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Distante do Trono – Confissões de um Ex-Valadete (a outra parte)

Por Igor Sabino, 18 anos, Estudante de Relações Internacionais na UEPB

Eis a minha confissão…

Não imaginava que o meu testemunho viesse a ter a repercussão que teve e por isto desejei prestar alguns esclarecimentos.

Meu texto foi um desabafo pessoal. Durante muito tempo fui estigmatizado pelas pessoas próximas pelo fato de ser Valadete e isso sempre me incomodou, mas não tanto quanto ultimamente. Senti necessidade de expor-me também pelo fato de considerar a minha idolatria pelo DT não apenas um pecado de fórum íntimo, mas também público. Assim, decidi aceitar os riscos pelo bem de outros jovens que assim como eu já cometeram ou ainda cometem esse pecado sem contudo, conseguir percebê-lo.

Talvez tenha sido pelo fato de ter dirigido o texto inicialmente a determinadas pessoas que não expus com tanta clareza os meus argumentos com relação ao Diante do Trono, bem como não me detive tanto nas questões doutrinárias que professo. O que mais me preocupou, no entanto, é que muitas pessoas tiveram a impressão de que estive julgando e condenando a Ana Paula Valadão sem argumentos, como se ela fosse a culpada pelo meu pecado. Quero deixar claro que a responsabilidade do meu pecado é inteiramente minha. Contudo, não posso negar que em minha opinião, tanto Ana Paula como outros cantores, tem dado margens para que muitos jovens os idolatrem e alguns, de forma até inconsciente. Quero explicar porque penso assim e quero fazê-lo com respeito e amor. Sei que a Ana Paula Valadão é uma mulher usada por Deus e por isto mesmo não me deterei a questões doutrinárias específicas.  Desde já, quero pedir perdão se de algum modo magoei a Ana Paula com meus posicionamentos. Esse certamente não era o meu intuito, como tentei esclarecer no início do meu texto anterior. Não sei se meu texto chegou até ela ou se chegará, mas caso chegue, gostaria de deixar aqui o meu desejo de um dia poder conversar sobre isso com toda a humildade e sinceridade.

Infelizmente vivemos no meio de uma geração carente de referenciais, e por isso, temos a disposição intrínseca de confundir admiração com idolatria. Helena Tannure, durante congressos do DT já falou sobre isso algumas vezes. Creio, porém que se alguns limites não forem impostos pelas pessoas que admiramos a nossa tendência de idolatrá-los crescerá. É isto que percebo nos Valadetes. A Ana sempre os trata bem, lhes dá atenção e não que isso seja errado, mas os trata como “fãs”. Também há muita exposição da vida pessoal o que alimenta mais essa mentalidade. Porém, isto não é só visto nos fãs dos DT. Há toda uma indústria e um mercado que é baseado nisso, e isto não é certo.

Valadetes e os fãs Gospel em geral, podem até ser comparados como aquela garota que se apaixona pelo amigo, mesmo sem querer. Se o amigo, mesmo inconscientemente alimenta essa paixão ou dá meios para que ela cresça, isto só vai aumentar e trazer danos para ambos. Do mesmo jeito a idolatria aos ministros de louvor.

Conheço de perto os Valadetes pois fui um deles. Mas o mesmo acontece com os fãs de Thalles Roberto e a Fernanda Brum, por exemplo. Por isto, creio que os “artistas” deveriam refletir sobre a parcela de culpa que carregam nesta situação.

Eu realmente desejo que a Ana Paula e outros cantores, vejam meus textos não como uma afronta, uma tentativa de denegrir seu ministério ou como um julgamento errado de seu coração. Ao contrário, que percebam que hoje milhares de jovens estão pecando por idolatrá-los e que precisam mudar. Pois é possível adorar a “adoração” e estar bem longe de Deus.

Tantas coisas boas acontecem através do DT e muitas vidas foram tocadas através deles. Mas há uma responsabilidade sobre a nova geração de adoradores que pretende influenciar nossa igreja e nação. Esta por fim, é a minha confissão.

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