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Ciber esquizofrenia

Costumo assistir TV na minha casa quase todos os dias, quando já é por volta das onze da noite, momento em que os filhos já se ajeitaram na cama, o aparelho é liberado e a casa entra num estado de silêncio. A partir desse instante, abandono o computador, desligo o celular (não sempre) e tento dedicar alguns minutos a essa programação.

Quase sempre, minha esposa está junto comigo, então, pipoca, talvez um chocolate, suco ou Coca-Cola pra acompanhar algum filme que estiver passando, ou um programa daqueles do tipo “Quem dá mais”, que a gente curte. Mas se eu estiver sozinho na sala, então, minha preferência será fatalmente algum canal de música, documentário ou então, Catfish, da MTV.

Catfish é uma espécie de reallity show, no qual dois amigos investigam relações virtuais controvertidas, sempre solicitados por uma das partes. São casos por vezes bizarros, onde ocorrem muitas mentiras, enganações e eventuais golpes. Os problemas muitas vezes giram em torno das insatisfações pessoais que algumas pessoas têm acerca de sua própria aparência, o que fica patente a ver alguns assumindo a imagem de outras pessoas, normalmente mais magras, com corpos sarados etc.

Esse assunto me interessa muito mesmo, pois vejo no mundo virtual uma espécie de “Pandora” na qual pessoas assumem posturas e personalidades completamente opostas às que demonstram ter no mundo tangível.

O universo virtual é uma realidade concreta em nossos dias, nele a vida humana circula de forma vigorosa e em suas praças/redes de relacionamentos e lojas/livrarias/pinacotecas/bancas (sites), o dinheiro circula de verdade, romances são iniciados, a arte ganha notoriedade e a política é francamente debatida. Tudo isto através de pessoas – avatares – que podem ser ou não aquele indivíduo por trás do ente virtual.

Embora aceite com naturalidade o fato das pessoas assumirem posturas quase sempre diferentes daquelas que habitualmente vivem no mundo real, vejo um traço de loucura nesse ato e o que é pior, uma loucura que vem se tornando coletiva, um tipo de esquizofrenia que se espalha entre os internautas, uma doença do mundo virtual.

No meio de uma infinidade de blogueiros, twitteiros, facebookeiros, algumas pessoas, que pessoalmente são pacatas, serenas e tranquilas, transformam-se em sagazes, implacáveis e violentos avatares. A Rede Social se torna uma espécie de teatro virtual, no qual atuam personalidades incríveis, capazes de emitir infinidades de opiniões sobre tudo e todos, rompendo muitas vezes com limites éticos que seriam naturalmente respeitados em qualquer outro tipo de mídia, ou num debate franco, frente a frente.

Alguns avatares da Rede se tornaram marginais que vivem na clandestinidade apedrejando através de perfis fakes, tornando-se verdadeiros black blocs do mundo virtual, não mostrando sua cara, mas promovendo alguns web linchamentos e web depredações.

Me preocupa pois, assim como alguns blacl blocs do mundo real, os da virtualidade não têm lado, não têm raiz, não representam nada, nem ninguém, não têm pauta, nem projeto, só fazem chocarrices no meio de debates e discussões que algumas vezes estão ali para provocar crescimento e edificação, não violência.

Muitos se esquecem que a liberdade é de expressão e não de agressão!

Aqui mesmo no Gospel mais, recebo elogios dignos do mais alto ‘padrão Sandra Annenberg de deselegância’. Já me chamaram de jumento, burro, comunista, esquerdista, gay, biba, crente liberalista e já me encomendaram a alma ao inferno tantas vezes, que eu já nem lembro mais.

O que não sabem é que eu tenho um projeto, uma missão e estou trabalhando em cima de uma pauta com toda minha força, dedicando ao máximo minha curta existência terrenal ao que entendo por minha vocação.

Muitos ciber esquizofrênicos estão alheios ao fato de que por trás de sua irresponsabilidade opinativa, seja no anonimato ou não, está o acarretamento de uma massa manobrável, influenciável. A difusão de ideias, opiniões e críticas, mesmo que num debate de um simples tópico de um site ou uma postagem num perfil de Facebook, podem ser fortes geradores de transformação. Ou seja, é necessário que se pondere mais acerca das ideias propagadas na Rede.

Posso representar o Mal pra alguns, posso parecer perdido e equivocado, porém, sei bem o meu papel e me responsabilizo por aquilo que escrevo, assinando todas as minhas reflexões. Não estou escondido, qualquer um pode saber meu telefone e endereço.

Não interprete esse texto como uma tentativa de auto defesa, não estou magoado com nada, nem ninguém, acreditem, pois estou plenamente adaptado ao jogo da Rede. Apenas quero convocar pessoas cristãs à reflexão acerca daquilo que se propaga. Falo mais diretamente aos da blogosfera cristã e aos ícones de maior influência na Grande Rede, muitos dos quais, sob fortes argumentos de revolução e emergência, estão se tornando propagadores implacáveis de um volume enorme de confusão indeliberada.

A mente dos outros não é lixo pra que sejam intoxicados com dejetos teológicos, políticos ou ideológicos e já que o Arquiteto da Matrix ainda não conseguiu criar uma vacina pra esse tipo de doença que tem assolado a mente de um monte de internauta – a ciber esquizofrenia – apelo para a consciência cristã de alguns, que talvez esteja comprimida em algum lugar de suas mentes numa extensão .rar ou .zip.

Ajam no Espírito e com a responsabilidade de quem quer contribuir com Cristo, com a Igreja e o Evangelho!

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