“Não existe dualidade consistente entre verdade e mentira (1 Jo 2.21). Numa mesma afirmação que reúne pedaços da verdade com fragmentos da mentira, prevalecerão as inverdades!”
A maioria de nós tem buscado mais fofocas e notícias tendenciosas e polêmicas do que conteúdo relevante e edificante. Faz-se notado um comportamento destoante e derivante do que realmente tem interessado a grande parte dos internautas cristãos neste hipertenso século. Tornamo-nos consumidores freqüentes de notícias polêmicas e de fuxicos esdrúxulos que na maioria dos casos ignoram a veracidade dos fatos e comprometem o valor da função comunicativa da informação. É notável a crescente procura por notícias tendenciosas, publicações capciosas e informes de ultrajes. Ademais, temos gasto uma parte preciosa de nosso tempo exíguo frente a uma tela de navegação virtual com o que não nos edifica e nem tem nada a acrescentar à expansão e a proclamação do Reino de Deus (Fp 4.8).
Por detrás deste cenário especulativo da “informação minada” estão muitos veículos de comunicação como hábeis instrumentos de distorções factuais. Boa parte destes “canais de informação” promove notícias exageradas, consubstanciadas de parcialidades e espetacularizações que de forma planejada formatam alarmantes apresentações a fim de envolverem um populacho que lamentavelmente repudia cultura e cultiva hábitos de assistência e leitura ao frívolo. Há inegavelmente uma estratégia comercial desta indústria de futilidades midiáticas – e a essa ação mal intencionada e propositalmente dirigida pela sutileza da imprensa do extraordinário dá-se o nome de manipulação. O maligno incentiva essa prática (Jo 17.15; 1 jo 5.19; 2 Co 4.4).
Já foi provado que o destaque de escândalos e desgraças estampadas nas capas de revistas e jornais faz vender muito mais. A cobertura de catástrofes prende telespectadores a audiência de canais televisivos específicos. A exposição e especulação forçada de notícias controversas e “mexericos quentes” fazem saltar os índices de visitas únicas e visualizações de páginas de perfis sociais, blogs, sites e portais na web. Lidamos muita das vezes com notícias elaboradas pela maestria inconseqüente das chamadas imprensa amarela, marrom e rosa que são especializadas na exposição do sensacional e extraordinariamente ridículo.
A internet revolucionou a forma de nos comunicarmos e recebermos informações. A preocupação de especialistas da área tecnológica é de como as pessoas tem acessado, absorvido e filtrado toda essa cosmovisão informativa. A proporcionalidade do volume de conteúdo virtual é ilimitada e sua acessibilidade tende a massificar todo esse “conhecimento” digitalizado. A estrutura lógica e programática do ciberespaço organiza, segmenta e entrega com precisão de caracteres a busca feita pelo mais recente e inexperiente internauta.
O problema é que os mecanismos de buscas não conseguem fazer ou impor julgamentos aplicáveis aos resultados dos conteúdos retornados. Dizem os tecnólogos que é neste ponto que temos um perigoso risco social através da internet – das pessoas não se darem conta de que precisam filtrar, avaliar e julgar as informações recebidas através da rede mundial de computadores para só depois compartilharem se o “fato” é “de fato” uma verdade e sendo verdade se interesse ou será proveitosa a sua rede de contatos. O risco de notícias forjadas tornarem-se virais na grande rede e comprometerem governos, desacreditarem instituições sérias, exporem ao ridículo pessoas inocentes e fomentarem intolerância religiosa ou ideológica, por exemplo, são grandes.
É tempo de refletirmos como seguidores do Evangelho sobre como temos tratado as informações que recebemos pelos meios de comunicação ditos cristãos (1 Ts 5.21). O servo de Deus não deve se alienar do mundo, antes precisa estar “ligado” ao que acontece, de forma coerente, prudente e firmada na verdade (2 Pe 1.12). Precisamos comprovar a autenticidade da informação sempre que possível e assim erradicaremos os perigos de manipulação desta mídia de exposição irresponsável (1 Jo 4.1). Lamentavelmente não são todos os “canais de informação evangélica” que demonstram ter compromisso com a verdade. Alguns estão mais preocupados em alavancar audiência, vender mais jornais e revistas, obter curtidas, indicações e compartilhamentos de suas publicações de discórdia do que com a concórdia do povo de Deus. Essa mídia com máscara gospel é irresponsável por que tem se dedicado a espalhar fofocas, pré-julgamentos e achismos – mas o juízo para essa gente não tarda (2 Pe 2.3). Como ficam as vítimas (pessoas e instituições) atacadas por este impiedoso “sistema de popularidade a qualquer preço” que forjando mentiras como “provas da absoluta verdade” destroem a dignidade e moral dos vitimados pelos ditos canais? Isso é loucura editorial passível a configurar crime de danos morais e etc.
Cristianizando a discussão: é fato que muitos cristãos não param cinco minutos para lerem a Palavra de Deus ou desfrutarem de um bom estudo bíblico, preferindo seguir o conselho dos ímpios (Sl 1.1-2), mas ficam horas na frente de uma tela especulando sobre as últimas notícias da vida de seu ídolo da música gospel ou dos pregadores que arrastam multidões. Outros como detetives informais da vida alheia dedicam-se a vascular sobre a vida privada de pastores e servos de Deus para expressarem comentários totalmente dispensáveis sobre eles (Lv 19.16). Não sou a favor da alienação informativa, pois seria ignorância. Oponho-me ao vício pela exposição e exploração que esta mídia de espetacularizações faz. Reprovo esse conglomerado informativo a serviço do mal que sem apurar fatos denigre a imagem de pessoas, igrejas e outras instituições através de suas sutis generalizações. Condeno a promulgação de ilações equívocas através dos motores de formação de opinião (rádio, internet, jornais e TVs) que contaminam a sociedade com exageros e sensacionalismos. Assim são estes meios de comunicação de tarja preta, você já os deve ter percebido!