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Bolsonaro e os defensores da ditadura militar

É lamentável a maneira como o deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro (PP), conduz sua guerra contra às políticas de direitos humanos, seu desrespeito à mulher. Conhecido defensor da ditadura militar brasileira (1964-1985), o militar de reserva conseguiu se superar ao, recentemente, no Congresso Nacional, declarar à deputada Maria do Rosário “que não a estupraria porque ela não merece”. A declaração foi logo repudiada pelos demais congressistas e líderes partidários. O Estado Democrático de Direito pressupõe o princípio inquestionável da “liberdade de expressão”, mas tal não significa que podemos utilizar semelhante liberdade para incitar a população ao erro, desrespeitar o sexo feminino, denigrir o pudor e o moral de quem quer que seja. O estupro é um crime, uma violência física, psicológica e moral, punível na forma da lei, segundo o Código Penal Brasileiro (CPB). Bolsonaro, como representante legal do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil, deveria conter sua posição extremada, antidemocrática, preconceituosa. O Congresso Nacional deve ser ocupado por parlamentares comprometidos com os Direitos Humanos, e não o contrário.

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O que mais nos preocupa com relação ao parlamentar é que há um grupo especifico de “cristãos” que aprovam sua posição antidemocrática, a forma como persegue e denigre os defensores dos direitos humanos. São os mesmos “cristãos” que defendem o retorno da ditadura militar, da tortura e cerceamento de toda a liberdade civil. O relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) é incisivo no sentido de mostrar que pelo menos 435 pessoas foram vitimas dos DOPs, da política repressiva do AI-5. Houve igualmente crimes cometidos por membros de guerrilhas, pelas esquerdas, mas o ponto fundamental de análise é de que a culpa maior pelos crimes cometidos no período foi das três armas que deflagaram o Golpe Militar de 1964. As torturas praticadas contra intelectuais, artistas, religiosos, políticos e demais membros da sociedade civil desencadearam outras tantas mazelas sociais, crimes praticados dentro do contexto do Estado de Exceção. A culpa maior é das forças armadas, dos interventores, dos golpistas militares e lideranças políticas.

A igreja evangélica brasileira deve repudiar de forma veemente as declarações preconceituosas e antidemocráticas do deputado Jair Bolsonaro. Ele não deve jamais servir de exemplo como político, como defensor de um grupo específico da sociedade. O Estado brasileiro deve puni-lo imediatamente, extinguir seu diploma como deputado federal. O Congresso Nacional não precisa de figuras como Vargas e Bolsonaro, mas de parlamentares que defendam os interesses da sociedade brasileira, e não o contrário. Que os extremistas religiosos, defensores da ditadura militar brasileira, da tortura como um “mal necessário” tenham em mente a mensagem de amor pregada por nosso Senhor Jesus Cristo. A defesa de alguns princípios comuns à comunidade cristã brasileira não deve, dessa maneira, ser tomada como base para uma possível aliança ou preferência política. Jair Bolsonaro não representa os cristãos-evangélicos, não é um exemplo de ética e de moral.

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