Durante o 14º Congresso de Louvor Diante do Trono que aconteceu em março deste ano na cidade de Belo Horizonte, a renomada conferencista e profetisa americana Cindy Jacobs profetizou que o Senhor estava levantando uma geração que clamaria a Deus em favor do Brasil e que ele iria abalar o “principado” da corrupção e da miséria. Em suas palavras, disse:
“Assim diz o Senhor: estou dando ao Brasil uma segunda chance. Estou abrindo uma nova janela, diz o Senhor. E vocês começarão a orar, e se vocês não entrarem nessa janela eu vou abalar a economia”.
Jacobs disse ainda que Deus começaria a agir a partir dos campos das universidades, das escolas e dos prédios do governo. Algo que foi muito oportuno pois logo a seguir o Brasil inteiro foi tomado pelas manifestações populares que pediam o fim da corrupção na nação. Porém, passado o clima das manifestações maiores, tanto a Igreja como o povo parece ter se acomodado e retornado ao status quo original.
Ainda no clima da profecia de Cindy, ouviu-se falar que o Brasil seria como o Canadá, país que supostamente não sofre com problemas de corrupção. Esta afirmação soou aos meus ouvidos como mais uma fábula descabida, visto que eu mesmo morei no Canadá na província de Ontario onde me formei no curso de ESL numa prestigiosa universidade local. Ali tive a oportunidade de conhecer as igrejas e ministrar entre os estudantes internacionais da comunidade. Apesar da beleza do país e da educação do povo, lembro-me de alguns problemas políticos e dos casos de corrupção. Só da época consegui listar ao menos 10 casos.
É possível ver o fim da corrupção no Brasil?
Para falarmos sobre a corrupção das nações, precisamos buscar a origem de toda a corrupção. A corrupção das nações, a corrupção política do Brasil e a que está presente em qualquer empresa, na igreja, nos líderes midiáticos e nas demais instituições da sociedade, começa num lugar muito singelo chamado coração humano. Não, NUNCA será possível ver o fim da corrupção no Brasil, nem no Canadá ou em qualquer outro país desta terra. O problema de “profecias” como esta, está na nossa idolatria pelos sentimentos triunfalistas que carregamos e pelo culto que oferecemos as personalidades. Esta forma de enxergar deturpa a maneira de viver o Evangelho.
Seria muito mais humilde (e bíblico) declarar a nossa dependência de Deus e nossa corrupta condição humana. Já nascemos com isto e nem padre, nem pastor e nem profeta podem mudar isto em nós ou em nosso país.
A corrupção vem do Éden e só terminará na Glória (num corpo incorruptível).
Enquanto estivermos neste plano terrestre, sempre lidaremos com o problema da corrupção. No coração dos mais notáveis e famosos pastores, ao mais humilde servo de Deus encontraremos corrupção. No coração do mais exemplar pai de família poderemos encontrar desejos mais infames e corruptos que só não são realizados pela misericórdia de Deus. Dizer que Deus pede que oremos mais, que jejuemos mais para manter a “janela” aberta é viver uma fé triunfalista e irreal. As coisas não funcionam assim. O Evangelho não funciona assim.
Nós oramos, jejuamos e intercedemos para pedir a misericórdia de Deus sobre nossa sociedade. Fazemos isto, para que o Espírito Santo nos capacite a fazermos a diferença neste mundo, não para declaramos algo que não está pautado na Palavra.
Reconhecer nossa corrupção é declarar nossa dependência de Deus
O mundo está com sua economia estremecida. Como consequência desta questão econômica mundial e de uma péssima administração interna, o Brasil também sente a pressão. Para mudar esta situação (se é que será possível muda-la), será necessário mais do que ordens a “principados e potestades”. Será necessário mais do que encenações militares para mudar o coração e a atitude de muita gente. Só a partir do momento que reconhecermos nossa corrupção, confessarmos e deixarmos nosso pecado é que pessoas e talvez instituições começarão a mudar.
E que assim Deus tenha misericórdia do nosso Brasil!