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Os cristãos e a política: só ovelhas pombas-serpentes escapam dos lobos maquiavélicos – parte 1

I – Cristãos devem se envolver com política?

Publiquei o artigo “Os cristãos, o voto consciente e o perigo da alienação” e recebi muitos comentários e e-mails com conselhos de irmãos que se preocupam comigo e com os destinos da igreja cristã no Brasil. Agradeço os que assim procederam, pois vejo que estão preocupados comigo e isso muito me agrada. Preciso ouvir seus conselhos. Tenho feito muitos pronunciamentos em vídeos, artigos, palestras em várias ocasiões em defesa dos princípios cristãos, especialmente nos momentos mais críticos destes debates. Ao fazer isso, cumpro, com prazer, o meu papel como cristão.

Certa fez, Jesus Cristo disse: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas”. Mateus 23:23. Neste texto, Jesus Cristo nos orientou a cumprirmos os mandamentos sagrados, como o dízimo, mas alertou aos escribas e fariseus que não deixassem de lado outros temas relevantes ao juízo, a misericórdia e a fé. Nós devemos obedecê-lo, para não nos assemelharmos àqueles fariseus.

Em outra passagem bíblica, Tiago nos ensina: “E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma”. Tiago 2:15-17. Em Mateus 25:31-46, Jesus foi claro ao nos alertar que, se não cuidarmos das necessidades básicas do nosso próximo, estaremos sujeitos à condenação. Cuidar para que o pobre e o miserável tenham vida digna é papel da igreja e a omissão será trazida no dia do juízo. Em outro trecho bíblico, Jesus nos ensinou: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. Mateus 22:29. A Bíblia traz excelentes ensinamentos para reis ou pessoas do povo: temos a opção de segui-la ou não. Portanto, se o tema é cristianismo e fé, devemos buscar resposta nas Sagradas Escrituras e todas as respeitáveis opiniões merecem estar de lado.

Alguém pode argumentar que esses ensinamentos são para a igreja e não para os governos. Quem fala assim não entende que a Palavra de Deus é para a humanidade e quem crer nela deve defendê-la em qualquer esfera. Ademais, seria uma tremenda heresia acharmos que Deus não espera dos governos que sejam justos. Em Provérbios 29:2, diz: “Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme”. Deus fiscaliza tudo e confronta o que não é justo. Em Isaías 10:1, diz: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão”.

Bertold Brecht, poeta e dramaturgo alemão que viveu até a metade do século passado, deu algumas dicas importantes. Ele afirmou: “Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem”. E deu uma definição clássica: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. Embora a imprensa divulgue com frequência tudo isso, muita gente ainda não percebe.

II – Como frear a fúria contra os cristãos?

 Para frearmos a fúria contra os cristãos, devemos cuidar da parte espiritual: orar, jejuar, consagrar nossa vida ao Senhor, conhecer as Sagradas Escrituras, evangelizar, mostrando as pessoas porque seguimos o caminho que escolhemos. Se assim o fizermos, muitos se voltarão para Cristo. Feito isso, há a parte que nos cabe como cidadãos, nosso trabalho: conhecermos os temas relevantes do país, opinarmos, influenciarmos, sabermos ouvir a opinião alheia, e contestar com sabedoria e conhecimento, não com arrogância, gritaria ou ofensas: Jesus não faria isso. Defendermos princípios cristãos não nos dá o direito de sermos agressivos, ofensivos e usarmos até pensamentos antibíblicos em nome da “fé”. Uma palavra mal colocada dita por um cristão influente afeta a credibilidade de todos. Sofrer pelas palavras mal colocadas não é sofrer por causa do Evangelho, mas sim por deixar de cumprir o que a Bíblia ensina e macular a imagem de todo o grupo. A bíblia não dá respaldo para vaidades, narcisismos ou qualquer outra coisa que aponta para o culto ou devoção ao ser humano.

A pregação do Evangelho é a nossa missão e nós devemos cumpri-la para agradar o Mestre. Defender nossos princípios cristãos é nossa obrigação se verdadeiramente o somos, sendo políticos ou não. Sobre isso, nossa prestação uns para com os outros não substitui a que teremos de apresentar no Grande Dia ao Senhor da Seara. Nós cristãos devemos sim fiscalizar para que nossos políticos defendam os princípios que acreditamos ser corretos, mas também devemos questioná-los se estão atentos e atualizados sobre todos os demais temas relevantes que movem o país e que afetam nossas famílias e comunidades. Não podemos ser massa de manobra, mas precisamos estar atentos para não sermos enganados por “espertos” de toda natureza.

III – Conclusão

Com relação aos partidos políticos, nenhum deles é imune à presença de defensores do aborto, da descriminalização do uso de drogas, legalização da exploração da prostituição, e outras propostas que põem em risco as famílias e até as crianças. Tenho muitos pronunciamentos públicos sobre esses temas na internet, em artigos e vídeos. Os partidos também não estão imunes às coligações e apoios mútuos com outras legendas e parlamentares defensores de temas que colidem com a moral cristã, inclusive os partidos que se dizem cristãos. Temos vários exemplos no país sobre isso.

Portanto, não podemos ser inocentes e levarmos o debate apenas para a questão partidária para que não sejamos enganados pelos partidos que “gostamos” e sejamos usados como “terroristas” ou “homens bombas” da linha A ou B, atirando-nos contra este ou aquele partido em benefício de outros. Nenhum partido político está completamente a serviço do Evangelho. Mesmo que seja para fazer o bem das formas como julgam ser corretas, todos os partidos visam ao poder e à defesa de muitos interesses. Se identificarmos que o perfil de algum partido não nos interessa, não votemos nele, mas com o cuidado de não sermos massa de manobra de quem quer que seja. Lembre-se, Jesus nos disse, em Mateus 10:16: ‘Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas’. Portanto, se quisermos escapar dos experientes lobos maquiavélicos, temos de ser pombas-serpentes aos moldes do que Jesus ensinou.

A parte 2 deste artigo você pode ler no link: http://colunas.gospelmais.com.br/parte-2-os-cristaos-e-politica-ovelhas-pombas-serpentes-escapam-dos-lobos-maquiavelicos_6879.html

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