“Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim”. Mateus 19:8.
Será que estou lendo este texto fora de seu contexto, ou será que Deus se permite abrir mão de seus princípios estabelecidos para continuar acessível aos homens pecadores?
Juraria que no versículo acima há um forte indicador de que as regras de Deus sofrem variações para se adequar à realidade humana de cada tempo.
É possível ver Paulo relativizando as regras recebidas no Concílio de Jerusalém, o que soa para mim como uma espécie de “evolução” – ou seria “involução” – na interpretação das Igrejas e suas variações acerca da Palavra.
Será que há um caráter relativo na Palavra de Deus? Se Ela é de fato uma Palavra Viva, não estaria, então, se moldando ao meio ambiente, às eras e às sociedades, como qualquer outro ser-vivo, em adaptação?
Da perspectiva espiritual, o que seria imutável? A Bíblia é a Palavra, ou apenas contém a Palavra?
Se Deus mudou sua Lei – ainda nos tempos da Lei – para se adequar à dureza do coração dos homens, não mudaria também nos tempos da Graça, visto que apesar da Graça e da Lei, o Homem é quem permanece imutável, ou melhor, incorrigível?
Ademais, gosto de transitar pela diversidade de óticas e perspectivas quando o assunto é a Bíblia. Não temo a heresia, não tenho medo de errar. No que diz respeito ao estudo, sou um ‘crossover’ e vou buscar a Vida além do que as convenções definiram, não descansando nunca com o normal, com o que disseram.
Vejo a Verdade como a Luz soberana refletida sobre um diamante, este sim, lapidado pela habilidade de muitas mãos humanas escolhidas por Deus. A Luz, lançada na pedra produz a refração, formando prismas que explodem em uma profusão de nuances, separando as colorações ocultas nela.
As muitas versões e observações das Escrituras, a grande diversidade de visões e assuntos que orbitam a Crintandade de todos os tempos fazem parte desse gigantesco universo de pontos de vista.
Entendo que essa miscelânea de convenções e linhas de pensamento cristão deveria favorecer a meditação individual dos crentes, ampliando seus horizontes mentais, fazendo-os enxergar além de limitados e costumeiros conceitos teológicos.
O fenômeno do Prisma encontra seu registro de origem na Palavra, com o sinal da aliança que Deus fez com a humanidade através de Noé.
Após destruir todo o mundo por causa de seu pecado, Deus firma uma aliança na qual se compromete eternamente com os seres humanos, celebrando-a com o arco íris.
Em minha analogia, por mais metafórica que seja, quero propor que o sol e sua luz simbolizam Deus e sua Revelação, assim como as sete cores resultantes do fracionamento da luz branca, são uma representação da multiforme sabedoria de Deus. Tudo isso interpretado segundo a ótica – prisma – de profetas, apóstolos e demais homens e mulheres chamados segundo a vontade divina em diferentes lugares e épocas.
Pra mim, deveríamos ver as diferenças como nuances, fragmentos de uma luz sublime e observar que essa grande malha cristã ideológica formada através dos tempos vem sendo chacoalhada em momentos especiais da história por pensadores ousados, que nos provocam à compreensão de que Deus é maior do que cabe na cabeça de um homem, ou de uma convenção.
Não somos nós quem contemos a Deus, é o contrário.