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“Em defesa de Hitler” – uma resposta à Johnny Bernando e seu método de defesa de ditaduras

O presente artigo é uma paródia em resposta ao publicado aqui, ontem, por Johnny Bernado.

Em “Júlio Severo e temas relacionados”, Johny nos convida a ver “o lado bom” do chavismo porque, supostamente, o ditador teria contribuído com a erradicação do analfabetismo, combatido a miséria e outras coisas legais.

É o mesmo que dizer: “Sim, o cara é um ditador… Mas veja pelo lado bom: ele construiu umas pontes. Vamos dar um crédito!”

A argumentação de Johnny Bernando – a versão chavista de Poliana e seu “veja o lado bom!” – é o que chamo de método esquerdista de defesa de ditaduras.

Castro mata dissidentes? Ah, veja pelo lado bom: as crianças cubanas aprendem a ler na primeira infância! Antes de completar seis anos, já sabem toda obra de Marx!

Faço aqui uma experiência para mostrar como o método esquerdista de defesa de ditaduras, tão bem utilizado por Johnny, serve para qualquer coisa!

Ele relativiza qualquer crime, do infanticídio indígena ao holocausto, e a esquerda o usa sempre, sem cerimônia. Ditadores de estimação não faltam na esquerda.

[Recomendo ao leitor o livro “Fascismo de Esquerda”, de Jonah Goldberg, que comprova o óbvio: as teorias ultra-estatistas de Hitler, Stalin e Mussolini são frutos do mesmo culto ao “deus Estado” que une comunistas e fascistas, como os dois abaixo]

Enfim, abaixo republico alguns trechos mais estridentes do artigo de Johnny. Apenas troquei Chávez por Hitler, Venezuela por Alemanha, chavismo por nazismo e opositores por judeus:

“Crise na Alemanha? Certo, o populismo, o protecionismo, o assistencialismo são elementos que enfraquecem uma sociedade, que a torna extremamente dependente do Estado, quando o ideal é o estado reduzido, que dê condições técnicas, logísticas, para que um país cresça, produza riquezas.

Mas não devemos tirar alguns méritos do nazismo: igualmente o analfabetismo foi erradicado, foram construídas 11 universidades, mas também o erro é que a democracia foi posta em colapso.

Por outro lado, quem são os opositores do chanceler Hitler? Que tipo de revolução está em curso? Revolução burguesa? As figuras carimbadas de judeus oposicionistas – cujas famílias dominam vários meios de comunicação da Alemanha, cujos proeminentes líderes tiveram formação em Princeton, de família rica – colocaram a massa em prol de interesses pessoais.

O que está em jogo é o poder. Os judeus querem o poder. Não é o povo, não é a massa que lhes interessa – é o poder!”

Espero que o leitor tenha conseguido entender como o método esquerdista de defesa de ditaduras – profana combinação entre o polianesco “veja o lado bom!” e o puro relativismo moral – serve para a defesa de qualquer tipo de crime ou imoralidade.

Some a isso a narrativa walt-disneyana que o esquerdista sempre oferece: Chávez é o bem; Capriles é o mal. Ao bem, tudo. Ao mal, nada.

O bem não tem adversários: tem inimigos. Chame o inimigo de burguês, de elitista, de branco privilegiado. Faça com ele seja visto como a encarnação do mal.

Os nazistas despersonalizavam os judeus. Os tratavam como a encarnação do mal. É o que Johnnny faz em seu artigo com todos os adversários de Chávez e Maduro.

Liberdade por um colchão

Mas ele nos prestou um grande favor ao demonstrar, com seus rios de absurdos, que o típico esquerdista está preparado para defender qualquer regime ditatorial desde que os assassinos de plantão sejam politicamente corretos.

A esquerda está pronta para trocar a liberdade por bandeiras politicamente corretas: “justiça social”, “ambientalismo”, “educação”, etc. Nunca leve a sério um esquerdista que se diz preocupado com a sua liberdade: ele está simplesmente mentido.

O bom esquerdista negocia a liberdade por um bolsa-família ou um colchão.

Se o ditador de plantão – e Johnny parece sofrer deste fetiche típico que pessoas de esquerda nutrem por “messias” em trajes militares – sacar do seu bolso um discurso anti-imperialista, ganhará o eterno o amor da esquerda!

O anti-semita, perseguidor de minoras, assassino de gays e ex-ditador Ahmadinejad, do Irã, contava com o entusiasmo da esquerda brasileira. Por que? Só porque fazia uns discursos cheios de gritinhos contra o “terrível” império americano.

Hitler combateu o analfabetismo na Alemanha, e também soltava uns gritinhos contra a América. Eu suponho que ele é merecedor do amor eterno de muitos esquerdistas “libertários” e limpinhos dos nossos dias.

Não é mesmo, Johnny?

PS.: As frases desconexas do começo do artigo do colega, que supostamente formam uma crítica a Julio Severo, merecem outra resposta. Assim que eu as entender.  

 

 

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