“se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Eles, pois, serão os vossos juízes. Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus”. Jesus de Nazaré
Várias religiões exorcizam maus espíritos, curam enfermidades, fazem sinais extraordinários, fatos enigmáticos, mas visíveis e, embora, muitas vezes inexplicáveis, eles estão ali, diante dos nossos olhos.
Numa sessão necromante, é inegável a presença do fator místico. Há quem possa questionar a origem dos espíritos ali presentes, assim como questionamos de onde vem o ouro que surge de forma estranha na boca de um devoto em meio a uma reunião carismática, ou de onde vem a cura para uma doença que fora declarada cientificamente incurável.
Ainda que as respostas sejam difíceis de ser descobertas, acredito pessoalmente que devamos buscar por um padrão racional, a fim de diminuir as possibilidades de engano em eventos cujas explicações vão além de nossa ciência e filosofia.
Por que acho isto? Porque acredito no místico, no extraordinário, no miraculoso, mas também acredito na manipulação e tenho particular preocupação pela diferenciação entre todas essas coisas, sentindo uma especial necessidade em classificá-las de acordo com sua origem.
Vimos Moisés, em nome de Deus, realizar alguns ‘truques maravilhosos’ perante os magos do faraó, mas qual a diferença entre os sinais dos ‘magos’ egípcios e os sinais do ‘mago’ Moisés? O que torna um ‘bom’ e o outro ‘mau’?
Jesus disse que surgiriam “falsos cristos e falsos profetas, que fariam tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos”.
Tenho pra mim um padrão de conduta e de observação que me conduz a uma relação com esses fenômenos, para o qual procuro uma abordagem que seja o máximo evangélica. Chamo de evangélico uma perspectiva, uma forma de raciocínio que seja coerente com o tipo conceito que foi vivenciado por Jesus e também pelos discípulos perante qualquer tipo de acontecimento extraordinário.
João disse em sua primeira carta: “não creiais em todos os espíritos, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.
Gente, questionar é bom, é de Deus, é evangélico! Em Atos está descrito que os cristãos bereanos tornaram-se mais nobres em virtude de sua prática em examinar as doutrinas e ensinamentos que recebiam.
Não engula tudo o que lhe é oferecido!
Questionar, comparar, conferir, julgar – sim, julgar – tudo isso é marca de quem vive neste mundo, mas tem uma ótica particular, que é a consciência, faculdade espiritual extremamente poderosa nos que nasceram de novo.
Mas existe uma marca que me convence! Uma característica forte e definitiva que acompanha os sinais que são realizados genuinamente por Deus, em nome de Cristo, por intermédio da Igreja: o Reino de Deus!
No texto que eu compartilhei lá em cima, Jesus dá essa dica quando defende seu exorcismo como sendo de Deus, comparando a sua prática com a de outros exorcistas. Ele disse: “se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos?”.
Ora, todas as religiões possuem exorcistas, assim como em todas as religiões se ministram curas, compartihamentos de energias, poderes sobrenaturais e outras manifestações místicas. Contudo, o que difere a Obra de Jesus das demais está justamente na frase que Ele próprio disse a seguir: “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus”.
A manifestação do Reino de Deus é a chave, a prova, a chancela e a assinatura de Cristo em toda obra realizada genuinamente por Ele. Hoje, se queremos saber de uma obra, se a mesma vem de Deus ou não, devemos medi-la pelo fator Reino de Deus que nela consiste.
Reino que ‘não vem com visível aparência’, conforme está escrito, que “está dentro de nós“, ou seja, o Reino que se manifesta em pessoas, através do amor, da misericórdia, da compaixão, da solidariedade, da graça, da paixão pelo Evangelho, do compromisso com a Verdade e a Justiça e com o desapego completo acerca de tudo o que não seja Jesus no centro, bem como a desistência de qualquer outra forma de instituição que deseje complementar-se ao Evangelho.
Um milagre verdadeiro transforma, muda rumos, revoluciona, enfim, manifesta o Reino de Deus nas pessoas. O resto é imitação, manipulação e fruto de muita crendice…