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Deus, o Diabo e Eu

Graça e Paz.

A minha vida, desde menino e moço, tem sido passada com Deus e o Diabo. A minha existência, tem sido uma luta constante, entre estes dois seres.

Escolhi Deus, ou melhor, Deus me escolheu por eleição da Sua graça e logo achei que o Diabo passou a ser o meu adversário. A paz com Deus e a guerra com o Diabo é como defino o meu viver.

Quando eu era jovem frequentava a Biblioteca Municipal nas Caldas da Rainha, Portugal, onde li a “Guerra e Paz” de Tolstoi. Naquele tempo tinha muitas perguntas e poucas respostas. Também fiz algumas descobertas, surpreendentes. No outono as folhas dos plátanos amarelecidas caíam das árvores e ao levantar uma delas encontrei uma pequena lagarta e fiquei a pensar como aquela estranha criatura ali tinha ido parar. Se tinha vindo da terra ou da folha caída. Lembrei-me que também as galinhas chocavam os ovos e que talvez fosse a temperatura da folha que tivesse chocado a lagarta sobre a terra. Nunca contei isto a ninguém porque tinha receio de ser ridículo.

Da mesma maneira também que nunca contei a ninguém que Deus me perseguia com os estudos da geografia, da biologia e dos amores que em mim despontavam. Quando comecei a realizar programas de televisão, os roteiros também tinham um princípio e um fim. As histórias passam-se entre o bom e o vil, rir e chorar, abraçar e deixar de se abraçar e muitas outras experiências semelhantes.

No cristianismo, Deus é bom e o Diabo é vil. Eu tornei-me a disputa entre estes dois seres. Deus me dá a protecção, o amor, a fé e a esperança. E o Diabo procura destruir a minha paz e mais ou menos como aconteceu a Job fiquei com chagas no corpo, cego e frágil. As minhas orações são constantes para que Deus venha logo e depressa sarar-me pois é n’Ele que eu confio.

Tribulações sucedem-se a tribulações e eu que tanto gosto de viver também acho a morte desejável para pôr termo final a uma luta sem tréguas.

Continua, no entanto, Deus presente em mim.

Peço-vos que não se inquietem comigo e muito menos que tenham piedade de mim.

A razão pela qual vos escrevo sobre mim é porque na terra temos muitas aflições e tenho procurado ter bom ânimo, porque Jesus venceu o mundo, segundo os Evangelhos.

Amilcar Rodrigues

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