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Deixe de ser burro e cavalo…

“Não seja como o cavalo ou o burro, que não tem entendimento, mas precisa ser controlado com freios e rédeas, caso contrário não obedece”. Livro dos Salmos

Cavalos e burros, excelentes trabalhadores. São fortes e anatomicamente preparados para carregar bastante peso. Tanto um quanto outro são excelentes meios de condução, podendo ser montados, puxar carroças e fazer todo trabalho pesado que necessitaria da força de vários homens para ser feito.

Para muitos trabalhos que cavalos e burros sempre realizaram existe hoje, tratores, motos, caminhões, trens, no entanto, a força e a versatilidade desses animais ainda são primordiais em muitas circunstâncias.

No versículo acima, vejo três pessoas: o cavalo, o burro e o leitor (eu e você). Ele está nos dizendo: “não seja como o cavalo ou o burro”. Quem? Nós, leitores!

É uma orientação, um confronto, um apelo, perceba, pois cavalos e burros são dominados com freios e rédeas, por isso, o Livro está dizendo: “não seja como eles”. É o que percebo forte na frase.

Como bom herege, vou além e estendo ainda mais as descrições sobre os animais de trabalhos forçados e digo “não seja como o cavalo de tração, puxador de carroça, o qual, para andar na linha, ganha um par de viseiras”.

Cavalos de tração ganham viseiras pra não sair da linha, pra não enxergar mais do que convém e perca o rumo pré-determinado por seu condutor. Ele montou sobre você e agora dirige sua vida. Jogou-lhe uma canga pesada, delimitando seus limites. Tirou de você a condição de enxergar perifericamente e te deu um rumo, um caminho objetivo e se você sair do traçado, a vara vai tocar seu lombo e isso vai doer.

Talvez você possa até bradar: “é assim, irmão, a disciplina do senhor, pois muitas vezes quando não anda por amor, anda pela dor”.

Justificativa abarrotada de uma lógica prisioneira consciente, conivente, entreguista e prevaricadora, pois entrega seu destino a outro, aceitando até essa doutrina mal elaborada e arcaica de ‘disciplina do Senhor’, como justificativa de alguém que abriu mão de deter o controle de sua própria vida.

Você pode até dizer que o contexto bíblico não é esse, mas para ser honesto, hoje não me importa o contexto, mas sim o que vejo no agora, no hoje, no atual. É assim que muitos têm vivido sua vida religiosa no âmbito de um cristianismo falsificado. Ora, cristianismo que produz culpa ao invés de graça; acusação ao invés de perdão; afastamento ao invés de reconciliação não vem do Cristo. Cristianismo que produz escravos, trabalhadores forçados ao invés de adotar filhos para Deus, é fake.

Não estamos condenados a viver em uma ilha de trabalhos forçados, puxar carroças, servir de montaria para líderes dominadores e folgados, levando varadas de homens no lombo sob interpretações errôneas do Salmo 23.

Não seja como um cavalo, nem como um burro! Seja um filho, livre, feliz, satisfeito com o projeto do Pai para sua vida.

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