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Como vejo o ensino do dízimo

O maior argumento para a defesa da ortodoxia do dízimo é que ele é bíblico. Pra mim parece óbvio que a afirmativa “tal coisa é bíblica” deveria ser avaliada com um pouco mais de cuidado, pois a Bíblia não pode ser avaliada como um escrito absoluto e sim uma coleção de textos que devem ser analisados à luz do espírito da revelação. Do contrário, é letra que mata!

Nos dias atuais, não consigo ver o ensino do dízimo como algo honesto. A malandragem, a falta de amor, o oportunismo macularam o princípio de contribuição, de colaboração, transformando-o em usurpação, sob a utilização dos aspectos supostamente holísticos que envolvem a doutrina.

Além disso, a verdadeira função do dinheiro nos negócios da Igreja tem sido tratada com pouca sinceridade e pragmatismo.

Dinheiro é um bilhete para ingressar nas coisas deste mundo natural e fazer acontecer projetos reais, palpáveis.

Quando Jesus toma nas mãos a moeda romana, deixa claro que aquele símbolo tinha valor apenas para as estruturas submissas ao governo romano.

Vejo nessa ocasião que a distinção entre o que é de César (do sistema de coisas do mundo perecível e todas as suas estruturas) e do que é de Deus (eterno).

Pra mim é claro que dinheiro é algo deste mundo e não de Deus. Tem valor para isto que vivemos nesta terra, mas para Deus, não tem valor algum. Isto desconstrói – pra mim – qualquer aura mística, espiritual ou holística sobre ele.

É dito para termos cuidado com o amor por ele e entendo que esse amor, a avareza, até pode torná-lo num ídolo, mas nunca o tornará em algo de Deus, pois o dinheiro não pertence à dimensão de Deus, que é espírito.

O dinheiro é útil para a realização das coisas terrenas, portanto, pode tornar-se servo dos negócios da Igreja na terra, tal como o próprio Diabo, é servo de Deus na história (como confirma a Bíblia).

Acho natural que haja contribuição financeira com um projeto comum de um grupo e estipular uma taxa percentual também é algo justo, pois 10% é igual para todos!

Agora, utilizar a força de uma lei que caducou há tempos, bem como seus rigores para obrigar mentes fracas a contribuir por uma causa que nem entendem, ou na qual sequer acreditam, acatando por medo, constrangimento ou, o que é pior, na expectativa de fazer negócio com Deus, como se fosse um Baal… Isto é um erro! Um erro comumente cometido em nossos dias, diga-se de passagem.

Como em todas as coisas relacionadas à igreja, penso que além de tentarmos trilhar o caminho da ortodoxia, devemos nos sentir livres para fazer as coisas com uma consciência limpa, tranquila e embasada por uma fé viva e pessoal, ou seja, em tudo o que fizermos, que seja feito por convicção e com liberdade!

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