Introdução:
A morada de Deus ao longo da história bíblica tem as suas especificidades com as Alianças que Deus estabeleceu com o homem.
No Livro das Origens, Gênesis, o Criador encontrava-se ao entardecer com os primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso.
Quando o homem pecou e foi expulso do Éden, Deus não abandonou o homem que Ele criou à Sua Imagem e semelhança, mas começou a manifestar-se de diferentes maneiras e isto de acordo com as Alianças que estabeleceu com o homem, pois o Seu grande propósito é que vivamos em estreita comunhão com Ele.
Nos estudos rabínicos, encontramos o ensino seguinte:
“A aliança com Noé, traduzida no símbolo da arca:” Farei a minha aliança contigo e tu entrarás na arca” – Gn 6:18. Símbolo de fundação que aponta para a ucronia de um tempo redimido e redentor, no qual a Arca de Noé o Justo, resiste e vence a corrupção da humanidade. A arca surge aqui como a primeira manifestação temporal do Templo. De um templo que, navegando na água lustral, reintegra a humanidade num tempo sacral. Paradigma do Tempo sacral, a Arca de Noé representa por si mesma, e por vicariância da Arca da Aliança, o arquétipo temporal do Templo integrado num aion, esfera de eterna duração que, iniciando a abertura para um mundo espiritual, engloba o tempo da redenção messiânica (Salmo 72).
A temporalidade expressa pelo símbolo da Arca de Noé tem implícita a ideia de peregrinação, como tem explícita no texto sagrado a ideia de justiça, entendida esta como a rectidão que conforma o homem ao divino.
E assim, dois outros justos vão afirmar o sentido temporal do templo, pela via da peregrinação e da justiça: Abraão e Moisés.
O justo Abraão, Gn 15:6, vê renovada a Aliança Gn 15:18 e 17:2, ao cabo de longa peregrinação: Estabelecerei a minha aliança contigo e com o teu povo depois de ti, de geração em geração, uma aliança perpétua, para ser o teu Deus e o do teu povo depois de ti Gn 17:7. E o altar que dedica a Jeová Gn 12:7 representa a instauração de um tempo sagrado, por mediação do Templo, casa de Deus uno, porta do céu e prenúncio da glória de Israel.
O Templo surge assim como figura do tempo da manifestação, da Aliança fundadora, atingindo o seu paradigma unificador da Aliança Mosaica, a qual integra os símbolos constitutivos do Templo, no seu espiritual devir: Peregrinação (tribulações de Israel), Arca (revelação da Lei) e santuário (Tabernáculo).
Estes símbolos de fundação remetem a Revelação do Sinai a um contínuo de manifestações anunciadoras Êx 12:40: o Êxodo, peregrinação atribulada, mas salvífica, figura anunciadora da peregrinação de Israel; a transmissão das Tábuas da Lei e da Torah Oral, anunciadora da perenidade do povo de Israel e da sua Aliança. (continua).
Fraternalmente,
casal com uma missão
Amilcar e Isabel Rodrigues