Do Diretor John Patrick Shanley, o filme que traz Meryl Streep no papel de Aloysius, uma Irmã de caridade de uma ordem religiosa que governa com mãos de ferro uma escola para crianças, e Philip Seymour Hoffman; um Padre e Professor da mesma instituição que a confronta, é sem dúvida (sem forçar o trocadilho), uma expressão clara do quão amargo pode ser todo o rigor com que trazemos todas as nossas “certezas” diante das tais dúvidas que nos assolam em nossa caminhada, se formos, é claro, “religiosos”, com um compromisso implacável com a nossa religiosidade.
Isso mesmo. É exatamente isso…
Eu aqui novamente, falando contra essa “raça” a ser “extinta”; o povo que nem Jesus deu conta de regenerar…
Também, não era pra ser… Os religiosos são o seu próprio “Juízo”; se eles não percebem quando “o galo canta”, só o sofrimento por sua própria religiosidade poderá trazê-los à vida novamente, lamento…
Mas, voltando ao filme…
Nele, a irredutível Irmã Aloysius persegue sem descanso a um padre (Philip Seymour Hoffman) que, ao que tudo indica, é um homem com inclinações à pedofilia.
Baseada em sua própria experiência como líder na instituição, e traçando uma história adequada ao caso, Aloysius chega ao fim da história, contra tudo e contra todos, tomando a atitude mais correta aos seus próprios olhos, conseguindo o seu êxito: A expulsão do tal “padre pedófilo”.
O filme termina e o espectador chega a se surpreender com a perspicácia da quase em vias de veneração, Irmã Aloysius; que, ao que tudo indica, abdicou de sua vida pessoal em prol do próximo, chegando ao ponto de ter que passar por tal “martírio”, já que suas certezas, como sempre, eram claras e quase o “sustentáculo” da instituição. Nesta posição, como todo religioso, ela também se embevecia.
Mas o filme caminha para o seu desfecho e o que parece acontecer é uma conversa franca sobre as agruras dos que lutam até o fim por suas certezas…
Porém o que passamos a ver na película, em sua última sequência, é a figura interpretada por Meryl Streep, que, através de um choro compulsivo, relata a uma noviça (Amy Adams) a amarga dúvida, que na verdade, a acompanharia pelo resto de sua vida: Estaria ela, certa ou não, na sua atitude em condenar sumariamente o tal Padre?
Talvez fosse esta, apenas mais uma entre muitas outras dúvidas colecionadas pela pobre religiosa, que sonhava apenas em estender o reino dos céus à comunidade que lhe fora confiada.
Às vezes somos assim (e que Deus nos livre de continuarmos nisso)…
Em razão de nossas imperfeições e mazelas, tributamos à Deus a responsabilidade por nossos erros indesculpáveis na trajetória cristã…
Indesculpáveis, porque por mais que tenhamos o perdão por nossas imperfeições, não temos desculpa alguma de não saber quem é o Cristo, ou o que ele deixou de exemplo para que seguíssemos.
Teria sido a dúvida ou a certeza?
A dúvida sobre quem são os outros, ou simplesmente a certeza de que não somos nada diante de quem quer que seja?
Há os que insistem em se basear por suas dúvidas… Morrerão sem desvendá-las.
No entanto, há os que preferem a certeza;
A certeza de que só saberemos de Deus o que precisamos saber…
Só decifraremos a verdade dos amigos, se também para eles formos…
Só conseguiremos entender o pecado do outro, quando, sem sombra de dúvida, nos revelarmos os nossos…
Para religiosos ou não…
Sem dúvida alguma, fica o texto.
Rogério Ribeiro.