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O que a liberdade de culto tem a ver com passaporte sanitário e o consumo de carne?

O que a liberdade de culto tem a ver com passaporte sanitário e o consumo de carne?

Foto: reprodução/Leon Ephraïm/Unsplash

Quando nós, conservadores, nos posicionamos contra o passaporte sanitário, muitas pessoas induzidas pela imprensa militante pensam que somos contra a saúde e a ciência, o que não é verdade. A nossa preocupação vai muito além e diz respeito até mesmo à liberdade de culto.

Somos contra, sim, a medidas autoritárias que visam retirar das mãos do cidadão o poder de decidir sobre a própria vida no que diz respeito a algumas coisas irreversíveis. E quando nos posicionamos assim, estamos pensando muito além! Olhamos o futuro, pois o que você aceita a se submeter, hoje, em nome do “bem comum”, poderá abrir caminho para abusos amanhã.

Uma matéria publicada pelo G1 esta semana, por exemplo, chamou atenção pelo seu conteúdo. A sua legenda divulgada nas redes sociais diz que o “consumo de 1 quilo de carne polui mais o meio ambiente que dirigir um carro por mil km”. Aos olhos de quem não está acostumado com narrativas culturais desconstrutivistas, o tema pode parecer algo estritamente relacionado à preocupação com o clima, certo?

No entanto, para pessoas que lidam há anos com à agenda pós-moderna da cultura atual, a matéria apenas promove uma narrativa que não difere da obrigatoriedade do passaporte sanitário. O que muda é o objeto principal do argumento, que neste caso é o “clima”, o “meio ambiente”, bem como o nível em que o debate sobre este assunto se encontra diante do grande público.

Em outras palavras, o que atualmente dizem ser pelo bem da “saúde coletiva” para te impor a exigência do passaporte sanitário, amanhã esse mesmo argumento poderá ser usado para te rotular como “anticientífico” por simplesmente consumir carne animal, visto que tal prática seria “prejudicial ao clima”.

O que isso tem a ver com a Igreja?

Os dois casos abordados acima, passaporte sanitário obrigatório e o consumo de carne animal como suposto poluente do clima, são apenas exemplos de narrativas que, em última instância, visam determinar condutas e pensamentos em nome do “coletivo”, do “bem comum”, da “saúde” e do “meio ambiente”.

No âmbito da Igreja Cristã, tais argumentos serão aplicados no que diz respeito aos discursos religiosos. Ou seja, o que for considerado “anticientífico”, por exemplo, como a pregação contra determinadas condutas sexuais, poderá ser encarado como algo que não diz mais respeito à liberdade religiosa, mas ao “discurso de ódio” ou ao “extremismo”.

Na prática, em nome do “coletivo” pastores, padres e líderes religiosos em geral poderão ser vítimas de perseguição institucional, não apenas cultural (como é atualmente), de modo que a conduta da igreja seja regulada, a fim de que discursos e ações específicas, como o evangelismo, não sejam mais tolerados.

Essas agendas não visam o bem comum, mas a desconstrução da cultura atual e a implantação de um regime ideológico autoritário que tem como última finalidade o controle absoluto sobre todos os aspectos da sua vida, incluindo sobre o que você deve ou não comer. O que hoje existe apenas em nível de debate, amanhã estará em nível legislativo e judicial.

Foi o que aconteceu com a agenda LGBT. Ao longo dos anos, pessoas como eu e outros autores, incluindo pastores, alertamos sobre o dia em que não poderíamos mais falar abertamente sobre o que pensamos sobre o assunto, pois tudo seria taxado como “preconceito” e “homofobia”, e que pessoas seriam perseguidas e punidas por causa disso. Alguma dúvida de que estávamos certos?

Atualmente não é diferente com à agenda climática, racial e até até sanitária em alguns casos. Por isso devemos estar atentos ao surgimento e evolução dessas narrativas, visto que elas não dizem respeito, apenas, a questões isoladas e optativas no sentido de prática social (como escolher ou não comer carne), mas envolvem tudo, e a todos, sempre de forma impositiva, o que sem dúvida também afetará a Igreja de Cristo.

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