Que ambientes, pessoas ou instituições a corrupção é capaz de atingir ou envolver neste país? Pelo jeito a todos, desde os mais visados a aqueles que a gente nem faz ideia, que julga não ser possível ocorrer desvios e receber propinas – a operação Lava Jato que o diga. Desde partidos políticos, políticos propriamente, funcionários da Petrobrás, doleiros, empresários e até uma igreja evangélica figuram como investigados ou denunciados pelo Ministério Público Federal na maior descoberta e esfacelamento de uma rede de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve.
Num dos desdobramentos mais imprevistos e doloridos da operação Lava Jato (pelo menos para os assembleianos), o Procurador Geral da República Rodrigo Janot acusou o deputado federal e presidente da Câmara Eduardo Cunha (evangélico e frequentador da Assembleia de Deus) de indicar a agora Igreja do citado deputado para receber parte da propina destinada a ele referente aos contratos para viabilizar a construção de dois navios-sonda usados pela Petrobrás. Segundo a denúncia contra Eduardo Cunha, o lobista e delator da Lava Jato Júlio Camargo foi procurado em 2012 por Fernando Soares, que operava a propina para o PMDB na estatal, e lhe indicou que ele “deveria realizar o pagamento desses valores à AD”, assinala a denúncia. O nome da igreja no registro da Receita Federal corresponde à AD, ministério Madureira, em Campinas (SP).
“A partir de então, foram feitas duas transferências em agosto de 2012 das empresas de Júlio Camargo, Piemonte e Treviso, no valor de R$ 125 mil cada (ou seja, 250 mil reais – há quem diga até em 500 mil) que tiveram como destino a citada filial da AD Ministério Madureira “ambas com a falsa justificativa de pagamento a fornecedores”, segue Janot na denúncia. O procurador-geral afirma que “não há dúvidas de que referidas transferências foram feitas por indicação de Eduardo Cunha para pagamento de parte do valor residual da propina referente às sondas”. A denúncia ainda ressalta que Júlio Camargo nunca frequentou a igreja evangélica e “professa a religião católica”, além de nunca ter feito doações para a AD antes deste episódio.
Bom, Eduardo cunha declara inocência e diz estar tranquilo quanto ao decorrer das investigações – aguardando para que a verdade venha à tona e sua inocência seja provada. O senador Marcelo Crivella reagiu a espetacularização que a AD vem sofrendo por conta de Eduardo Cunha, dizendo existir preconceito contra os evangélicos na Lava-Jato e observou: “Entre as pessoas comprovadamente envolvidas nos crimes, há praticantes das mais diversas religiões, sem que isso – felizmente – tenha sido objeto de interesse. As igrejas que eles frequentam – felizmente – nunca foram objeto de interesse jornalístico”. O que Crivella quer dizer é que entre os acusados há pessoas das mais diferentes religiões, mas que apenas o evangélico está sendo rodeado pela imprensa e tem até repórter fazendo plantão em frente à AD em Campinas. O fato é que há muito que se explicar a partir da acusação da PGR, tanto por parte de Eduardo Cunha quanto da AD filial de Madureira em Campinas (até o momento não houve qualquer nota pública por parte da direção daquela igreja).
O pior de tudo é que sobrou para as Assembleias de Deus! Por mais que a ação esteja em trâmite de denúncia e acusação – mesmo sendo muito séria – e ainda que não envolva diretamente as convenções nacionais das AD como a CGADB e a CONAMAD (esta última é a que credencia os pastores da Madureira) e menos ainda enquadrem a dita denominação evangélica de modo geral – sobrou para os Assembleianos! A mídia propaga que foi a AD que recebeu propina – e essa é uma maldosa generalização. Quando é que os irmãos assembleianos imaginavam sua centenária igreja sendo acusada de estar envolvida – ainda que seja uma filial de um campo eclesiástico específico da entidade – no recebimento de propinas sob a formalização de prestação de serviços à Petrobrás – já que a “doação” dos 250 mil reais consta como pagamento de fornecedores na contabilidade da estatal? Nunca!
Se algum ilícito ocorreu e for comprovado, que a verdade se manifeste e que a justiça se execute – seja para inocentar ou incriminar. Mas, todo bom assembleiano (e são milhões) está engasgado com o fato da denúncia – pois ela nem deveria existir – instituição religiosa recebendo dinheiro como doação de “operadores” do macro esquema de desvios da Petrobrás? Pessoas que se quer conheciam direito? Foram pombos inocentes que aceitaram o convite para a oferta dirigida do ninho das serpentes ou será que alguém sabia do esquema da lavagem e maculou essa denominação evangélica tão distinta, apenas por ganância e vileza?
Meus irmãos assembleianos eu sinto com e por vocês! Mas, Deus vos dará vitória e envergonhados serão todos aqueles que tentaram denegrir a imagem deste abençoado e valente povo!