Colunas

Um alerta à família: criança tem ‘morte cerebral’ por fazer desafio da internet

Um alerta à família: criança tem 'morte cerebral' por fazer desafio da internet

Foto: reprodução/Google

Entra ano e sai ano, vez e outra vemos surgir diversos modismos, alguns muito perigosos e capazes de ceifar a vida de crianças e adolescentes, como a de um garoto chamado Archie Battersbee, de 12 anos, que foi diagnosticado com possível morte cerebral após fazer um desafio da internet.

Em abril desse ano, os pais de Archie o encontraram desacordado com uma espécie de fio no pescoço, e desde então o menino não voltou à consciência e se encontra internado na UTI, sendo mantido apenas por aparelhos, no Royal London Hospital, Reino Unido.

À imprensa, a mãe do garoto fez um alerta revelando a causa do incidente, dizendo o seguinte: “Acho importante dizer que Archie estava copiando um desafio da internet que viu nas mídias sociais. Acho que os pais precisam saber sobre esse tipo de coisa e o quão rápido isso pode mudar sua vida”.

Causas distintas

Anos atrás, participei de uma audiência pública no Congresso Nacional, onde falei como psicóloga sobre o jogo da “Baleia Azul”, lembra dele? Naquela ocasião, fiz algumas pontuações que irei resumir abaixo, a fim de alertar os pais sobre o motivo pelo qual crianças e adolescentes se submetem a determinados desafios da internet.

Em primeiro lugar, destaco a falta de relacionamento e referenciais sadios. Na prática, isto significa que temos um grande número de crianças e adolescentes desamparadas emocional e socialmente. São pessoas que passam a maior parte do tempo imersas no mundo virtual, mesmo quando estão fisicamente na companhia de outras.

Com essa falta, os jovens, especialmente os mais novos (crianças), criam uma necessidade natural de identificação com grupos, dos quais deseja aceitação. Cumprir determinados “desafios”, portanto, acaba sendo uma forma ilusória de tentar conquistar respeito e valor perante os outros.

A ausência de referenciais sadios também é outro problema, pois significa que a criança/adolescente vive cercada de influências negativas. Normalmente são jovens que vivem no mesmo contexto problemático do ponto de vista familiar, emocional e social. Com isso, a vulnerabilidade psicológica diante de sugestões perigosas é altíssima.

Em segundo lugar, destaco o distanciamento afetivo entre pais e filhos, o que resulta em falta de diálogo e intimidade diante dos problemas pessoais. Com isso, os filhos podem querer suprir essa carência buscando valorização e destaque nas mídias sociais, justamente onde ficam mais suscetíveis a aceitar um desafio perigoso.

Outro ponto que merece atenção é a influência da própria cultura na era das redes sociais, onde crianças nascem e praticamente já são induzidas, pelos próprios pais, a viver no mundo virtual. Assim, temos uma geração de jovens condicionada a se identificar e a corresponder a esse meio.

O perigo está no fato de que a internet não possui filtros como na vida real, onde pessoalmente somos capazes de selecionar pessoas boas e ruins pela forma como realmente são. No mundo virtual lidamos muito mais com perfis, grupos, fóruns, aplicativos, sites e etc.

A impessoalidade nesse tipo de interação, tende a tornar as pessoas mais insensíveis, dando margem para que sugestões perigosas que podem causar danos a outras sejam encaradas como simples “brincadeiras”.

Conselho aos pais

Este é um tema complexo, pois estamos tratando de algo multifatorial, onde cultura, educação, relações familiares e a própria individualidade se misturam. Em todo caso, a grande questão envolvendo a dúvida dos pais, é: como posso evitar que meus filhos sejam vítimas de algum desafio da internet?

De modo geral, procure suprir as necessidades emocionais dos seus filhos, sendo para eles o maior referencial positivo de vida possível. Isso os protegerá das referências negativas, pois eles terão vocês, pais e mães, como exemplos a seguir, mesmo quando expostos a coisas ruins.

Também procure alimentar os filhos desde cedo com bons conteúdos, para que eles desenvolvam a capacidade de filtrar por conta própria o que é bom ou ruim na internet e na vida. Isso diz respeito a tudo, desde brinquedos a desenhos, filmes, música, historinhas, jogos, livros e etc.

Por fim, não exponha seus filhos ao uso precoce de aparelhos como celular, tablet e computador, precisamente à internet. A falta de maturidade é um dos quesitos que deixa as crianças vulneráveis no mundo virtual, mesmo havendo algum filtro por parte dos pais.

Além disso, há vários problemas de saúde já identificados como resultado da exposição precoce de crianças a telas digitais. Em vez disso, invista em atividades motoras, lúdicas, como esportes e atividades em grupo com outras crianças.

Essas são recomendações básicas que todo pai e mãe deve ter em mente, mas que podem salvar a vida dos seus filhos diante dos modismos e desafio da internet.

Sair da versão mobile