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Criança não namora, nem beija na boca: entenda o motivo de sermos contra esse absurdo

Criança não namora, nem beija na boca: entenda o motivo de sermos contra esse absurdo

Foto: reprodução/redes sociais

Esta semana, viralizou nas redes sociais uma publicação da atriz Sofia Arruda, onde o seu filho de 3 anos aparece numa foto beijando uma menina, na boca! As duas crianças aparentam ter a mesma idade. Mas afinal, como devemos enxergar esse tipo de situação? Criança não namora.

Tentarei ser pontual, pois creio que a absoluta maioria das pessoas concordará comigo. Em primeiro lugar, sim, criança não namora e não deve beijar outras crianças na boca.

Aliás, também não deve beijar adultos dessa forma, e afirmo isso porque sei que alguns pais têm esse costume.

Alguns, como a própria Sofia Arruda argumentou tentando se justificar, acreditam que pelo fato da criança ser inocente e não ter a consciência real do que significa o ato de beijar na boca, ou namorar, não há motivo para censura ou correção da parte dos pais em casos desse tipo. Mas, essa tese é um engano!

Isso porque, a questão não está na forma como a criança enxerga o “namoro” ou o ato de beijar, mas no que essas coisas significam em nossa sociedade, e, consequentemente, no que elas se tornarão para a criança no decorrer do tempo, à medida em que o próprio menor, espelhando o adulto, vai se dando conta do que isso realmente é.

O simbolismo sexual

Quando os pais desprezam essa representação social da intimidade adulta na lida com os filhos pequenos, eles acabam contribuindo para a eliminação da inocência infantil, a qual só existe, e se mantém por muitos anos, justamente porque nós, como sociedade, fazemos separação entre o que é “coisa de adulto” e de crianças.

O beijo na boca, por exemplo, está diretamente relacionado à intimidade sexual entre adultos, pois é uma prática comum da relação amorosa que objetiva o sexo. É por isso que ao cumprimentar pessoas, não beijamos na boca, mas sim na bochecha.

Ou seja, o beijo na boca é, sim, um símbolo sexual, algo que carrega em si mesmo uma representação da sexualidade adulta, e não apenas um gesto de intimidade e carinho qualquer. Do contrário, beijaríamos na boca dos amigos e familiares que mais amamos, diariamente!

Isso é tão evidente que a própria mãe do garoto associou a atitude das crianças a uma relação amorosa. Ela mesma declarou: “Não sei se será amor de verão ou da vida toda, mas que pintou um clima, pintou”. Por que Sofia enxergou assim? Exatamente porque esse é o significado do beijo na boca: o de relação amorosa/sexual!

Fases do desenvolvimento

Outro motivo pelo qual devemos ser contra a normalização, incentivo e banalização de atitudes que envolvem “namoro” e beijos íntimos (na boca) entre crianças, diz respeito ao respeito às fases do desenvolvimento infantil.

Por que criança não namora? Porque a criança não tem desenvolvida uma formação cognitiva e biológica para isso. A mente e o corpo do menor, durante a infância, estão voltados para a aprendizagem, consolidação das emoções e da personalidade. Isso acontece brincando, estudando e explorando o mundo infantil.

Na puberdade, por outro lado, isso já começa a mudar completamente, pois é o período em que o corpo e a mente do menor começam a se preparar para a vida sexual. É na adolescência, portanto, que começamos a ver o interesse natural dos menores sobre questões amorosas.

Portanto, isto significa que se uma criança está tendo atitudes como a de querer beijar na boca de outras, ou mesmo falando demais sobre “namoradinha(os)” e etc., algo está errado. Normalmente isso ocorre devido à indução dos adultos, direta ou indiretamente, o que precisa ser repudiado, pois também pode representar uma espécie de abuso infantil.

Conclusão

Esse é um tema delicado, mas que exige muita atenção. O objetivo nesse texto foi trazer uma luz sobre o motivo pelo qual pessoas como eu, não concordamos com quem defende namoro e beijos na boca entre crianças, por mais inocente que isso pareça.

Devemos ter em mente que a inocência infantil também é fruto da atitude dos adultos, no sentido de mantê-la preservada. Quando os próprios pais não fazem distinção disso, separando o que são “coisas de adulto” e “coisas de criança”, a vida dos filhos certamente poderá ser prejudicada.

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