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O Evangelho sobrevive do primeiro amor

“…hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo {tenho toda a certeza disto}, quer pela minha vida quer pela minha morte. Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para o meu trabalho, não sei então o que devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo – o que seria imensamente melhor; mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós… Persuadido disto, sei que ficarei e continuarei com todos vós, para proveito vosso e consolação da vossa fé”. 

Filipenses 1:20-25

O Evangelho sobrevive de “primeiro amor” em “primeiro amor”. É como um parasita que só subsiste em ambientes onde consegue dominar os sentimentos e a razão daquele que o confessa. Não existe como acreditar no Evangelho pela metade, ou somente vivê-lo em pedaços, como se ele fosse uma filosofia ou uma religião a que decidimos aderir. Viver mais ou menos o Evangelho e ficar empoleirado sobre o muro que o divide com a Babilônia é viver uma mentira cega e hipócrita, é ser enganado por um sofisma do anti Cristo.

O Evangelho é tudo ou nada! Ele se torna o último pão do faminto, a luz no fim do túnel do desesperado, a água no deserto escaldante do sedento. Quando enxergamos claramente o aC/dC de nossa existência pessoal, entendemos o que significa o Alfa e o Ômega, ou seja, o princípio e o fim da vida da gente. Pra nós, cujas vidas se resumem a Cristo e sua vontade, a morte chega a ser lucrativa, como disse Paulo (aquele sim, um homem Cristão).

Mas a quem assistimos hoje, ocupando os púlpitos das igrejas do Brasil? Vemos uma geração de gente que nem lê mais a Bíblia, não se incendeia mais com a chama do pietismo que inflamou gente como Wesley, desencadeando despertamentos espirituais em nações e até continentes inteiros. Hoje, vemos uma série bisonha de apologetas, exegetas e profetas que pregam baseados no deus de suas próprias barrigas.

Gente que, pelo status adquirido no curso “superior” de suas convenções, são autorizados a cobrar do rebanho de Cristo o seu “merecido” salário. Esteja ele falando da parte de Cristo, ou não, sendo um verdadeiro cristão, ou não, o que importa é que ele cumpriu com as exigências da convenção. Sendo alguém que sabe entreter o público e tendo o charme capaz de atrair as pessoas, deixando-as à vontade nos domingos de noite, naquele período de tempo que transcorre um pouco antes dos gols do fantástico, quando tomarão seus copos gelados de Coca-Cola e comerão aquele maravilhoso pedaço da lasanha que sobrou do almoço.

Sim, irmãos! Muitos cultos evangélicos se tornaram tão focados na auto satisfação humana – que agrega também a sensação de cumprimento do dever religioso – que a “passada” na igreja é algo que não serve para mais nada além do que dar um palco para alguns pseudo pastores apaixonados por suas próprias vozes e argumentos. Pior ainda, quando os mesmos pensam que o púlpito é seu karaokê pessoal, com platéia e tudo, onde podem cantar, desafinados, suas canções favoritas, que todo mundo engole de qualquer jeito mesmo.

Triste a visão que tenho desse universo gospel que entra uma vez mais em uma “era do gelo”. Isso tão pouco tempo após termos vivido um grande movimento espiritual de renovação profética, na recente revolução da música cristã de louvor e adoração.

Eu, particularmente, penso que a razão de mais este fracasso que amargamos como igreja no Brasil (embora muitos vejam a igreja brasileira como um sucesso explosivo) está na falta de uma reformulação no pensamento estrutural do Corpo. Aquele antigo e batidíssimo axioma “odres novos, para o vinho novo” ainda não foi completamente compreendido, ou melhor, taparam seus olhos e ouvidos para o que o Espírito vem dizendo há muito tempo à igreja sobre sua antiquada, romanista e pagã estrutura que divide o mundo em duas castas, o clero e o laicato.

Conversa pra outra postagem, mas minha tristeza está no fato de que fica cada vez mais difícil assistir aos cultos.

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