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Cessaram os Dons Espirituais?

Existe uma discussão que na minha opinião não é muito simples, pois não há base bíblica que dê fundamentos para uma postura totalmente a favor de um dos pensamentos.

Neste caso, eu prefiro ficar com o Sola Scriptura da Reforma, ou seja, nada além das escrituras. Entretanto, vejo muitos irmãos que são extremamente zelosos pelas escrituras, que defendem uma exposição bíblica caírem neste erro de querer usar argumentos persuasivos acerca de algo que não está escrito.

Primeiramente, os cessacionistas são aqueles que defendem que os dons espirituais existiram apenas em um período da igreja cristã, em específico na igreja primitiva, na época dos apóstolos. Outros menos radicais defendem que apenas os dons espetaculares (línguas, operação de milagres, cura, etc) cessaram. Ou seja, não existem mais hoje. Já os continuístas crêem que os dons existem hoje da mesma maneira que na igreja primitiva.

Alguns cessacionistas apelam para teólogos renomados para defender sua posição como Lutero, Calvino, Agostinho, entre outros. Entretanto, sabemos que nenhum homem é infalível e que nenhuma teologia está isenta de erros. Querer dar autoridade infalível para qualquer coisa que não sejam as escrituras é cair no mesmo erro do Catolicismo Romano. Alguns continuístas apelam para a imutabilidade de Deus que permanece o mesmo sempre, contudo também não responde à questão, afinal, Deus é imutável, mas também é livre para agir como quiser em relação à sua igreja. Afinal temos o povo de Deus dividido entre antes e depois de Cristo. Era da lei e Era da Graça, duas épocas diferentes para um mesmo Deus Imutável mas que responde de formas diferentes e em épocas diferentes.

Neste caso, colocando a minha opinião, apelo para a minha experiência pessoal, que não é base de fé para ninguém e nenhum cristão deve ter experiências pessoais como regra, e sim APENAS as escrituras, por isso digo que esta discussão sobre cessacionismo e continuísmo é meramente pessoal. Estudando de forma mais aprofundada as escrituras, percebo que dificilmente consigo ter 100% de apoio para qualquer das posições.

Tive experiências com os dons, mesmo sendo de uma igreja histórica e reformada. Vi e presenciei dons espirituais (que não preciso mencionar dado que qualquer experiência é pessoal e intransferível), o que me faz crer que os dons ainda existem hoje, tendo sido porém banalizados por algumas igrejas,  e talvez por isso o zelo dos cessacionistas em dizer que não é bem assim.

Defendo os cessacionistas no sentido de que, provavelmente ainda não tiveram contato com tais dons, e por isso, é  mais fácil dizer que não existem mais. E todo contato que têm é vendo a banalização dos dons em igrejas que não são sérias. O que não significa que sejam mais ou menos cristãos do que aqueles que já experimentaram, apenas tem ministérios diferentes e focos diferentes.

Acho muito complicado querer limitar Deus à uma única visão específica. E qualquer teologia que tente alinhar Deus à sua visão, tendo que flexibilizar as escrituras ou acrescentar ensinamentos que não estão nela, apenas mostra que tal teologia não é perfeita e também mostra quão pequenos e limitados somos nós em compreender as coisas espirituais, que apenas podem ser discernidas espiritualmente.

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