o principal responsável pela proteção e a disciplina dos filhos de acordo com as suas regras, o policial é a autoridade na comunidade, sendo igualmente responsável pela proteção e a disciplina da população no cumprimento das leis.
Atacar o trabalho das polícias, portanto, difamando a figura do policial, é o mesmo que atacar o núcleo de autoridade familiar, e a esquerda faz isso porque deseja trazer a responsabilidade sobre a família para o controle estatal. É a essência do Estado paternalista que tudo provê, faz e determina; um modelo tipicamente comunista.
Por fim, este é um tipo de ataque muito mais simbólico e implícito, do que ideologicamente explícito. É algo sutil, sorrateiro e malicioso que aos poucos vai minando a representatividade das figuras de autoridade na consciência coletiva de fora (sociedade) para dentro – das famílias.
Por isso, devemos ir na contramão desse processo, valorizando os nossos agentes de segurança, o importante e arriscado trabalho que fazem em prol da sociedade, pois eles não representam apenas o cumprimento das leis, mas também os valores morais que deram origem a elas, sendo a família o grande fundamento.