Quando falamos em doutrinação infantil, logo a relacionamos com as escolas, pois é no chão da escola que a criança, na primeira infância, começa construir seu mundo social e onde seus sistemas de valores serão confrontados. É por meio do pensamento construtivista que os professores vão desenvolvendo nela esses sistemas e afetos, que serão internalizados e provavelmente farão parte das crenças do aluno por toda a vida.
Os sistemas de valores são construídos em nós a partir de um equilíbrio entre a educação familiar — o mundo social no qual estamos inseridos — e o que a criança aprende na escola, onde ela passa boa parte de sua vida. As ideologias impostas nas escolas afrontam os pais e causam um desequilíbrio que pode ser responsável por muitos conflitos, ignorados pelos professores engajados nessa doutrinação.
Os defensores da ideologia de gênero, sem se preocupar com a própria biologia, estão usando crianças como cobaias para provar ideologias de adulto. Em nome do “respeito”, estão desrespeitando o direito de ser criança e violando a integridade de quem precisa ser protegido e receber instrução saudável. Esse ataque implacável atinge também a criança em suas crenças e sistemas familiares de valores, que incluem tradições e valores morais, éticos e religiosos repassados pela família de geração em geração. As raízes históricas das famílias devem ser preservadas.
A interferência só é legítima quando exageros, como maus-tratos (físicos e psicológicos), forem observados. Mas nenhum governo ou organização de qualquer tipo tem o direito de considerar maus-tratos o fato de a família ser religiosa, como no exemplo citado anteriormente. Esse é apenas um dos efeitos nefandos da sociedade que sem questionamentos a ideologia de gênero.
O dever do professor é contribuir com a construção do sujeito proporcionando ao aluno recursos intelectuais para gerir a própria vida, bem como um conhecimento neutro e sem imposições contrárias à sua ética, costumes, tradições familiares e religiosas, sempre respeitando o espaço de cada um.
É dever dos pais, não da escola, a educação religiosa e moral. Da mesma forma, é responsabilidade deles proteger os filhos de abusos morais, físicos, intelectuais e sociais. É direito e dever dos pais educar suas crianças e adolescentes por meio de argumentos e modelos positivos. Nesse contexto, cabe aos pais protegê-los de qualquer tipo de abuso, mesmo aquele cometido pela escola ou pelo professor, quando algum tipo de ensino ou exigência afrontar as tradições religiosas e morais do aluno.
Ambos, educadores e pais, têm o direito e o dever de construir uma escola de qualidade que prepare nossas crianças e adolescentes com conhecimentos intelectuais para o futuro acadêmico. Por isso, pais e professores podem e devem discutir todos os assuntos pertinentes à pós-modernidade, que está causando mudanças rápidas e profundas na sociedade — e nem sempre para melhor.
Os alunos devem ser atualizados sobre os novos paradigmas, porém, mais que tudo, alertados e protegidos dos efeitos nefastos das transformações sociais impostas pelo pós-modernismo.
É também dever do educador e dos pais incentivar as críticas ao mundo atual, a fim de tornar o aluno e filho um cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e deveres e capaz de respeitar as diferenças.
É obrigação do professor esclarecer os pais sobre os temas referentes à moral não apenas com bilhetes vagos, mas especificando o tipo de conteúdo e os exercícios que pretendem utilizar em classe. Os pais por sua vez, devem analisar ou monitorar esse conteúdo e se posicionar a respeito dele. Caso haja violação aos direitos e deveres do aluno ou da família, é cabível e aconselhável a representação legal contra o professor e a escola, caso estes não respeitem a negativa dos pais.
Desse modo, os professores não devem, no exercício de sua nobre tarefa, em tempo algum violentar os valores morais, religiosos e familiares dos alunos. A imposição de doutrinas e conceitos destes novos tempos constitui usurpação dos direitos dos alunos e da própria competência do educador e causa desequilíbrio nas relações familiares. Dessa forma, as crianças ingressam na escola para adquirir conhecimento e melhorar sua formação para a vida e acabam reféns de asquerosas ideologias, que resultam em graves prejuízos intelectuais, morais e espirituais.
O professor precisa buscar recursos que incluam os domínios do saber tradicionalmente presentes no trabalho escolar. Reconhecemos, no entanto, as problemáticas contemporâneas, que podem e muitas vezes geram conflitos entre o professor, a escola e a família. Por isso, ele deve agir com sabedoria para transitar entre esses saberes sem se intrometer no lar do aluno, salvo em casos onde haja violência contra o direito e a integridade, física, emocional e sexual da criança. Temas como o meio ambiente, a saúde e questões éticas concernentes à igualdade de direitos, à dignidade do ser humano e à solidariedade devem ser abordados, mas sempre com respeito ao entendimento moral, idade, fases e sexualidade da criança.
Nesse sentido, pela consolidação de alguns conceitos e parâmetros, o propósito dos pais e sociedade é apontar problemas sociais, culturais, políticos, religiosos e afins que ajudem o professor, ciente dos próprios direitos e dos direitos da criança, a enfrentar a pressão gerada pelo novo plano nacional de educação, pelos conselhos educacionais e pelas militâncias feministas e LGBTTs sobre a igreja e principalmente em torno das famílias.
Embora o MEC afirme que muitas das atuais discussões pedagógicas visem à elaboração de parâmetros curriculares nacionais, deixaram de lado uma discussão importantíssima, que afeta a maioria dos alunos: a problemática da educação moral, que, de acordo com a Constituição Federal, é direito exclusivo dos pais.
Nesse sentido, fazemos uma crítica à maneira como o MEC vem conduzindo a educação no Brasil, pois está transferindo para o professor na sala de aula o dever de educar sexualmente os alunos. Essa determinação claramente ultrapassa a competência do ministério, uma vez que cerceia os direitos do aluno de viver conforme suas tradições e sua fé e impõe conceitos e ideologias que não representam a vontade nem o modo de vida da maioria dos alunos.
Nossa intenção é oferecer recursos ao professor que deseja ensinar respeitando a criança brasileira quanto aos seus valores e reconhecendo que a educação intelectual não pode se sobrepor aos direitos dos pais, pois não é papel do educador desconstruir a moral e a religião do aluno.
Senti ao longo de meu trabalho como palestrante, educadora e consultora que os professores sentem a necessidade de um contraponto, de um contraditório, de outras referências que estimulem a visão crítica, de modo que os alunos e mesmo o professor não se transformem em massa de manobra de um sistema de ensino que, por meio de seus materiais didáticos, indicações, eventos, conselhos e conferências, está arquitetando uma reorientação dos valores morais de crianças, às vezes até infringindo a lei, conforme se verá neste livro.
O bom professor sabe que os parâmetros curriculares e a base comum curricular servem apenas de base e como um referencial para o trabalho do professor, que não tem a obrigação de segui-los na integra e pode mesmo questioná-los. Sempre lembrando também que, com o poder que tem em sala, o educador pode e deve se recusar a seguir esses parâmetros, caso estejam tentando impor a ideologia de gênero.
O bom professor busca ensinar o que é correto aos alunos sem ferir a identidade deles.