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Deus, nos perdoe por não amarmos o próximo!

Nos perdoe por não amarmos o próximo!

Não cabe exclamação, cai bem uma interrogação na frase acima. Para o fundamentalismo reducionista e ao mesmo tempo cheio de regras de alguns, recheado de proibições e focado apenas em classificar “pecados hediondos” como adultério, fornicação e roubo essa seria uma descabida oração dirigida à Deus. Mas será mesmo tão sem sentido assim? Ou será que falta discernimento para reconhecer que temos amado ao próximo tão pouco que só nos resta pedir perdão a Deus por tamanha transgressão? Para este pecado de não amar de fato com atos (1 Jo 3:17-18) não tem perdão quando se tem a chance de praticá-lo e nos omitimos.

Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso! (Mt 5:46)

Nossa prática de “amor” ignora porções bíblicas como a acima; nossa eisegese classifica o próximo apenas como aquele que gostamos e aos que nos ofendem cancelamos a extensão textual e nos empenhamos num comportamento vingativo de “entregá-lo nas mãos de Deus para ser tratado!”. Sinceramente, conviver com os outros sob esse conceito do V.T. de “olho por olho e dente por dente”, não tem nada de cristão!
Não amar e não perdoar os outros trazem problemas à nossa própria relação com Deus pois na oração modelo do Pai Nosso, perdoar os outros também é condição para ser perdoado pelo Pai (Mt 6:12); será que esse principio de perdoar para ser perdoado está claro para todos nós?

E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! (Mt 5:47)

O mesmo crente que classifica “pecadões”, faz vista grossa e ignora “pecadinhos” do tipo falar mal dos outros, brigar com vizinhos, amaldiçoar gays, difamar políticos, contender com irmãos da igreja, invejar o sucesso alheio e desejar o mal a quem quer que seja. Essa mentalidade de tratar os outros como nos tratam, não é a de Cristo; esse comportamento de se relacionar só com quem frequenta as nossas exclusivas e únicas igrejas, não é o do povo de Deus que não se mistura, mas que influencia o mundo em que vive. No lago de fogo serão lançados todos os que cometem qualquer pecado – afinal, para Deus todo pecado é delito em número, gênero e grau; inclusive lá estarão os que não amaram aos outros segundo o evangelho de Jesus Cristo.

Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo (1 Jo 3:15).

O evangelho é radical e seu ensino sobre a prática do amor cristão não é nada convencional; vai mais longe e desafia minha paciência, avança e inutiliza meus direitos civis; seu cumprimento põe a prova meus nervos e domínio próprio como por exemplo a oferecer o outro lado da face a quem já me feriu; a entregar também a capa a quem investe em tirar-me a túnica; a dispor-me a caminhar o dobro ao que me impôs uma milha de percurso. Enquanto alguns acham que a luta travada é somente contra as impurezas e pecados sexuais, a amplitude da verdadeira renúncia (Mt 16:24) de acordo com a Palavra de Deus despolariza o foco tensionado sobre a carne e adiciona uma necessidade da alma e do coração cristão: amar incondicionalmente a qualquer um!

Você deve amar aos outros porque Deus te amou primeiro (1 Jo 4:19) porque Ele te perdoou grandemente (Lc 7:47); porque derramou amor Dele em seu coração (Rm 5:5); porque você é nascido de Deus (1 Jo 4:7) e finalmente, porque é mandamento bíblico (1 Jo 4:21).

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