O conhecimento da dimensão espiritual nos permite enxergar o mundo de outra forma. A relatividade está no fato de que, mudando a posição do observador, a visão sobre algo se torna diferente.
É exatamente isto que a visão espiritual nos outorga: uma nova perspectiva!
Quem adquire esta capacidade, será contemplado com muitos benefícios, como encher-se de confiança e segurança em tempos de dificuldades, ou ainda, renovar-se em esperança, quando todas as coisas parecem contrárias. Uma visão espiritual madura produz fé em nossas vidas e nos faz capazes de superar os obstáculos mais complexos, quando estamos em meio ao caos.
Quando dependemos dos resultados, dos números, da resposta popular, da aprovação da sociedade para nos afirmar como pessoas, nos colocamos sob a péssima pressão de tentar convencer aos outros, constantemente.
Isto é um peso terrível!
A compreensão espiritual nos faz folgar na Graça, o que nos conduz ao caminho de receber uma das maiores dádivas de todas: “a paz que excede todo entendimento!”
Na vida moderna, estamos sempre insatisfeitos, desejando algo mais a todo instante e isto produz em nossos corações uma enfermidade chamada ansiedade. Ela nos leva a comer demais, beber demais, fazer várias coisas que nos são lícitas, mas que acabam se tornando inconvenientes.
Perdemos a liberdade e nos tornamos escravos de sensações, momentos e produtos.
É aí que a Bíblia traz uma das frases de Paulo que mais me encantam, que diz: “pobre, mas enriquecendo a muitos”. Dizendo isto, ele revela a prioridade de um coração apostólico, envolvido em plantar na Terra uma semente espiritual do Reino de Deus, através do Evangelho.
Ao ver o tamanho do Reino e perceber o privilégio que significa fazer parte de uma história tão espetacular quanto a da Igreja de Cristo na terra, cada discípulo passa a olhar pro mundo com novos olhos.
É a conversão que gera isto!
Mudamos de rumo, quando, no espírito, somos impressionados e convencidos de que esta existência, tão curta e insignificante, pode servir a um projeto eterno e invisível, mas real e tangível.
A Igreja é uma realidade, mesmo que vejamos todas as suas bizarras particularidades e tenhamos uma série de críticas – sempre construtivas, obviamente – a fazer. Ela é uma realidade que se perpetua, geração após geração.
O preço dessa perpetuação é a conversão de alguns que, percebendo a oportunidade de ver suas vidas dentro de um projeto tão maravilhosamente grande, abandonam a visão egoísta deste mundo e partilham suas vidas, como se tornassem espécies raras de “sementes benditas de Deus”.
Frases absurdas como “por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos”, de I Tim. 6:8, passam a fazer um sentido muito grande pra esses, que simplesmente perceberam que suas vidas estão sendo cuidadas por Deus.
Loucura? Devaneio? Fé? Um pouco de cada! Dependendo da perspectiva e da posição que cada pessoa ou grupo está, pode se ver o que se deseja ver, ou o que se acredita ser “a verdade”.
O que pra uns é besteira e fanatismo, pra outros é a razão de suas vidas!
O mesmo Paulo dá uma explicação sobre essa discussão, quando diz que “Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são sensatos em Cristo! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são respeitados, mas nós somos desprezados!” I Cor. 4:10.
Acostumei-me a ser desprezado e chamado de louco. Aprendi também a respeitar a visão que cada pessoa tem e fico sinceramente feliz com a prosperidade e os ganhos (lícitos e morais) de alguns irmãos. Contudo, quero ter meu direito de olhar para a Bíblia e poder chegar às minhas próprias conclusões (mesmo que pareçam loucura pra você).
Sinto-me bíblico quando passo por dificuldades! Vejo a força da Palavra atuando em mim quando estou fraco, sinto a misericórdia de Deus em Cristo me perdoando, quando vejo que errei e sinto-me também privilegiado em fazer parte de um grupo que acreditou nas promessas espirituais e que não trocou as virtudes eternas por satisfações e/ou tranquilidades transitórias deste mundo.
Tiago disse: “Ouçam, meus amados irmãos: não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que ele prometeu aos que o amam?” Tg. 2:5
Pode até ser um devaneio meu, mas continuo acreditando que mesmo não possuindo uma casa própria e um carro na garagem (sim, eu ando a pé), Deus está comigo. Sinto o Pai ao meu lado quando fico doente, sinto que Ele caminha comigo nas ruas quando estou chutando pedras e pensando alto nos por quês de tantas privações e tenho certeza de que Ele senta na minha cama, nas noites em que, insone, planejo como pagar a conta que vence no dia seguinte, sem ter dinheiro.
Fico firme acreditando que “é melhor ter pouco com o temor do Senhor do que grande riqueza com inquietação”, Prov.15:16, mesmo que isso resulte em ser motivo de piada pra muitos.
Portanto, sigo “nada tendo, mas possuindo tudo” – II Cor. 6:10