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Desígnios de Deus

Graça e Paz.

Não conhecemos os DESÍGNIOS DE DEUS.

Sabemos, no entanto, que se pedirmos alguma coisa segundo a Sua vontade Ele nos ouve e esta é a confiança que temos para com Ele, teologia joanina. Por esta razão, é que muitos têm naufragado na fé. A doutrina triunfalista tem como princípio que Deus fará tudo aquilo que nós possamos acreditar. Chamam a isto de fé. Quando não acontece aquilo que desejam, culpam-se da sua própria fé porque não querem admitir os desígnios de Deus. Por esta razão, alguns abandonam a fé porque a ilusão os conduziu à incredulidade.

Lembro-me de um pastor que estando ausente de férias um membro da igreja veio a falecer. Quando regressou e soube da ocorrência afirmou que se ele não tivesse ido de férias a pessoa não teria morrido. Com esta afirmação, culpou de incredulidade os oficiais da igreja que não puderam evitar o acontecimento. Para ele não havia impossíveis e citava textos bíblicos isolados, para provar a sua super fé.

Quando me vieram falar desta narrativa e o que eu achava do assunto, respondi que cabia ao pastor ressuscitar o morto e isto também embasado nas Escrituras, pois Jesus tinha ressuscitado Lázaro. Sabemos que sem fé é impossível agradar a Deus, mas isto não nos dá o direito de exigir de Deus que Ele faça o que nós queremos. Convém lembrar que a fé não é uma capacidade humana para obter mais valias de Deus. Deus só fará o que Lhe apraz, segundo o desígnio de Sua vontade.

Numa certa igreja, falando de dinheiro, certo pastor instilou à fé que se alguém desse a Deus certo valor Deus lhe daria cem vezes mais e para provar esta crença citou a Escritura. Aconteceu que um incauto irmão acreditou e como necessitasse de certo valor, fez as contas e logo entregou uma avultada quantia, na esperança de que multiplicada por cem vezes resolveria o problema dos seus débitos. Aconteceu que como não tivesse recebido o que esperava, e não podendo suportar o engano em que tinha caído, pediu ao pastor para lhe devolver o dinheiro que tinha entregue à igreja. O pastor logo lhe disse que não tinha nada que devolver pois era dinheiro da igreja e que ele não recebeu porque não tinha fé. Não suportando o logro, o irmão que era construtor civil, pegou um “Caterpillar” e destruiu o prédio, chamado de igreja, porque não queria que outros caíssem na mesma armadilha. Isto aconteceu no Algarve, em Portugal.

Há sete anos eu fiquei cego por ter contraído retinopatia diabética proliferativa. Tenho sentido na pele não a cegueira mas a exclusão de irmãos e de amigos. Os irmãos pensam que eu cometi um pecado imperdoável e que não tenho fé para ser curado. Nunca ninguém me convidou para pregar numa igreja depois de ter ficado cego. Afinal seria um mau testemunho de fé um pregador cego. Não há pregadores deficientes, salvo raras excepções e isto porque não sou radical. Também os amigos desapareceram e com isto fizeram o favor de me provarem que não eram amigos. Achei no entanto amizade em quem não esperava e até uma prece à Senhora de Fátima com uma vela em rogos que um milagre me fizesse ver. Como era católico disse-me, com humildade, que eu não levasse a mal mas era a sua fé que o movia.

Nos púlpitos das igrejas ouvem-se pregadores afirmar que Jesus já levou todas as nossas enfermidades e que as doenças não passam de simples mentiras de Satanás para enganar os irmãos e assim os manter ilusoriamente doentes.

Acontece que estes pregadores têm os seus planos de saúde, para no caso de serem atacados de doenças procurarem os médicos para os libertar dos enganos astutos de Satanás.

Um certo apóstolo triunfalista disse-me que tinha ido ao dentista tratar de um dente para não gastar a sua fé. Também pôs lentes de aumento nos seus olhos, pela mesma razão de economizar a fé. Nos púlpitos este apóstolo dá cabo do canastro a Satanás, o enganador dos irmãos incrédulos, mas ele, o herói da fé lá se vai safando com o cartão de saúde, uma mentira de Satanás.

Meus irmãos: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e que nada nos pode separar do amor de Cristo, nem a própria morte, Carta aos Romanos. A fé não adulterada consiste em olharmos para Jesus Autor e Consumador da nossa fé. Os Seus desígnios serão conhecidos dos nossos corações que despertados, na Sua vontade, acreditarão e confessarão a fé nos propósitos de Deus. Nem todos alcançarão o que almejam mas não viverão a mentira dos falsos profetas.

Fraternalmente,

casal com uma missão,
Amílcar e Isabel Rodrigues

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